Descomplicando o “economiquês”

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O mercado financeiro é repleto de conceitos que, por mais que sejam presentes no nosso dia a dia, nem sempre são realmente compreendidos. Hoje vamos te explicar alguns deles.

Economizar X poupar X investir

Economizar é deixar de gastar qualquer coisa desnecessariamente em um momento específico. Você pode economizar água, luz e também dinheiro.

Poupar, por sua vez, é quando esse dinheiro deixa de ser gasto efetivamente e fica guardado. Pode ser no banco, debaixo do colchão, no cofrinho etc.

Economizar não é sinônimo de poupar. Você pode economizar o vale refeição durante a semana levando comida de casa e gastar tudo no final de semana com os amigos.

investir é quando se toma uma ação no presente com alguma possibilidade de retorno futuro. 

E por que essa distinção importa? 

Quando um agente econômico (pessoa, empresa ou governo) deseja ter o dinheiro no presente — para realizar uma compra, por exemplo — mas não o tem, ele pode pagar uma taxa para antecipar o consumo. Da mesma forma, quando alguém decide adiar o consumo (para a aposentadoria, talvez), pretende ser remunerado por essa atitude.

A economia é um sistema de trocas onde há agentes que possuem recursos e os ofertam no mercado e agentes que não têm esses recursos e que vão formar a demanda nesse mercado. E a moeda é um desses bens, com ofertantes e demandantes. 

O dinheiro tem valor no tempo, se a taxa de juros é maior que zero: o juro nada mais é do que o custo/remuneração de se antecipar/adiar o consumo. 

Vamos entender melhor

Se você demanda dinheiro e paga juros por isso, alguém está te ofertando dinheiro e está recebendo esse valor. Na maior parte dos financiamentos, por exemplo, quem está te emprestando dinheiro é um banco e ele tem os juros como uma remuneração. 

Quando você decide adiar o seu consumo no presente e poupar para poder ter uma aposentadoria mais confortável, o que acontece com essa quantia que está guardada? Se seu dinheiro  estiver debaixo do colchão, lá no futuro você vai comprar menos coisas,  já que a inflação vai corroer seu poder de compra.

Mas, se você coloca seu dinheiro para “rodar” no mercado financeiro, existem diversos demandantes de recursos que estão dispostos a te pagar para pegar dinheiro com você. Isso é investir. Você  realizou uma ação no presente (não gastar e aplicar esse dinheiro) e espera um retorno no futuro (taxa de juros).

Confira também a explicação do economista e professor Alexandre Espirito Santo.

Já que o valor do dinheiro no tempo depende da taxa de juros, precisamos entender melhor também como funciona esse mecanismo.

Taxa de juros e Selic

A taxa Selic é o custo da dívida do governo. É a taxa básica de juros da economia brasileira, pois o governo é o emissor que tem a menor chance de te dar um calote. Ela influencia todas as outras taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, e também impacta os retornos esperados das aplicações financeiras.

Quem decide  qual vai ser a meta da taxa Selic é o Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne a cada 45 dias. Uma vez definida a Selic, o Banco Central atua diariamente por meio de operações de mercado aberto comprando e vendendo títulos públicos federais para manter a taxa de juros próxima ao valor estabelecido na reunião.

Nosso professor explica! 

Inflação

A inflação é um fantasma para o brasileiro. Nas décadas de 1980 e 1990 a hiperinflação chegou a superar os 80% ao mês: um mesmo produto quase dobrava de preço de um mês para o outro… 

Vamos entender de vez esse conceito

A inflação nada mais é do que um desequilíbrio entre oferta e demanda por moeda.  Tal desequilíbrio pode ter várias causas, que são comumente agrupadas em:

  • pressões de demanda;
  • pressões de custos;
  • inércia inflacionária; e
  • expectativas de inflação.

Além de corroer o poder de compra, a inflação pode impactar o crescimento econômico: a distorção dos preços relativos desestimula o investimento, pelo aumento das incertezas. 

Metas de inflação

Desde 1999, há no Brasil um regime de metas de inflação. O Conselho Monetário Nacional (CMN) determina uma meta para a inflação, que é anunciada publicamente e funciona como uma âncora para as expectativas dos agentes sobre a inflação futura. 

