Análise semanal pela Flag Asset – 14/05 a 18/05

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No ambiente doméstico, a semana se destacou pelas decisões do Banco Central (BCB). Na quarta-feira, em linha com a expectativa da FLAG, mas surpreendendo o mercado, que majoritariamente esperava pelo corte dos juros, o Copom optou pela manutenção da taxa Selic em 6,50% a.a. Segundo o comunicado da decisão, o balanço de riscos para a inflação prospectiva mudou e a decisão é compatível com a convergência da inflação para a meta. Na sexta-feira, com o ambiente de mercado ainda negativo para emergentes e o avanço do movimento de depreciação do real, o BCB divulgou um comunicado anunciando a elevação da oferta de swaps cambiais. Além disso, ressaltou que não há relação mecânica entre o movimento do câmbio e a política monetária. Consideramos que ambas as decisões da autoridade monetária foram corretas. No cenário externo, houve redução das tensões comerciais entre China e EUA, sendo que um acordo entre as duas potências foi celebrado no final de semana. Além disso, os dados de atividade nos EUA mostram que a desaceleração do 1º trimestre foi temporária, com a economia americana retomando uma velocidade de crescimento acima do potencial.

No mercado externo, o dollar index voltou a valorizar, com alta de 1,2%, sendo que o movimento contra as moedas emergentes foi mais forte. Contribuiu para isso a fraqueza do euro (afetado pela perspectiva de uma coalizão populista assumir o poder na Itália) e a abertura da taxa da treasury de 10 anos, que passou de 2,97% para 3,06%. Por seu turno, o S&P 500 teve ligeira queda de 0,5%. No Brasil, o real depreciou 3,8%, fechando a semana a R$3,74, maior cotação desde março de 2016. Isso levou o BCB a soltar o comunicado após o fechamento do mercado na sexta-feira, anunciando uma ação mais forte no mercado cambial. A expressiva desvalorização do real e a surpresa com a decisão do Copom pressionaram a curva de juros, gerando fortes movimentos de stop loss, com o DI jan/20 subindo de 7,29% para 7,76% e o DI jan/25 de 9,98% para 10,65%, sendo que o segmento longo da curva bateu a máxima do ano. No mercado de renda variável, o Ibovespa desvalorizou 2,5%, deixando de repetir a performance da semana anterior, quando descolou dos demais ativos domésticos.

Ao contrário da expectativa amplamente majoritária do mercado, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 6,50% a.a. Segundo o comunicado da autoridade monetária, a evolução do balanço de riscos tornou desnecessária uma flexibilização monetária adicional para mitigar o risco de postergação da convergência da inflação rumo às metas. Para o BCB, os choques externos alteraram o balanço de riscos, por meios dos seus possíveis efeitos secundários. No aspecto macroeconômico, observou-se arrefecimento nos dados de atividade do 1º trimestre e a inflação permanece favorável, com as medidas de inflação subjacente em níveis baixos, inclusive nos componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária. Para as próximas decisões, o Copom vê como adequada a manutenção da taxa de juros no patamar corrente. Além disso, reiterou que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural. Vale ressaltar que o BCB, em uma comunicação fora do script para o período entre a decisão do Copom e a divulgação da ata, deixou claro, na sexta-feira, que não há relação mecânica entre o cenário externo e a política monetária, ao mencionar que os eventuais efeitos secundários da depreciação cambial tendem a ser mitigados pela ociosidade da economia e pelas expectativas de inflação ancoradas. Esperamos que a taxa de juros seja mantida no patamar de 6,50% até, pelo menos, o fim de 2019, com o risco principal residindo no comportamento da moeda no período eleitoral. Entendemos que a dinâmica do hiato do produto se encontra com recuperação mais lenta do que a projetada anteriormente, o que leva, em períodos de normalidade, a uma postergação da necessidade de aperto monetário.

Após o fechamento de sexta-feira, numa semana de significativo aumento de prêmios nos mercados de juros e câmbio, o BCB decidiu elevar a oferta diária de swaps cambiais de 5 mil contratos (US$ 250 milhões) para 15 mil contratos (US$ 750 milhões). Comunicou ainda que os montantes poderão ser revistos e que se reserva o direito de realizar atuações discricionárias, caso seja necessário. A FLAG entende que a resposta da autoridade monetária foi correta e expressiva. Avaliamos que a moeda brasileira tende a apresentar performance melhor do que seus pares, tendo em vista a ação do BCB, que tende a quebrar a espiral negativa que vinha se formando, e o quadro de contas externas muito sólido.

Consolidando os indicadores de atividade do 1º trimestre, o IBC-BR de março também decepcionou, com uma variação mensal de -0,7%, abaixo do esperado pelo mercado. O indicador coloca um viés negativo para nossa projeção do PIB do período. Além disso, a deterioração dos preços dos ativos domésticos faz com que as condições financeiras fiquem mais apertadas do que previamente suposto, o que adiciona mais um risco baixista para nossa projeção de crescimento do PIB de 2,6% em 2018. Ainda esperamos que o 2º trimestre apresente dados melhores, mas reconhecemos que a dinâmica de crescimento pode ser afetada pelo aperto das condições financeiras domésticas.

Nos EUA, os dados de atividade econômica de abril e os indicadores antecedentes de maio vêm apresentando comportamento um pouco melhor do que o esperado, em uma indicação de que a desaceleração do 1º trimestre foi temporária. As vendas do varejo de abril apresentaram crescimento de 0,3% na comparação com março e a indicação para a elevação do consumo no 2º trimestre é de algo próximo a 3%. A produção industrial do mesmo mês se elevou em 0,8% na comparação mensal, com recuperação na produção de petróleo, que reagiu ao aumento dos preços da commodity. Os indicadores regionais calculados pelo FED de Nova York e o da Filadélfia para maio mostram continuidade no ambiente de crescimento, dando suporte à expectativa de PIB mais forte nos próximos meses.

