Os diferentes projetos dos candidatos americanos
No dia 8 de novembro de 2016, será decidido quem será o presidente dos Estados Unidos pelos próximos 4 anos. Evento esse de grande importância devido às diferenças nas posições dos dois candidatos: Hillary Clinton, pelo Partido Democrata, e Donald Trump, pelo Partido Republicano.
Pela visão política, ele representa uma parcela de americanos brancos, nacionalistas, defensores do “american way of life” e pessoas insatisfeitas com o fato de imigrantes, ilegais ou não, chegarem ao país e conseguirem empregos e facilidades que antes eram sua exclusividade. Logo, Trump ataca a questão dos imigrantes ilegais dizendo que, se leito, deportará 11 milhões deles, construirá um muro separando os Estados Unidos e o México e, ainda, fará os vizinhos mexicanos pagarem por ele com a ameaça de bloquear dólares enviados pelos que vivem nos EUA. Também promete vigiar mesquitas de muçulmanos e retomar a tortura como método extremo de interrogatório para lutar contra o Estado Islâmico.
Já ela representa a manutenção do “establishment”. Mostra-se uma política experiente e eficiente. Obama diz que ela é a candidata “mais preparada da história” americana. Atrai os votos dos americanos de classe social mais abastada e de imigrantes. Porém, enfrenta a falta de confiança da população nos políticos tradicionais; muita gente a considera defensora dos interesses de Wall Street. O fato de ser a maior destinatária de doações do mercado financeiro potencializa as críticas.
Analisando pelo lado da economia, Trump promete aumentar o número de empregos para os cidadãos americanos por ameaçar penalizar empresas que desejam abrir fábricas em outros países e que não empregam os americanos. Além disso, deseja reduzir impostos para pessoas de baixa renda e para todas as empresas. Um dos meios que pretende utilizar para não destruir a situação fiscal do país é reduzir gastos militares em outros países, além de diminuir a ajuda a alguns aliados, como OTAN e Japão, e deixar que eles resolvam os próprios problemas de segurança em vez de depender de ajuda dos EUA.
Ainda diz ser uma farsa inventada pelos chineses a questão do aquecimento global, e que as políticas de energia limpa colocam em perigo empregos americanos. Porém, a grande diferença de suas medidas para o ideal histórico do Partido Republicano do laissez faire, ou seja, o não intervencionismo na economia, é a sua posição quanto a tratados comerciais, principalmente o TPP (Trans Pacific Partnership). Para Trump, esses tratados, muitas vezes, são prejudiciais ao país, pois levam as indústrias para locais onde o custo é menor do que nos EUA, fazendo a América perder milhares de empregos. E diz que deseja taxar produtos chineses, se estes continuarem a desvalorizar artificialmente a moeda.
Na visão de Hillary Clinton, o salário mínimo deve ser aumentado, assim como os programas assistencialistas públicos, principalmente nas áreas de saúde e educação. Já na área ambiental, ela deseja tornar os EUA potência mundial em energia verde, através de incentivos fiscais. Porém, nesse quesito, terá problemas para tornar seu desejo uma realidade, pois indústrias como a do gás de xisto, que é bastante poluente e está tirando o país da dependência do petróleo, são altamente lucrativas, e é difícil mexer com esses interesses.
Pode-se concluir que os dois candidatos têm visões e projetos muito diferentes para a política e a economia norte-americanas. Ambos têm poder para interferir no equilíbrio do resto do mundo, seja por desrespeitar e mudar acordos comerciais, seja por intervir militarmente em outras regiões do mundo. Como diria Millôr Fernandes, as eleições dos EUA afetam tanto o planeta, que todo mundo deveria votar.
Sergio Serra: Estudante de Economia do IBMEC. Membro da Área de Mesa de Operações do CEMEC, empresa júnior vinculada ao IBMEC, que tem como proposta principal realizar estudos e pesquisas sobre o mercado financeiro.