Descomplicando o “economiquês”: entenda os principais termos da economia
Educação Financeira #2
O mercado financeiro é cheio de conceitos que, por mais que sejam presentes no nosso dia a dia, nem sempre são realmente compreendidos. Hoje vamos te explicar alguns deles e descomplicar de vez os termos da economia.
Olha só o que você vai entender:
- A diferença entre economizar, poupar e investir;
- Taxa de Juros e Selic;
- O que é Inflação e como ela impacta na sua vida;
- Qual a função do Banco Central;
- O que é o PIB e como ele é calculado.
Economizar x Poupar x Investir
Economizar é deixar de gastar qualquer coisa desnecessariamente em um momento específico. Você pode economizar água, luz e também dinheiro.
Poupar, por sua vez, é quando esse dinheiro deixa de ser gasto efetivamente e fica guardado. Pode ser no banco, debaixo do colchão, no cofrinho etc.
! Economizar não é sinônimo de poupar. Você pode economizar o vale refeição durante a semana levando comida de casa, mas gastar tudo no final de semana com os amigos. |
Já investir é quando você toma uma ação no presente com alguma possibilidade de retorno futuro. Pode ser com dinheiro aplicado ou em um negócio, por exemplo.
E por que essa distinção importa?
Quando um agente econômico (pessoa, empresa ou governo) quer ter o dinheiro no presente — para realizar uma compra, por exemplo — mas não tem, ele pode pagar uma taxa para antecipar o consumo, pegando um empréstimo, por exemplo. Da mesma forma, quando alguém decide adiar o consumo (para a aposentadoria, talvez), pode investir e ser remunerado por essa atitude.
A economia é um sistema de trocas. De um lado, há agentes que possuem recursos e os ofertam no mercado. Já do outro, agentes que não têm esses recursos e que vão formar a demanda nesse mercado. E a moeda é um desses bens, com ofertantes e demandantes.
Isso significa que o dinheiro tem valor no tempo, se a taxa de juros for maior que zero. Os juros são nada mais do que o custo ou remuneração de se antecipar ou adiar o consumo. Mas como isso se aplica no dia a dia?
Vamos entender melhor
Se você demanda dinheiro e paga juros por isso, alguém está te ofertando esse dinheiro e está recebendo por isso. Na maior parte dos financiamentos, por exemplo, quem está te emprestando dinheiro é um banco e ele tem os juros como uma remuneração.
Já quando você decide adiar o seu consumo no presente e poupar para poder ter uma aposentadoria mais confortável, o que acontece com essa quantia que está guardada? Se seu dinheiro estiver debaixo do colchão, lá no futuro você vai comprar menos coisas, já que a inflação vai corroer seu poder de compra.
Mas, se você coloca seu dinheiro para “rodar” no mercado financeiro, existem diversos demandantes de recursos que estão dispostos a te pagar para pegar dinheiro com você. Isso é investir. Você realizou uma ação no presente (não gastar e aplicar esse dinheiro) e espera um retorno no futuro (taxa de juros).
Dê o play e confira também a explicação do economista e professor Alexandre Espirito Santo:
Já que o valor do dinheiro no tempo depende da taxa de juros, vamos entender melhor também como ela funciona?
Taxa de juros e Selic
A taxa Selic é o custo da dívida do governo. É a taxa básica de juros da economia brasileira, pois o governo é o emissor que tem a menor chance de te dar um calote. Ela influencia todas as outras taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, e também impacta os retornos esperados das aplicações financeiras.
Mas quem decide qual vai ser a meta da taxa Selic? É o Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne a cada 45 dias. Assim que é definida a Selic, o Banco Central atua diariamente por meio de operações de mercado aberto — comprando e vendendo títulos públicos federais — para manter a taxa de juros próxima ao valor estabelecido na reunião.
Vamos explicar melhor como é essa atuação do Banco Central, mas antes, vamos entender outro personagem importante nessa história: a inflação.
Inflação
A inflação é um fantasma para o brasileiro. Nas décadas de 1980 e 1990 a hiperinflação chegou a superar os 80% ao mês: o que significa que um mesmo produto quase dobrava de preço de um mês para o outro…
Mas ela nada mais é do que um desequilíbrio entre oferta e demanda por moeda. Esse desequilíbrio pode ter várias causas, que costumam ser agrupadas em:
- pressões de demanda,
- pressões de custos;
- inércia inflacionária, que “comanda” os reajustes anuais de preços e
- expectativas de inflação.
