Tensão com economia mundial e os destaques da semana
Panorama Semanal de 30 de setembro a 4 de outubro*
Temor de recessão mundial é o fato da semana, com indicadores de mercado bastante voláteis. Completam o quadro de destaques o imbróglio ao redor do impeachment de Donald Trump e, no Brasil, o adiamento da votação em segundo turno da Reforma da Previdência no Senado.
Resultados negativos não só no setor industrial da Europa e dos EUA, como também no setor de serviços, deram o tom pessimista. Para piorar, a Organização Mundial do Comércio (OMC) deu aval para que os EUA elevem barreiras tarifárias a União Europeia de US$ 7,5 bilhões durante um ano – em função de subsídios concedidos à Airbus, que concorre com a Boeing.
Os dados ruins na economia americana acabaram aumentando as “apostas” de mais um corte na taxa de juros dos EUA.
Pelo lado positivo, o que compensou o pessimismo foi a declaração de Trump sobre uma reunião entre EUA e China para tentar um acordo sobre a guerra comercial. Por conta da guerra travada entre as duas maiores potências mundiais, a OMC reduziu a projeção de comércio global para 1,2% este ano, ante os 2,6% previstos no mês de abril para 2019.
Nesta sexta-feira, dados de desemprego divulgados nos EUA revelaram o menor índice em 50 anos, de 3,5%.
O caso que pode resultar no impeachment de Trump vem ganhando intensidade e as manchetes todos os dias. Em resumo:
– Os democratas podem intimar a Casa Branca, se não houver a colaboração com a entrega de documentos referentes à ligação de Trump ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Durante a conversa telefônica, que veio à público na semana passada, teria havido uma possível pressão para que a Ucrânia investigasse o filho do ex-vice-presidente Joe Biden, rival político de Trump.
– Em uma declaração pública, Trump disse esta semana que a China também deveria investigar o filho de Biden, em um caso envolvendo o Banco da China.
– O secretário de Estado, Mike Pompeo, afirmou que as convocações de diplomatas para depor no caso geram intimidação. Sua fala pode ser interpretada como ato de obstrução aos trabalhos do Congresso na investigação.
– Testemunhas começaram a ser ouvidas. Kurt Volker, ex-enviado especial do Departamento de Estado dos EUA à Ucrânia, afirmou que havia alertado que as acusações contra Biden não tinham fundamento.
– Trump disse que a Casa Branca quer saber quem foi a pessoa que vazou a história da ligação, além de querer “entrevistá-la”. Especialistas dizem que isso pode ser considerado intimidação, um ato ilegal, até porque o anonimato de quem fez a denúncia é garantido por lei.
– Trump também sugeriu que Adam Schiff, parlamentar à frente da investigação do impeachment, deveria ser preso.
– Em outra frente, também caracterizada pela mídia como um ato de uso da diplomacia para obter vantagens pessoais, Trump teria pressionado o líder australiano.
No Brasil, a grande notícia da semana girou em torno da Previdência. O Senado rejeitou destaques e concluiu a votação do texto da Reforma em primeiro turno. A questão é que a votação em segundo turno estava prevista para o dia 10. O prazo foi adiado para o dia 15, e agora especula-se que só deve ocorrer depois do dia 22.
Um indicador importante divulgado foi a produção industrial, que subiu 0,8% em agosto, em comparação a julho. É a primeira alta após três meses consecutivos de queda. Os números da indústria ficaram acima do esperado.
No âmbito da Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não vai aceitar a progressão para o regime semiaberto, pedida pelo Ministério Público Federal. A defesa de Lula espera ter uma decisão favorável no Supremo nas próximas semanas, o que anularia a sentença.
E, após a depoimento do ex-ministro Antonio Palocci, a PF começou a investigar se houve vazamento de dados do BC sobre taxa de juros na época da gestão do ex-ministro Guido Mantega.
Em outra frente, a PF indiciou o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, em investigação sobre candidaturas laranjas no PSL.
Sobre a Amazônia, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o interesse na região “não é no índio, nem na porra da árvore. É no minério”. Bolsonaro disse que vai avaliar o envio das Forças Armadas para o local e criticou, mais uma vez, o líder indígena Raoni.
No exterior, foco nos protestos mais violentos em Hong Kong, em contraste à celebração do 70º aniversário da República Popular da China.
Sobre o Brexit, o premiê Boris Johnson ofereceu uma proposta que gerou reações céticas na UE e na Irlanda. No texto, a polêmica gira em torno do controle alfandegário entre a Irlanda do Norte (Reino Unido) e a Irlanda (UE). Johnson disse que é melhor aceitara a sua proposta de acordo ou então haverá um Brexit sem acordo. Nesta sexta-feira, circula a informação de que ele pedirá uma extensão do prazo.
Numa semana de alta volatilidade, o Ibovespa encerrou o pregão desta quinta-feira em alta de 0,48%, aos 101.516 pontos. A cotação do dólar recuou 1,08%, para R$ 4,089.
Obrigada, bom fim de semana e até o próximo Panorama Semanal.
*Dados atualizados até o dia 4/10, às 10h.