Panorama Semanal 30/11/2015 até 03/12/2015*
O acolhimento do processo de impeachment foi, sem dúvida, o grande fato da semana, que ofuscou até mesmo o impacto do PIB e a aprovação, por ampla maioria dos parlamentares, da revisão da nova meta fiscal para este ano – medida que impediu um colapso nas despesas do governo.
Por causa do processo de impeachment, também ganharam proporcinalmente menos destaque na mídia as questões, no âmbito da Lava Jato, envolvendo as prisões de André Esteves e do senador Delcídio Amaral, além do próprio adiamento da sessão no Conselho de Ética a respeito da conduta do presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Pelo menos neste primeiro momento, o mercado reagiu positivamente ao início do processo que pode resultar no impeachment da presidente Dilma Rousseff. A revisão da meta, que prevê um déficit de até R$ 119,9 bilhões este ano, também pesou favoravelmente.
A Bovespa fechou em alta de 3,29%, puxada por ações de estatais, sobretudo Petrobras (alta acima de 6%). Isso não significa que o país está imune à volatilidade, já que será longo o caminho até o desfecho do pedido de impeachment, com muita turbulência política, e, provavelmente, menos medidas efetivas nas áreas econômica e fiscal.
No caso do dólar, houve influência externa, com a concessão de estímulos pelo BCE menor do que a esperada. Com o fortalecimento do euro, a moeda americana se desvalorizou. No Brasil, a cotação de quinta-feira ficou abaixo de R$ 3,75, com queda de 2,2%. A expectativa quanto a uma alta dos juros americanos ainda neste fim de ano permanece alta.
Já no Brasil, ficaram mais fortes o sinais de que o Copom, do BC, pode elevar a Selic em seu próximo encontro, em 2016, para controlar a inflação. Enquanto isso, os números do país que vêm sendo divulgados continuam ruins, apontando para um aprofundamento da recessão, com consumo e investimentos em queda. O PIB registrou recuo de 1,7% no terceiro trimestre, o pior desde 1996. Em relação ao mesmo período de 2014, a variação foi de -4,5%, o pior dado da série do IBGE.
Neste último trimestre do ano, a economia ainda não deu sinais de recuperação. Pelo contrário. Em outubro, a produção industrial caiu 0,7% em comparação a setembro, ou 11,2% ante outubro do ano passado.
Outro recorde negativo divulgado na semana foi o déficit do setor público, tanto em outubro quanto ao longo de 2015 – quando acumula R$ 19,9 bilhões.
Já a balança comercial fechou o mês passado com superávit de US$ 1,197 bilhão.
Obrigada, bom fim de semana e até o próximo Panorama Semanal da Órama.
Dados atualizados até 14h47 de 03/12.