As reviravoltas da semana da Independência
Panorama Semanal de 4 a 8 de setembro
Parecia Sucupira. A semana da Independência não foi para principiantes. Reviravolta na delação de Joesley Batista, que pode ir pra prisão; fortes implicações à reputação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot; nomes do Supremo Tribunal Federal em meio à confusão; delação de Antonio Palocci incriminando Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff; nova denúncia da Procuradoria Geral da República contra os dois ex-presidentes… E, cereja do bolo da Lava Jato, a apreensão de mais de R$ 51 milhões (!!!) em malas de dinheiro atribuídas ao ex-ministro Geddel Vieira Lima. Os últimos dias no país fizeram com que a inflação baixa, o corte dos juros ou até a iminência de um conflito mundial com a Coreia do Norte ficassem em segundo plano no noticiário.
Vamos aos destaques:
Na terça-feira, Janot convocou uma entrevista em função de novo áudio de Joesley, dono da JBS, combinando a delação com o ex-procurador Marcello Miller, ligado ao próprio Janot. Ministros do STF e políticos são citados na gravação, que deve acarretar na perda da imunidade penal (benefício da delação) dada aos irmãos Batista. Entre as demais implicações está o possível enfraquecimento de uma segunda denúncia da PGR contra o presidente Michel Temer.
Por causa do que foi revelado no áudio, o ministro do STF Gilmar Mendes chamou Janot de delinquente, e a ministra Cármen Lúcia pediu investigação sobre as menções ao Supremo, que representam, segundo ela, uma “agressão inédita” à instituição.
Em nota, Joesley e seu interlocutor, diretor de RI da J&F, Ricardo Saud – que, em português deplorável não economizaram o relato de baixarias no áudio – disseram que “não guardam nenhuma conexão com a verdade” as referências que fizeram a Janot e aos ministros do Supremo. Desmentiram o que se escutou e pediram desculpas.
A nova denúncia da PGR contra Lula e Dilma, por organização criminosa, envolve o nome de outros petistas, entre os quais o ex-ministro Antonio Palocci. Este, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, confirmou o pagamento de propina da Odebrecht para Lula e o PT, em uma relação qualificada por ele como “pacto de sangue”.
Enquanto isso, uma contagem surreal se passava num apartamento em Salvador, que seria usado por Geddel: a Polícia Federal apreendeu R$ 51.030.866,40 em espécie dentro de malas e caixas. Segundo a PF, o valor será depositado em conta judicial. Geddel foi preso.
Em paralelo, outra operação da PF, no Rio, apurou fraude na compra de votos para as Olimpíadas de 2016.
E o acordo de recuperação fiscal do Rio foi homologado.
Na economia nacional, pelo menos quatro notícias de relevo: a produção industrial de julho registrou alta de 0,8%, acima do esperado; a inflação medida pelo IPCA foi de 0,19% em agosto e de 2,46% em 12 meses (a menor desde fevereiro de 1999); a taxa Selic caiu um ponto percentual, para 8,25% ao ano, o menor nível dos juros desde julho de 2013; e o Congresso votou a ampliação da meta do déficit fiscal para este ano e o próximo.
Lá fora, as notícias sobre a Coreia do Norte preocupam. O país, que ameaça um novo teste nuclear, teria uma bomba mais poderosa. O problema deixa de ser regional e ganha relevância mundial. Os EUA pressionam a China e outros parceiros para que cortem o fornecimento de combustíveis à Coreia do Norte.
No clima, a ameaça agora é o furacão Irma, que devastou ilhas do Caribe e pode ser catastrófico à Flórida.
Com o feriado da Independência na quinta-feira, os fechamentos são do pregão de quarta: a cotação do dólar, em consonância com o movimento mundial, caiu 0,55% para R$ 3,10 no Brasil; na Bovespa, o crescimento da economia e a redução dos juros fizeram com que o Ibovespa fechasse em alta de 1,75%, a 73.412 pontos, quase um recorde histórico.
Obrigada, bom fim de semana e até o próximo Panorama Semanal.
*Dados atualizados até o dia 8/9, às 10h.