Por que você ainda não começou a investir?
Consultora de investimentos da Órama.
Falar de aplicações financeiras para um público que não tem conhecimento de finanças e investimentos é um desafio. Não é a primeira vez que apresento a porta de entrada do mercado financeiro para mentes criativas e debatemos a importância dos investimentos, de como é melhor olhar para o futuro e se preparar, do que olhar para trás e se arrepender.
Hoje em dia o mercado financeiro é tão acessível, que as alternativas estão ao alcance da mão. Algumas alegações de quem ainda não investe, como “as aplicações mínimas são elevadas”, não justificam mais adiar o primeiro passo.
Não é mais verdade que os recursos exigidos para se iniciar sejam inviáveis. Há muito tempo é possível adquirir títulos públicos com pouco mais de R$ 30. Começar pelo Tesouro Direto pode ser o primeiro passo à iniciação na jornada financeira, a qual você deve percorrer a vida toda. Quanto mais cedo pegar esse caminho, menor será seu esforço para atingir seus objetivos de vida até chegar à aposentadoria.
Outra porta de entrada, para valores a partir de R$ 100, são os planos de Previdência Privada. Como são estruturados para os investimentos de longuíssimo prazo, possuem vantagens fiscais, e o imposto de renda é mais baixo para quem investe por mais de 10 anos.
Para começar a investir não é preciso ter um grande contracheque. Para ilustrar, costumo usar uma comparação de duas pessoas com rendas extremamente diferentes. Imagine um indivíduo com remuneração de R$ 1.000, salário mínimo, mas que, com muita disciplina consegue separar R$ 100 mensalmente. O outro indivíduo recebe R$ 10.000 por mês, mas os gastos totalizam R$ 11.000 ou mais. Este vive pedalando na ciranda do cheque especial e dos cartões de crédito e nem tem noção de quanto dinheiro está indo ralo abaixo com o pagamento de juros. Nesse caso, qual dos dois estará em melhor situação daqui a cinco ou dez anos?
É claro que um salário alto é sempre bem-vindo, mas não precisa aguardar pelo próximo aumento para começar a investir, até porque, muitas vezes, quando a promoção chega, a renda já está toda comprometida. O tamanho do salário ajuda, mas não determina quem pode alcançar sucesso financeiro. Às vezes, os obstáculos são as decisões de como gastar o salário, principalmente as irracionais.
Uma dica importante para quem quer realmente investir é: pague-se primeiro. Assim que receber o salário, uma das primeiras “contas” a serem pagas deve ser a transferência para fazer a aplicação do mês. O item “investimento” deve ser uma das primeiras linhas do orçamento de qualquer indivíduo ou de uma família – mesmo que essa linha fique zerada em alguns períodos. Entre 5% e 10% do salário é um valor recomendado para investir. Mas pode até ser menos do que isso. O importante é separar alguma quantia. Não adianta ficar esperando que sobrem recursos no fim do mês, afinal o mais comum é sobrar mês para o salário recebido.
Há outras diversas razões pelas quais muita gente – inclusive quem recebe salário alto – se justifica por ainda não investir. Entre os motivos que mais escuto estão: o medo de imposto de renda, de perder tudo o que conseguiu juntar, não confiar nas instituições, achar as taxas cobradas muito altas, ficar indeciso diante de tantas possibilidade disponíveis.
Quando desperta o interesse pelo assunto, o medo, a desconfiança ou qualquer outra desculpa se dissipa. O desejo de aprender e querer evoluir para ver o dinheiro gerar frutos se sobrepõe.
Saber a diferença entre títulos e fundos, entre papéis do Tesouro ou de instituições privadas, discernir risco de crédito de risco de mercado são conceitos que devem ficar claros. Porém, não é possível aprender tudo em um dia. Dê tempo ao tempo.
Distinguir entre investimentos que estimulam o setor produtivo e a economia como um todo dos instrumentos de especulação é também crucial para que a trajetória da vida financeira seja promissora. As possibilidades que se apresentam como apostas imperdíveis para enriquecer da noite para o dia podem lhe render um grande prejuízo.
Não sabe por onde começar? Na verdade, já começou… A busca por informação é um primeiro passo. Nas plataformas especializadas, conteúdo e ferramentas fazem a diferença, com profissionais disponíveis para ajudar você a otimizar o seu tempo e a atingir melhores retornos, respeitando seu perfil, e de acordo com os seus objetivos.
Não existe uma fórmula mágica, mas, para uma vida financeira saudável, uma receita que costuma funcionar é: muito trabalho, controle das despesas e disciplina com as aplicações financeiras.
Coluna originalmente publicada em 23/8 no portal Valor Investe