Panorama Semanal 26/10/2015 até 30/10/2015*
A última semana do mês foi, a exemplo do restante, um retrato das incertezas, com muita oscilação e volatilidade da Bolsa e do dólar.
Na esfera econômica, os dados continuam desanimadores. Um dos destaques foi a divulgação do déficit primário do setor público, que ficou em R$ 7,3 bilhões em setembro. Enquanto os déficits mensais se acumulam, o Tesouro faz as contas. O secretário Marcelo Saintive afirmou que o déficit fiscal de 2015 pode chegar a R$ 110 bilhões. O cálculo inclui o possível abatimento das pedaladas fiscais de R$ 50 bilhões.
Já o relator da proposta que altera a meta deste ano, o deputado Hugo Leal, fixou em R$ 55 bilhões o valor das pedaladas. Segundo o parlamentar, o déficit atingiria até R$ 117,9 bilhões este ano.
A inflação medida pelo IGP-M acelerou em outubro, para 1,89%. Em 12 meses, o índice acumula 10,09%, de acordo com a FGV. A pressão nos preços é uma preocupação do Copom, que reforçou em ata sua vigilância. Mas o alcance da meta de 4,5% ficou mesmo para 2017, devido ao cenário de ajuste fiscal e recessão.
O desemprego reflete a desaceleração econômica. Números da Pnad, do IBGE, referentes ao trimestre junho-agosto, mostraram que a taxa está em 8,7%.
Na política, continua a expectativa em relação a um possível pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Em entrevista à CNN gravada em setembro, mas divulgada agora, a presidente afirmou que não há motivação para tal e que seu governo está dando as condições para as investigações de corrupção.
Na resolução aprovada pelos integrantes do PT, o partido não pede a saída do ministro Joaquim Levy do governo nem a cassação de Eduardo Cunha, embora defenda mudanças na política econômica. No documento, o ex-presidente Lula é tido como alvo de “sabotagem política”. No início da semana, a PF fez buscas no escritório do filho de Lula, que foi intimado a depor.
E Cunha, cujo nome está no foco das investigações da Lava Jato, afirmou que decidirá sobre o impeachment em novembro, mês que já começa quente na semana que vem.
Ainda no Congresso, uma polêmica envolveu a votação do projeto do Executivo sobre repatriação de recursos do exterior de origem lícita, mas que não foram declarados à Receita. É que a proposta poderia abrir uma brecha para que dinheiro ilícito também fosse legalizado. Assim, a votação ficou para a semana que vem.
No cenário internacional, as atuações dos bancos centrais estão no radar. Após as medidas do BC chinês para estimular economia, as declarações do BCE de que pode seguir na mesma linha, bem como as expectativas para tal no Japão, os olhares se voltaram para o Fed, banco central americano. A novidade, a partir da divulgação na quinta-feira da ata do Fomc, é que os juros americanos podem subir já a partir de dezembro.
Assim, a Bovespa operou em baixa e fechou em queda de 3,68% na semana.
A cotação do dólar, por sua vez, ao contrário da tendência mundial, perdeu força no Brasil e caiu 1,66%, fechando em R$ 3,861 na sexta-feira. O movimento ocorreu por causa da formação da taxa de câmbio de referência no fim do mês e devido à divulgação do fraco PIB americano, de 1,5% no segundo trimestre (anualizado). O fraco desempenho da economia reduziu, mesmo com a indicação do Fed, as apostas de uma alta dos juros americanos já no fim deste ano.
Obrigada, bom fim de semana e até o próximo Panorama Semanal da Órama.