Os desafios das instituições financeiras tradicionais de se adequarem às novas tecnologias
Com o avanço da tecnologia no final da década de 90 e início dos anos 2000, diversas empresas, independente do setor aos quais estas estão inseridas, aderiram em larga escala ao uso da tecnologia. Considerando o final da década de 90, percebemos que tais avanços tecnológicos trouxeram diversas vantagens, pois foi neste período que os países ficaram cada vez mais conectados e a forma de interagir entre os mesmos passou a ser mais intensa e competitiva graças à globalização.
As empresas brasileiras, as quais não poderiam deixar de seguir o ritmo de outros países, passaram a desenvolver melhor seus processos e produtos, a fim de se destacarem internamente e externamente, buscando também à redução de seus custos, aumento da produtividade e de investimentos, além da satisfação de seus clientes e qualidade no que ofertavam. Essas mudanças não ficaram restritas apenas às indústrias, mas também foram implementadas nos demais setores econômicos.
O mundo da tecnologia tem alterado a forma de interagir e de se comportar de diversos mercados, até mesmo o financeiro. Com o aparecimento das Fintechs, manifestou-se a procura por alternativas que diminuam processos burocráticos tão cansativos encontrados no setor financeiro, principalmente no segmento bancário. Mas, o que é uma Fintech? Fintech é toda empresa que se propõe a oferecer serviços financeiros, só que a custos bem mais baixos que os dos bancos tradicionais, oferecendo serviços de forma mais ágeis e menos burocráticos por meio das novas tecnologias.
As novas possibilidades oferecidas pela tecnologia nos serviços financeiros têm exigido que bancos passem a adotar estratégias que possam melhorar os serviços e produtos oferecidos aos clientes a fim de se adequar às novas tecnologias demandadas pelos potenciais clientes da nova geração, mas como também os antigos clientes mais conservadores. Modernizar a estrutura dos bancos físicos não é uma estratégia de necessidade, até porque os bancos detêm o poder de mercado e podem muito bem comprar estas empresas do novo milênio. De outro modo, essa oportunidade de crescimento deve ser vista com bons olhos.
De acordo com a pesquisa realizada pela McKinsey, em até 6 anos, uma fatia grande das receitas das instituições financeiras tradicionais estará em risco. Isso aponta que o meio bancário tradicional deve ficar alerta aos novos anseios dos consumidores, que caminham a um passo à frente das bancos tradicionais e na mesma velocidade das inovações tecnológicas das Fintechs. Devido ao crescente uso de aplicativos, o acesso ao banco está ao alcance das mãos. Além disso, as lojas virtuais tem contribuído em larga escala para essas mudanças. Os consumidores querem praticidade, querem utilizar os serviços dos bancos de forma simples e objetiva, seja em um aplicativo ou uma agência física.
Uma solução a concorrência contra as instituições tradicionais que inevitavelmente irão ocorrer e que já estão ocorrendo serão estas adquirindo ou fazendo parceria com as Fintechs. Comprá-las e incorporá-las nos seus complexos processos de burocracia e organização não terá muito valor. Fintechs não são apenas tecnologia, mas uma forma diferente do que os bancos pensam e operam. Uma Fintech é uma empresa de tecnologia que oferece serviços financeiros e não um banco que usa tecnologia. A estratégia central dos bancos deve ser de almejar ser
uma Fintech no futuro. Ser uma empresa ágil e exponencial. Totalmente diferente da estrutura organizacional, processos e modelo mental atual.
Em abril do ano passado, o BACEN reconheceu e regulamentou a atuação das Fintechs, o que as elevou a categoria de bancos. As ações dos órgãos que regulam o mercado têm sido de facilitar o crescimento das Fintechs no país. Em julho do mesmo ano, o Senado seguiu o mesmo caminho e aprovou o PL 53, que normalizou a proteção dos dados pessoais, permitindo acesso às informações com o objetivo de proteção ao crédito. Isso tudo mostra o quão o mercado das Fintechs é jovem e o quão grande é o potencial de ganhos e de crescimento até o seu amadurecimento.
O setor financeiro precisava de novas tecnologias que, além de inovar o processo burocrático, fosse capaz de aproximar os clientes e instituições bancárias de forma instantânea. As Fintechs, oferecem um modelo de negócios mais “simples”, acessível, com lucros maiores devido aos menores custos e alta escalabilidade do empreendimento, conectando todo o mercado e criando um ambiente mais dinâmico a oferta dos serviços financeiros. São ágeis e com grande liberdade e criatividade, geridas por jovens empreendedores que entenderam que o engessamento e a concentração de capital são, na verdade, oportunidades.
Ademais, existe uma grande sinergia entre as Fintechs e as Instituições Financeiras, independentemente do tamanho e segmento. O know-how de inovar que as Fintechs possuem, aliado ao conhecimento de mercado e a capacidade de captar recursos das instituições financeiras, podem gerar externalidades positivas aos consumidores finais, não só em questões financeiras – com produtos e soluções mais simples e baratas -, como também desenvolver uma experiência mais agradável, direta e eficiente de relacionamento.
Victor Martins Passos de Salles Souza
Membro de Finanças Corporativas do CEMEC, empresa júnior vinculada ao IBMEC, que tem como proposta principal realizar estudos e pesquisas sobre o mercado financeiro.
Oi! Boa noite! Sou leiga no assunto, investidora iniciante que procura estar se atualizando para conseguir acompanhar as novidades referentes ao mercado financeiro. Gostaria de que citasse um exemplo de Fintech. As corretoras de investimento podem ser consideradas como tal?
Sim, as corretoras de investimento podem ser sim consideradas Fintech. A Órama é uma Fintech, porém existe algumas peculiaridades que a definem como tal. Te mandarei um link contendo os diversos tipos de Fintechs que existem.
Segue http://infograficos.estadao.com.br/focas-ubereconomia/servicos-financeiros-2.php
Obrigada!