Aprovação do impeachment de Trump pela Câmara e os destaques do mês
RESUMO DO MERCADO NO MÊS
Dólar PTAX | R$ 4,0307/ US$ | – 4,58% |
DI Fut Jan/25 | 6,44% | – 7 bps |
Ibovespa | 115.645,34 pts | + 6,85% |
S&P 500 | 3.230,78 pts | + 2,86 % |
INVESTIMENTOS
O ano encerrou registrando fortes altas nas bolsas ao redor do mundo. A definição da primeira fase do acordo comercial entre EUA e China e a eleição no Reino Unido, que deu a Boris Johnson carta branca para executar o Brexit e, dessa forma, por fim às incertezas econômicas que se arrastam desde 2016 na região, impulsionaram o rali de dezembro e resultaram em ganhos extraordinários e novos recordes nas bolsas no exterior. O Nasdaq avançou 35,22% e o S&P500 28,88% no ano. Também no Japão, China, Europa e principais países emergentes, os maiores ganhos foram auferidos no mercado acionário.
Com avanço de 6,85% em dezembro, o Ibovespa acumulou 31,58% em 2019. A aprovação da reforma da Previdência foi o catalisador para levar o índice acima dos 115.000 pontos. Os destaques foram as ações da Qualicorp e BTG Pactual, que valorizaram mais de 200% e, Via Varejo, Notre Intermédica, JBS. Cosan, Magazine Luiza, Cyrela, Yduqs e Weg, que avançaram mais de 100%.
Os frigoríficos JBS, BRF, Marfrig e Minerva impulsionaram o valor de mercado das ações do setor do agronegócio em 2019, beneficiadas pela epidemia da peste suína africana na China, que dizimou metade do plantel e puxou para cima os preços internacionais da carne.
Outro destaque de 2019 foi o ouro, que ficou 19% mais caro em dólar. Já a moeda americana, fechou cotada a R$ 4,0307, com alta de apenas 4,02%, perdendo para o CDI, que variou 0,37% em dezembro, e acumulou 5,96% no ano.
Em renda fixa local, registraram bons resultados os títulos públicos prefixados e atrelados ao índice de inflação com vencimentos mais longos, devido ao deslocamento da curva de juros em todas a sua extensão. Os contratos de DI com vencimento em 2025 foram negociados a 6,44%, isto é, 2,65 pontos percentuais a menos do que a taxa do início do ano. Os ativos de crédito privado passaram por momentos turbulentos de agosto a novembro. Os ajustes nos spreads após a forte queda nos juros impactou negativamente as rentabilidades de títulos e fundos. Em dezembro, esses ativos performaram bem, mas alguns fundos registraram retornos abaixo do CDI no ano.
A taxa básica Selic virou o ano no patamar mais baixo da sua história, 4,5% ano, e deve permanecer assim durante 2020. O ambiente de juros baixos, ainda favorece o mercado imobiliário, essencialmente dependente de crédito. Os rendimentos constantes e isentos de imposto de renda dos fundos imobiliários incrementaram os ganhos dos investidores no ano. O IFIX, índice que representa os fundos imobiliários negociados na B3, valorizou 35,98%.
O desempenho das carteiras recomendadas em dezembro foram excelentes e as metas para o ano foram superadas. A Conservadora subiu 1,30% no mês, a Moderada avançou 1,67% e a Arrojada, 4,33%. No ano, as carteiras acumularam retornos nominais brutos de 7,52%, 9,65% e 16,86%, respectivamente.
PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS
MEDIDAS ECONÔMICAS: A Câmara dos deputados concluiu a aprovação do novo marco do saneamento básico. Ainda falta o texto passar pelo Senado. O projeto de lei abre caminho para aumento da participação da iniciativa privada no setor e prevê coleta de esgoto para 90% da população até 2033.
ORÇAMENTO: O Congresso aprovou o texto-base do orçamento 2020, com previsão para o fundo eleitoral com R$ 2 bilhões; salário mínimo de R$ 1.031,00 (esse valor foi atualizado para R$ 1.039,00 no fim de dezembro, sendo a ajustado pela inflação que acelerou no último mês do ano); e déficit de até R$ 124 bilhões nas contas públicas.
