O governo Trump e sua influência na política mundial
O mundo se espantou, em 2015, quando o empresário bem-sucedido Donald Trump anunciu sua candidatura à presidência da maior economia do mundo, os Estados Unidos. No início, poucos acreditavam em sua vitória, mas com o passar do tempo Trump foi ganhando força até ser escolhido representante do Partido Republicano na disputa que, posteriormente, o levaria à Casa Branca. O candidato derrotou Hillary Clinton, deixando incrédula grande parte da população mundial que não acreditava em sua eleição.
Desde os debates presidenciais, Trump e Clinton colecionaram polêmicas, o que levou muitos a se questionaram se os dois seriam candidatos ideais à presidência do país. O empresário ganhou e a pergunta ainda não possui uma resposta: talvez Trump seja o candidato ideal, talvez o Partido Democrata tenha lançado uma candidata que agradava menos que o republicano. Possivelmente, muitos concordam com a segunda opção. Pelo menos é o que parece, dado que diversos filiados ao Partido Republicano se mostraram contra a candidatura do grande empresário de Nova York e alguns até se desligaram do partido após questionarem se Trump, que foi democrata por anos, seria o melhor a representar um partido que, outrora, elegeu Abraham Lincoln como presidente.
Apesar de pouco tempo como presidente, Trump vem colocando em prática suas promessas de campanha e, com isso, atraindo diversas críticas da mídia e de pessoas ao redor do mundo. A começar pela polêmica decisão de construir um muro na fronteira com o México, com a intenção de fazer os mexicanos pagarem pelo mesmo e proibir a entrada de imigrantes de alguns países islâmicos, o que contribuiu para opositores chamarem Trump de xenófobo. Mas será que o presidente recém-empossado diverge demais dos que já ocuparam o mesmo lugar que ele, sejam republicanos ou democratas? Bom, a resposta mais clara é “não”. Vejamos o porquê…
O muro com o país latino-americano já existe desde 1994, tendo sua construção iniciada no governo de Bill Clinton, marido de Hillary e que contou com o apoio da mesma na época. É comum perceber, também, a mídia comparando o mandato de Obama com as ideias de Trump. Não questionando o governo Obama e nem sua integridade como homem, mas foi em seu governo que a taxa de deportação de imigrantes ilegais atingiu o ápice. Isso não é uma defesa ao novo presidente, muito menos um apoio a suas ideias. Só não devemos julgar a mesma atitude de formas diferentes por simplesmente não concordar com um partido ou por preferir outro candidato. É importante destacar que esses não são os únicos pontos do novo governo dos Estados Unidos. Então, o que esperar para os próximos 4 anos?
Um ponto muito defendido pelo magnata é o protecionismo à indústria nacional, com a ideia de gerar emprego para os americanos. Para isso, Trump quer que as empresas americanas deixem de produzir seus bens em países estrangeiros, onde o custo é menor, e passem a fazê-lo nos Estados Unidos. Mas como botar isso em prática? Simples: o presidente pode aplicar tributações sobre essas empresas caso queiram produzir seus artigos fora do país. A principal consequência disso é que, com isso, se tornará mais barato produzir nos EUA, mas, de qualquer forma, a empresa terá mais custos do que antes. Resultado: um possível aumento no preço de uma cesta de produtos, que será sentido pelo próprio trabalhador americano. Muitos aliam a esse protecionismo o anúncio da saída dos Estados Unidos do TPP (sigla em inglês para Trans-Pacific Partnership), um acordo de livre comércio entre 11 países (já excluindo os EUA), uma vez que Trump declarou que essa parceria afetava os trabalhadores norte-americanos e, para protegê-los, era necessária a saída do país do tratado.
O governo tem se mostrado, também, disposto a lutar pelo mar do sul da China, o que pode resultar em conflitos militares. Isso porque a grande potência asiática construiu diversas ilhas na região e as militarizou, equipando-as com sistemas anti-aéreos e anti-mísseis, apesar do presidente Chinês Xi Jinping ter dito que não prosseguiria com a militarização da área. Após imagens em satélites mostrarem o oposto do que foi prometido, o Secretário de Estado dos EUA nomeado por Trump, Rex Tillerson, declarou que o país proibirá o acesso da China ao mar e às ilhas artificiais. Não foi dito como isso seria feito, mas especialistas, além da mídia chinesa, alertam para um possível conflito militar entre as duas potências, deixando claro que os dois lados podem estar se preparando para essa possibilidade. Diante disso, Tillerson viajou à Ásia para estreitar laços com o Japão e Coreia do Sul já visando esse possível conflito. Steve Bannon, conselheiro de Donald Trump, chegou a afirmar que em um intervalo de 5 a 10 anos, certamente acontecerá uma disputa militar pelas ilhas do sul da China envolvendo as duas potências.
Além disso, há a probabilidade de um conflito com a Coreia do Norte. Diante das declarações de Kim Jong-un, ditador norte-coreano, de que seu país estaria na fase final de testes de um míssil e, após realizar, em 2016, testes de mais de 20 mísseis e de 2 armas nucleares, o Secretário de Defesa americano disse que qualquer ataque aos EUA ou a seus aliados será respondido de forma eficaz e esmagadora, mas sem especificar como isso seria feito. Sabendo da possibilidade da Coreira do Norte atacar a Coreia do Sul, que é aliada norte-americana, os EUA querem instalar um sistema de defesa aéreo no país, com a intenção de proteger seu parceiro. De acordo com o Secretário de Defesa americano James Mattis, os EUA revidará de forma esmagadora qualquer ataque proveniente do norte.
O posicionamento americano contra armas de destruição em massa não é comum apenas à Coreia do Norte. Após um teste de míssil realizado pelo Irã, o governo americano criou novas sanções ao país, o que pode influenciar um aumento no preço do petróleo, uma vez que o Irã vem aumentando sua produção após o alívio de antigas sanções criadas também pelos EUA e essas novas medidas poderiam implicar em perda de mercado e redução da oferta da commodity.
Em relação às bolsas americanas, houve muita especulação antes da eleição de Trump de que, caso fosse eleito, haveria uma queda nas mesmas. Contudo, o contrário aconteceu: Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 registraram recorde triplo após a eleição do empresário, fazendo muitos analistas mudarem suas opiniões e projetarem, inclusive, uma valorização do dólar a longo prazo. Ainda assim, surgem algumas dúvidas relacionadas à moeda, uma vez que não há certeza quanto às políticas econômicas de Trump, fazendo o Federal Reserve (FED) ficar receoso em aumentar a taxa de juros.
Dúvidas, dúvidas e mais dúvidas… Atualmente, a melhor saída é esperar para ver a estratégia econômica que o republicano efetivamente adotará para, então, conseguirmos projetar uma expectativa mais concreta para o dólar e para a indústria americana.
Pedro Guerra
Estudante de Economia do IBMEC. Membro da área de Análise Macroeconômica do Cemec, empresa júnior vinculada ao IBMEC, que tem como proposta principal realizar estudos e pesquisas sobre o mercado financeiro.