Trajetória de alta do dólar e os últimos destaques
BRASIL EM FOCO
A semana mais curta com feriado do dia 21 não deixou de ser conturbada econômica e politicamente. A saída de Sérgio Moro do Ministério na sexta trouxe bastante volatilidade para os mercados. O Ibovespa desvalorizou 5,45%, aos 75.330 pontos, na mínima do dia a queda chegou a 9,6%. O recuo na semana foi de 4,63%.
No câmbio, o dólar continuou a trajetória de alta mesmo com intervenções do BC e o dólar PTAX era cotado na venda a R$ 5,6510, uma alta de 3,75% subindo 7,49% na semana. No mercado de juros, os movimentos também foram intensos e os contratos mais longos chegaram a abrir mais de 100 pontos ao longo do dia. O DI para janeiro de 2025 era negociado a taxa de 7,21%, subindo 83 pontos base. Na semana, foram 113 pontos base de abertura.
Na manhã de sexta, com a notícia da destituição de Maurício Valeixo, diretor da Polícia Federal, Sérgio Moro fez uma coletiva na qual não só pediu demissão, como acusou o presidente Jair Bolsonaro de querer interferir politicamente na PF. Além disso, Moro negou que tenha assinado a exoneração apesar de seu nome estar no ato publicado no Diário Oficial.
Pela gravidade das acusações que o ex-ministro da Justiça fez, o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu a abertura de um inquérito ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente Jair Bolsonaro. (O Globo)
Em resposta a Moro, Bolsonaro fez um “pronunciamento à nação” que durou 45 min no qual trocou farpas com Moro revelando um suposto condicionamento da troca da diretoria da PF à indicação do ex-ministro da Justiça para o STF que aconteceria em novembro. O discurso de Bolsonaro foi pouco objetivo, mas seguiu o padrão de se colocar como perseguido pelas instituições tradicionais, especialmente pela mídia e que não havia interveniência política na PF.
Com crise política instaurada em Brasília, novos personagens ganharam força e declararam apoio a Bolsonaro. Em um movimento que já vinha se desenhando, políticos do Centrão “não-DEM” que inclui legendas como PP, PL, Republicanos, PSD e PTB parabenizaram o governo pela saída de Sergio Moro. Durante a semana, nomes conhecidos como Roberto Jefferson, Valdemar Costa Neto e Arthur Lira foram recebidos pelo Planalto com abertura a negociações de cargos. (O Globo)
Expoente dessa guinada para a “velha política” é o próprio Roberto Jefferson, condenado pelo mensalão, que no domingo postou no Twitter o seu novo podcast cujo primeiro episódio se chama “O Golpe contra Bolsonaro“.
Em meio às crises na economia global e em especial no setor de aviação, a Boeing rescindiu o contrato com a Embraer que estabelecia a criação de duas novas empresas: uma joint venture controlada pela companhia americana na área de aviação comercial e outra na área de defesa, para promoção do cargueiro militar KC-390 (rebatizado para C-390 Millenium), com participação majoritária da Embraer. De um lado, a Boeing afirma que a Embraer não cumpriu com as “condições necessárias” para o acordo. De outro, a empresa brasileira diz que foi pega de surpresa pela decisão e que a Boeing rescindiu “indevidamente” o negócio, “fabricando falsas alegações”. Não há previsão de compensação financeira na esteira dessa rescisão do contrato. (Valor)
O noticiário político acabou ofuscando em parte a pandemia nos últimos dias. No domingo, o Brasil registrou 189 novas mortes em decorrência da Covid-19, totalizando 4.205 óbitos. O número de infectados subiu para 61.888, com isso, a taxa de letalidade oficial é 6,8%. (Painel Coronavírus)
As notícias que chegarão de Brasília durante a semana, deverão também dar a direção dos mercados locais.
OBSERVATÓRIO INTERNACIONAL
Nos EUA, a aprovação de um novo pacote de estímulos impulsionou os índices na sexta e o S&P 500 subiu 1,39%, a 2.836,74 pontos. Na semana, contudo, acumulou queda de 1,32%, com o fenômeno dos preços negativos do petróleo puxando o desempenho da semana para baixo.
O governador de Nova York, Andrew Cuomo, esboçou um plano para a retomada da economia. O reinício seria gradual e algumas empresas de “baixo risco” já poderiam reabrir em meados de maio, começando com indústria e a construção. “Os números estão em declínio: tudo o que fizemos está funcionando”, disse Cuomo, acrescentando que ainda seja necessário cautela. (The New York Times)
O consultor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, disse no domingo que o fechamento da economia dos EUA devido à pandemia de coronavírus deve elevar a taxa de desemprego para um patamar em torno de 16% ou mais no próximo relatório de empregos que deverá ser divulgado em 8 de maio, com os números referentes a abril. (Reuters)
A Itália anunciou um cronograma para reabrir sua economia: fábricas e o setor de construção serão reabertas em 4 de maio sob novas regras de segurança, seguidas por lojas, museus e outros locais públicos em 18 de maio. Restaurantes, bares, cabeleireiros e outros serviços que envolvem uma interação pessoal mais próxima devem reabrir em junho 1. O plano é reabrir as praias ainda neste verão, contudo, as escolas não serão reabertas até setembro. O primeiro-ministro Giuseppe Conte alertou ainda que um ressurgimento de infecções pode forçar o retorno de restrições. (WSJ)
No mundo, o número de infectados se aproxima de 3 milhões, com 206.811 mortes. Nos EUA, com 5.441.079 testes realizados, 965.933 pessoas tiveram seus diagnósticos confirmados e 54.877 óbitos. (Johns Hopkins)
A semana começa com as bolsas em alta na Ásia, com a decisão do banco central do Japão (BoJ) de estender as compra de títulos corporativos e os planos de retorno às atividades nos EUA, Itália, França, entre outros. Na Europa, os índices do mercado acionário também avançam, nesta manhã. Os futuros de Wall Street apontam para um dia positivo, em torno de 1%.
RESUMO DOS MERCADOS
Dólar PTAX | R$ 5,6510 | + 3,75 % |
DI Fut Jan/25 | 7,21% | + 82 bps |
Ibovespa | 75.330 pts | – 5,45% |
S&P 500 | 2.837 pts | + 1,39% |