Panorama Semanal de 29 de agosto a 2 de setembro
A semana foi dominada pelo impeachment de Dilma Rousseff, confirmado pelo Senado. Mas não só. PIB, Copom, desemprego, déficit fiscal, inflação, juros americanos e expectativas quanto aos próximos passos do presidente Michel Temer também ganharam destaque.
Com manifestações pró e contra o impeachment, discursos, bate-bocas e polarização no Senado, Dilma fez sua defesa baseada na ideia de golpe. Ao fim da votação, um ano e oito meses após assumir a Presidência, ela perdeu o mandato. Sua saída marca a volta do PT à oposição, depois de mais de 13 anos no comando do Poder Executivo.
Já afastada, Dilma protocolou um mandado de segurança no Supremo, pedindo novo julgamento do impeachment.
Em votação paralela no Senado, a ex-presidente manteve o direito de ocupar cargo público. A decisão gerou polêmica. Alguns partidos, como o PSDB, afirmaram que vão recorrer ao Supremo.
Finalizado o processo de impeachment, assumiu Michel Temer, que viajou no mesmo dia à China, numa agenda em busca de investimentos e credibilidade. Assim, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, assumiu interinamente a Presidência da República. Em sua posse, Temer pediu união, esforço dos ministros e rebateu as alegações de golpe.
As expectativas agora se voltam para a execução das medidas econômicas em direção ao ajuste fiscal, como a aprovação da PEC que limita os gastos do governo e o encaminhamento da Reforma da Previdência.
Dados econômicos de relevo foram divulgados na semana do impeachment. O PIB do segundo trimestre recuou 0,6%, acima do previsto, e acumula seis trimestres seguidos de baixa.
Já Copom manteve a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 14,25% ao ano, em decisão esperada pelos agentes econômicos. A indicação é que o início do afrouxamento monetário só se dará com o avanço do ajuste fiscal. Em julho, o déficit do setor público foi de R$ 12,8 bilhões. No ano, o rombo é de R$ 36,6 bilhões, revelando justamente o descontrole nas contas públicas.
A inflação medida pelo IGP-M desacelerou em agosto para 0,15%, principalmente devido aos preços dos alimentos. E o IPCA-15 subiu 0,45%, acumulando 8,95% em 12 meses.
O desemprego ficou em 11,6% no segundo trimestre, a maior taxa desde 2012. São quase 12 milhões de brasileiros sem ocupação.
De acordo com o projeto de Lei Orçamentária apresentado ao Congresso, o valor do salário no ano que vem será de R$ 945,80. E a proposta prevê correção de 5% da tabela do IR.
No front externo, foi uma semana de incertezas e alguma aversão ao risco. Nos EUA, apesar das dúvidas, a expectativa maior é que o Fed inicie o ciclo de alta na taxa de juros ainda este ano. E investidores começam a questionar as políticas de estímulo dos bancos centrais, temendo um freio no aumento da liquidez global.
No fechamento de quinta-feira, além do cenário mundial, o que pesou no mercado foi a maior pressão pela aprovação de reformas e ajuste fiscal, agora que o impeachment terminou. A agência Moody’s avalia que o governo Temer pode ter dificuldades nesse processo. E, com atuação do BC no mercado cambial, o dólar fechou em alta, cotado a R$ 3,25. Já o Ibovespa subiu 0,57%, aos 58.236 pontos.
Obrigada, bom fim de semana e até o próximo Panorama Semanal da Órama.
*Dados atualizados até 1/09/2016 as 19h.