A guerra comercial representou um dos principais riscos ao longo do ano corrente, com as imposições de tarifas alfandegárias por parte dos EUA colocando em risco o ambiente global de crescimento econômico. No final de semana, o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, anunciou que, por hora, estão suspensas medidas protecionistas. Entendemos que restrições ao comércio entre nações são um dos grandes riscos para o ambiente global e que o acordo alcançado no final de semana deve ser bem recebido pelos mercados.

No FLAG FIC FIM, em consonância com o mandato de risco do fundo, reduzimos as posições. No mercado de juros futuros, a posição já era pequena, com uma posição aplicada no vértice jan/21 e tomada no vértice out/18. No dia seguinte à decisão do Copom, optamos por zerar essas posições, além da alocação vendida em inclinação. Avaliamos que a curva como um todo embute prêmios consideráveis, ainda mais após o stop loss ocorrido, mas optamos, neste momento, por concentrar o risco local na posição comprada em real contra o dólar, em razão dos seguintes motivos: i) a maior parte da exposição comprada em real foi feita via put de dólar, o que limita o risco de perdas num ambiente em que é difícil avaliar o patamar no qual os ativos vão se acomodar; ii) acreditávamos que era elevada a possibilidade de o BC aumentar o volume de intervenção no mercado de câmbio, o que acabou se verificando; iii) o mood para os juros locais só deve melhorar se o real se apreciar; iv) a perspectiva de algum aumento da inflação nos próximos meses, conjugada ao fim do processo de flexibilização monetária e às perdas recentes nas alocações aplicadas, pode reduzir a disposição do mercado de fazer posições aplicadas de maior magnitude no DI futuro; v) o real tem posição técnica mais favorável, dado ter sido utilizado para a proteção de operações em outros mercados; e vi) o fluxo cambial no mercado à vista, que já vinha sendo positivo, tende a melhorar mais após a desvalorização do real superior a 10% no ano. Os principais riscos residem na continuidade no movimento de valorização global do dólar e no agravamento das incertezas políticas domésticas. No mercado de renda variável, diminuímos, de forma significativa, a posição comprada na bolsa brasileira. Essa redução se deveu não só à decisão de se reduzir o risco do fundo neste momento, mas também às revisões baixistas para o crescimento do país e à perspectiva de o cenário eleitoral aumentar a volatilidade na Bovespa. Nos mercados externos, zeramos a posição tomada em juros americanos (eurodollar dez/19), realizando ganhos, em função da nossa avaliação que a curva não tem a mesma assimetria que antes, ao passar a incorporar uma taxa básica de juros de 2,75% no fim do próximo ano, um pouco abaixo da taxa neutra de longo prazo estimada pelo FED. Ao mesmo tempo, aumentamos a posição tomada em juros europeus (euribor dez/20), que precifica um aperto monetário bastante tímido, e zeramos a posição long em euro contra o dólar, visto que dólar continuou a se fortalecer mesmo após os números de inflação mais contidos nos EUA. Por fim, seguimos com posição comprada em S&P 500, cuja dinâmica recente vem sendo favorável e que tende a se beneficiar dos dados sólidos de atividade.

A FLAG Asset Management Gestora de Recursos Ltda. (“FLAG”) não comercializa nem distribui quotas de fundos de investimento ou qualquer outro ativo financeiro. Este documento não constitui uma oferta de serviço pela FLAG, tem caráter meramente informativo e é para uso exclusivo de seu destinatário, não devendo ser utilizado para quaisquer outros fins. As informações contidas neste documento são confidenciais e não devem ser divulgadas a terceiros sem o prévio e expresso consentimento da FLAG. A FLAG utiliza informações de fontes que acredita serem confiáveis, mas não se responsabiliza pela exatidão de quaisquer das informações assim obtidas e utilizadas neste documento, as quais não foram independentemente verificadas. Estas informações podem estar desatualizadas ou sujeitas a opiniões divergentes. Para avaliação da performance de quaisquer fundos de investimentos, é recomendável uma análise de período de, no mínimo, 12 (doze) meses. Determinados fundos referidos podem utilizar estratégias com derivativos como parte integrante de sua política de investimento. Tais estratégias, da forma como são adotadas, podem resultar em significativas perdas patrimoniais para seus cotistas, podendo inclusive acarretar perdas superiores ao capital aplicado e a consequente obrigação do cotista de aportar recursos adicionais para cobrir o prejuízo do fundo. Os resultados obtidos no passado não representam garantia de resultados futuros e não contam com garantia da FLAG, de qualquer de suas afiliadas, de qualquer mecanismo de seguro ou, ainda, do Fundo Garantidor de Créditos – FGC. Este documento não constitui uma opinião ou recomendação, legal ou de qualquer outra natureza, por parte da FLAG, e não leva em consideração a situação particular de qualquer pessoa. A utilização das informações aqui contidas se dará exclusivamente por conta e risco de seu usuário. Antes de tomar qualquer decisão acerca de seus investimentos, a FLAG recomenda ao interessado que consulte seu próprio consultor legal. Ao investidor é recomendada a leitura cuidadosa do regulamento do fundo e do prospecto, se houver, ao aplicar seus recursos. Investimentos implicam em exposição a riscos, inclusive na possibilidade de perda total do investimento.
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