Além de diminuir o seu poder de compra, a inflação pode impactar o crescimento econômico: a distorção dos preços desestimula o investimento, pois aumentam as incertezas.
Metas de inflação
Para tentar evitar essa hiperinflação que você viu ali em cima, desde 1999, existe no Brasil um regime de metas de inflação. O Conselho Monetário Nacional (CMN) determina uma meta para a inflação, que é anunciada publicamente e funciona como uma âncora para as expectativas sobre a inflação futura.
O IPCA
No Brasil, a inflação oficial, que é a referência para o regime de metas, é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA. O objetivo desse índice é medir a variação de preço de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo.
Atualmente, o IPCA abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, residentes nas áreas urbanas. São pesquisadas as regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia e Campo Grande. Essa faixa de renda garante uma cobertura de 90% das famílias pertencentes às áreas urbanas citadas.
O IPCA tem como unidade de coleta estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, concessionárias de serviços públicos e internet. A coleta do índice de preços estende-se, em geral, do dia 01 a 30 do mês de referência.
São avaliados os preços de nove grupos de produtos e serviços, e cada grupo possui uma cesta com subgrupos, itens e subitens. Os grupos são:
- Alimentação e bebidas;
- Habitação;
- Artigos de residência;
- Vestuário;
- Transportes;
- Saúde e cuidados pessoais;
- Despesas pessoais;
- Educação;
- Comunicação.
Cada grupo possui também um peso diferente no índice, dependendo da região de coleta dos dados.
Banco Central
A fim de manter a estabilidade dos preços e fazer cumprir as metas de inflação estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o Banco Central faz uso da política monetária, atuando basicamente para afetar o custo do dinheiro (taxas de juros) e as condições de liquidez na economia.
O principal instrumento de política monetária do BC é a Selic. Quanda o Copom define a taxa básica de juros, o Banco Central atua diariamente comprando e vendendo títulos públicos federais para manter a taxa próxima ao valor estabelecido.
Dá uma olhada nesse vídeo para entender melhor:
PIB
Agora vamos entender o que é e como funciona o principal método para mensurar a atividade econômica do Brasil: o PIB.
O Produto Interno Bruto é uma soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, estado ou cidade, geralmente em um ano. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o responsável por fazer todos os cálculos e chegar ao resultado do PIB. Olha só o que entra e o que não entra nesse cálculo:
Entram na conta
- bens e produtos finais: aqueles vendidos ao consumidor final. Roupa, celular e carro, por exemplo;
- serviços: prestados e remunerados, do banco à doméstica;
- investimentos: gastos que empresas fazem para aumentar a produção no futuro;
- gastos do governo: tudo que for gasto para atender a população, como salários de servidores públicos e despesas com obras.
Não entram na conta
- bens intermediários: aqueles usados para produzir outros bens;
- serviços não remunerados: o trabalho da dona de casa, por exemplo;
- bens já existentes: como a venda de uma casa já construída ou um carro usado;
- as atividades informais e ilegais: o trabalho prestado por empregado sem carteira assinada, o tráfico de drogas e por aí vai…
Como o PIB é calculado
Existem 3 métodos para fazer o cálculo do PIB, sendo que, no fim, o resultado dos três cálculos deve sempre ser o mesmo.
- Riqueza: somatório de tudo que é produzido. São os resultados da indústria, da agropecuária e dos serviços.
- Demanda: somatório de tudo que é comprado. Todo o consumo das famílias e do governo, além dos investimentos do governo e das exportações.
- Renda: somatório de todas as remunerações. A soma de salários, juros, aluguéis e lucros distribuídos.
E o que pode influenciar essa conta?
Existem diversos fatores da nossa economia que influenciam na produção e, consequentemente, no resultado do PIB. Alguns exemplos são infraestrutura, carga tributária, burocracias, inflação, juros e escolaridade.
E aí, ficou com alguma dúvida? Comenta aqui que vamos te ajudar!
E para aprender ainda mais, confira o próximo módulo, que vai te ensinar sobre o mercado financeiro.