PACOTE ANTICRIME: O presidente Jair Bolsonaro sancionou o pacote anticrime com 25 vetos a dispositivos do texto aprovado pelo Congresso, porém, manteve o Juiz de Garantias. O magistrado será responsável pela legalidade de investigações, mas não dará a sentença do processo. Medida difícil de implementar, visto que grande parte das comarcas só possuem um juiz e impactaria no orçamento, o ministro Sérgio Moro que defendia o veto à medida.
DISPUTA COMERCIAL EUA E CHINA: O presidente Trump disse que assinará a fase um do acordo comercial com a China em Washington, em 15 de janeiro. Ele afirmou também que irá para Pequim para dar início às negociações da fase dois. Os detalhes ainda não foram apresentados mas o acordo inclui provisões para proteção à propriedade intelectual e redução de tarifas, o que ajudará a apaziguar a guerra comercial sino-americana.
IMPEACHMENT DO TRUMP: O processo de impeachment de Trump foi aprovado pela Câmara, depois de uma fase de debate pelos deputados da casa, e agora segue para ser julgado no Senado dos EUA. Acusado de abuso de poder e por obstruir o Congresso, o presidente continua no cargo e dificilmente será derrotado também no Senado, onde a maioria é republicana, mas poderá impactar nas eleições presidenciais.
RELAÇÕES NA ÁSIA: Líderes da China, Coreia do Sul e Japão prometeram estreitar as relações econômicas em cúpula na cidade chinesa de Chengdu. Em seu discurso de abertura, o premiê chinês reivindicou uma zona de livre comércio entre os três países. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e o presidente da Coréia do Sul, Moon Jae-in, reafirmaram o apoio à parceria regional econômica abrangente. Todos os três países enfatizaram a necessidade de um diálogo contínuo sobre a ameaça nuclear da Coreia do Norte.
POLÍTICA NA CHINA: O Comitê Central do Partido Comunista e o Conselho de Estado, os órgãos máximos do Partido e da estrutura do Estado chinês, anunciaram em dezembro que o sistema de registro de residência (o hukou), que limita o acesso a seguridade social ao local onde o cidadão nasceu, foi flexibilizado. O hukou, tradicionalmente considerado um fator de desestímulo a migração interna, foi abolido para cidades de até 3 milhões de habitantes e se tornou menos rígido para cidades entre 3 e 5 milhões. Essa medida busca incentivar a migração de trabalhadores para cidades de pequeno e médio porte, o que, além de promover o desenvolvimento de novas regiões, ajuda a aliviar as pressões inflacionárias do setor imobiliário dos grandes centros urbanos como Pequim e Xangai. Políticas como essa na China precisam ser acompanhadas de perto pois a demanda por commodities, como minério, devem ser impactadas pela necessidade de investimentos moradia e infraestrutura nos novos centros urbanos.
AMÉRICA LATINA: O mercado reage bem ao pacote econômico na Argentina. Entre as novas medidas estão tarifas sobre produtos exportados, regras trabalhistas para conter o desemprego e imposto de 30% para compras em dólares no exterior, incluindo aquisição de passagens e pagamentos de serviços, como plataformas de streaming.
INDICADORES ECONÔMICOS
BRASIL
PIB: 1,2% no terceiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano anterior.
IBC-Br: 0,17% em outubro, com ajuste sazonal em relação a setembro.
Desemprego: Dados do Caged surpreenderam. Foram criadas 99,2 mil vagas em novembro.
Inflação: IPCA de novembro foi 0,51%.
MUNDO
Emprego nos EUA: 266 mil novos postos de trabalhos foram criados em novembro.
Consumo nos EUA: +0,4%
PMI Industrial da China: 50,2
Balança Comercial da China: Recuo de 1,1% em novembro, em relação ao ano anterior, sendo 23% de queda nas exportações para os EUA.