O IPCA

No Brasil, a inflação oficial, que é a referência para o regime de metas, é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA, que tem por objetivo medir a variação de preço de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo.

Atualmente, o IPCA abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, residentes nas áreas urbanas. São pesquisadas as regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia e Campo Grande. Essa faixa de renda garante uma cobertura de 90% das famílias pertencentes às áreas urbanas citadas.

O IPCA  tem como unidade de coleta estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, concessionárias de serviços públicos e internet.  A coleta do índice de preços estende-se, em geral, do dia 01 a 30 do mês de referência.

São avaliados  nove grupos de produtos e serviços, e cada grupo possui uma cesta com subgrupos, itens e subitens. Os grupos são:

1.Alimentação e bebidas;

2.Habitação;

3.Artigos de residência; 

4.Vestuário;

5.Transportes;

6.Saúde e cuidados pessoais;

7.Despesas pessoais;

8.Educação;

9.Comunicação.

Cada grupo possui também um peso diferente no índice, dependendo da região em que foram coletados os dados. Para saber as informações completas dos pesos referentes ao mês de agosto de 2019, vale a pena olhar essa tabela do IBGE. Para a variação mensal do índice, o resultado é esse daqui.

Banco Central

A fim de manter a estabilidade dos preços e fazer cumprir as metas de inflação estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o Banco Central faz uso da política monetária, atuando basicamente para afetar o custo do dinheiro (taxas de juros) e as condições de liquidez na economia. 

O o principal instrumento de política monetária do BC é a Selic. Uma vez definida a taxa básica de juros pelo Copom, o Banco Central atua diariamente por meio de operações de mercado aberto comprando e vendendo títulos públicos federais para mantê-la próxima ao valor estabelecido.

Dá uma olhada nesses vídeos:

Vídeo Valores do Brasil – o que faz o BC?

Vídeo O que faz o banco central? | Órama Investimentos

PIB

Agora vamos buscar entender o que é e como funciona o principal método para mensurar a atividade econômica do Brasil.

O Produto Interno Bruto é uma soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, estado ou cidade, geralmente em um ano. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o responsável por fazer todos os cálculos e chegar ao resultado do PIB. 

Entram na conta

  • bens e produtos finais: aqueles vendidos ao consumidor final. Roupa, celular e carro, por exemplo;
  • serviços: prestados e remunerados, do banco à doméstica;
  • investimentos: gastos que empresas fazem para aumentar a produção no futuro; 
  • gastos do governo: tudo que for gasto para atender a população, como salários de servidores públicos e despesas com obras.

Não entram na conta

  • bens intermediários: aqueles usados para produzir outros bens;
  • serviços não remunerados: o trabalho da dona de casa, por exemplo;
  • bens já existentes: como venda de uma casa já construída ou um carro usado;
  • as atividades informais e ilegais: o trabalho prestado por empregado sem carteira assinada, o tráfico de drogas e por aí vai…

Como o PIB é calculado

Método 1 – Riqueza: somatório de tudo que é produzido

Resultados da indústria, da agropecuária e dos serviços.

Método 2 – Demanda: somatório de tudo que é comprado

Consumo das famílias e do governo, investimentos do governo e exportações.

Método 3 – Renda: somatório de todas as remunerações

Salários, juros, aluguéis e lucros distribuídos.

O resultado dos três cálculos deve sempre ser o mesmo.

E o que pode influenciar essa conta?

Infraestrutura ruim: as ferrovias, portos e aeroportos do Brasil estão longe de ser os melhores. Isso atrapalha a nossa competitividade.

Alta carga tributária: os empresários sofrem…

Instabilidade: mudanças frequentes na política, por exemplo, podem gerar desconfiança nos investidores.

Burocracia: enfrentamos muita burocracia no nosso país. Produzir, contratar e vender são grandes desafios para as empresas. 

Inflação: reduz o nosso poder de compra e ainda prejudica o planejamento do governo e empresas.

Juros: mais juros, menos potencial de produção e menos investimentos.

Baixa escolaridade: pouca oferta de mão de obra qualificada no mercado.

E aí, ficou com alguma dúvida? Comenta aqui que vamos te ajudar!

E para aprender ainda mais, confira o próximo módulo, que vai te ensinar sobre o mercado financeiro. 

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