Setores impactados pelo surto do coronavírus e os últimos destaques
BRASIL EM FOCO
As incertezas acerca do que vai acontecer com o surto de coronavírus que se espalhou para outros continentes marcou a semana que aqui foi mais curta por causa do feriadão de Carnaval. Na sexta, o Ibovespa registrou alta de 1,15%, aos 104.171 pontos, mas despencou 8,37% na semana, sendo a pior desde agosto de 2011, quando houve a crise das dívidas soberanas de países europeus como a Itália. No mês de fevereiro o índice recuou 8,43%, no seu pior desempenho mensal desde maio de 2018, quando o Brasil parou frente a greve dos caminhoneiros.
No mercado de câmbio, o Banco Central atuou novamente vendendo 20 mil contratos de swap e mesmo assim, a cotação de venda do dólar PTAX fechou em nova máxima nominal aos R$ 4,4987, em alta de 0,50%. No mês, a desvalorização do real chegou a 5,37%. Os juros futuros tiveram uma baixa de 17 pontos base no vencimento em janeiro de 2025, a 6,02%. No mês de fevereiro, a queda foi de 22 pontos.
No campo político, os analista consideraram a semana uma das piores para o presidente Jair Bolsonaro. Para dar andamento à reformas, mais urgentes agora em meio à crise global, ele vai precisar se organizar.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) mostrou que o desemprego ficou em 11,2% no trimestre móvel encerrado em janeiro de 2020. Houve uma redução de 3,7% na população desocupada, o que significa que 453 mil pessoas a menos estão desempregadas. A informalidade também caiu 0,5 p.p. mas continua elevada: 40,7% da população ocupada, representando um contingente de 38,3 milhões de trabalhadores informais. (IBGE)
A Folha fez um levantamento de como diversos setores podem ser/já estão sendo impactados pelo surto de coronavírus. As viagens de negócios, principalmente, estão sofrendo de forma mais imediata. O turismo de lazer, no Brasil, por sua vez, teve no Carnaval a última data da alta temporada e as agências de saúde ainda não emitiram recomendações de restrição trânsito de pessoas. Com a paralisação de fábricas na China, alguns setores são diretamente prejudicados como o de eletroeletrônicos, brinquedos e têxtil. Óleo e gás, agropecuária e mineração são dependentes da demanda chinesa e uma desaceleração econômica do gigante asiático pode impactar mais esses setores.
OBSERVATÓRIO INTERNACIONAL
Os índices acionários de Nova York fecharam a pior semana desde a crise financeira de 2008. O S&P 500 recuou 0,82%, a 2.954,22 pontos, com perdas acumuladas de 11,49%, de segunda a sexta. No mês de fevereiro a queda foi de 8,41%.
Em uma semana de fortes perdas em Wall Street, na tarde de sexta-feira, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, divulgou uma declaração na qual afirmou que, embora a economia dos EUA permaneça forte, o vírus “representa um risco crescente” e o Fed está pronto para tomar medidas, se necessário. “O Federal Reserve está monitorando de perto os desenvolvimentos e suas implicações para as perspectivas econômicas. Usaremos nossas ferramentas e agiremos conforme apropriado para apoiar a economia ”, afirmou Powell. (Reuters)
Em julho, acontecerá a Convenção do Partido Democrata, ocasião em que será escolhido o candidato que enfrentará Donald Trump nas eleições. Até o momento Bernie Sanders está na frente com 56 delegados, seguido por Joe Biden (48), Pete Buttigieg (26) e Elizabeth Warren (8), e Amy Klobuchar (7) – os demais candidatos ainda não obtiveram delegados. Para entender melhor como funciona a indicação democrata nas eleições nos EUA confira o link.
No sábado, os EUA assinaram com Talibã um “Acordo para trazer a paz ao Afeganistão” (“Agreement for Bringing Peace to Afghanistan”). O acordo tem quatro pontos: um cronograma de 14 meses para a retirada de todas as tropas dos EUA e da OTAN do Afeganistão; uma garantia do Talibã de que o solo afegão não será usado como uma base de lançamento que ameaçaria a segurança dos EUA; o início das negociações intra-afegãs até 10 de março; e um cessar-fogo permanente e abrangente. Os EUA estão no Afeganistão desde 2001 em resposta aos ataques de 11 de setembro. (Aljazeera)
A Itália anunciou que vai injetar €3,6 bilhões para aliviar impacto do coronavírus, o que corresponde a 0,2% do PIB do país, que está à beira da recessão. O número de pessoas contaminadas cresceu mais de 5 vezes na última semana. (FT)
A atividade no setor industrial na China apresentou forte queda em fevereiro, menor nível registrado historicamente. Destacando o impacto devastador do coronavírus sobre a economia e escalando o risco de uma piora na tendência das ações globais. O PMI caiu para 37,5 em fevereiro, muito abaixo da mediana estimada pelos economistas da Bloomberg. No mês anterior foi o indicador foi 50. (National Bureau of Statistics da China)
Depois dos dados apontarem forte queda na economia chinesa, os investidores estão aguardando novas medidas de estímulo de Pequim e de outros bancos centrais, após o Fed deixar a porta aberta para voltar a cortar juros. O banco do Japão também se manifestou e o Banco da Inglaterra se comprometeu em proteger financeiramente e prover estabilidade monetária.
Na China, o Xangai Composite registrou alta de 3,15% nesta manhã. Na Europa, as bolsas subiram mais de 1%, porém já reverteram o movimento e estão operando em campo negativo. Os futuros de Wall Street também apontam para um dia negativo, apesar de terem aberto no positivo.
RESUMO DOS MERCADOS
Dólar PTAX | R$ 4,4987 | + 0,50% |
DI Fut Jan/25 | 6,02% | – 17 bps |
Ibovespa | 104.171 pts | + 1,15% |
S&P 500 | 2.954 pts | – 0,82% |