Arena do Pavini: Órama Investimentos mostra os fundos mais rentáveis no ano
Março mudou ganho no ano
O resultado do trimestre é explicado basicamente pelo desempenho do mês de março, afirma Sandra Blanco, consultora da Órama. O ano começou com o investidor global com maior aversão ao risco, explicada pela queda do preço do petróleo, preocupação com a desaceleração da economia global, solvência dos bancos europeus e endividamento das empresas, lembra Sandra. Por isso, janeiro foi um mês negativo para os mercados acionários.
Fevereiro já teve um comportamento dos mercados mais equilibrado, enquanto em março houve uma recuperação mais forte da bolsa e queda do dólar. “Houve mudança forte de tendências e as carteiras com posições cambiais e em investimento no exterior foram para baixo”, afirma Sandra. “Foi um trimestre bastante surpreendente, agora vamos ver o que vem pela frente, mas o provável é que a volatilidade seja forte ainda até que cenário político se defina”, explica.
Quem ganhou mais em ações
Com a forte recuperação de março, quando o Índice Bovespa subiu 17%, ou 31% em dólar, os fundos de ações foram os que mais se destacaram no primeiro trimestre, mostra o estudo feito por Sandra. Especialmente os com exposições relevantes em Petrobras, Vale e ações dos setores financeiro e imobiliário.
Esses setores e empresas tiveram seus preços puxados nos meses de fevereiro e, principalmente, março, pela melhora das perspectivas com uma possível mudança no governo e também pela ligeira recuperação das commodities no exterior. “O setor imobiliário vinha bastante deprimido pela economia em recessão, mas pela possibilidade de mudança de governo teve uma puxada no mês de março”, afirma Sandra.
Ganhos em Petrobras e setor imobiliário e financeiro
Os fundos das categorias Mono Ações, FGTS Petrobras e Setoriais se valorizaram mais de 20% nesse período, estima a Órama. Em geral, esses fundos são de gestoras dos grandes conglomerados financeiros. Enquanto o índice do setor imobilliário (IMOB) subiu 28,33% e o do setor financeiro (IFNC), 24,59%, o Ibovespa subiu 15,47%. Os fundos Petrobras ganharam mais de 20% e os da Vale, mais de 15%.
Também com rentabilidade na casa de dois dígitos ficaram os fundos Ações Indexados, Ações Índice Ativo e Ações Valor/Crescimento. Abaixo, alguns dos fundos de ações que conseguiram melhor desempenho no ano.
As demais categorias de fundos de ações, segundo a Órama, também apresentaram um excelente desempenho, mas inferior ao Ibovespa. A média mais baixa foi a dos Ações Small Caps, de pequenas empresas, que normalmente demoram mais para acompanhar a alta dos papéis mais líquidos do mercado.
Patrimônio acima de R$ 10 milhões
O levantamento da Órama teve por base a rentabilidade dos fundos em geral e os dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) até dia 28 de março e da Quantum até dia 31. Sandra selecionou as carteiras com mais de R$ 10 milhões de patrimônio. Ela observa que fundos das grandes instituições são destaque em rentabilidade nas categorias mais simples, setoriais, de uma só ação e indexados, onde não é necessário grande tecnologia de gestão e onde a diferença de rentabilidade se dá mais pela taxa de administração cobrada pelo gestor.
Na renda fixa, os grandes bancos de investimentos foram destaque, aproveitando-se da queda dos juros dos papéis longos do governo. Os fundos de títulos mais longos, mais de cinco anos, os chamados IMA-B5+, foram os que ganharam mais no trimestre.
Já em categorias de gestão mais ativa, como fundos de ações de valor Ibovespa ativos e multimercados, os gestores independentes se destacam. Na categoria Multimercado, muitos conseguiram superar com grande diferença o CDI, que variou 3,25% no semestre. Mesmo alguns fundos de longo prazo (long biased) conseguiram ganhos de até 20%.
O trimestre só não foi muito bom para os Cambiais e Multimercado com Investimento no Exterior, uma vez que o dólar sofreu forte desvalorização no período, -9,05%, explica Sandra.
Segundo a consultora, o mercado precisa de uma definição, seja ela qual for. “A maioria dos gestores está cautelosa, aguardando essa definição para tomar uma posição maior”, diz. “Todos estão esperando para tomar mais risco, posições mais longas, e achando melhor preservar o patrimônio já obtido”, diz.