Guedes na Câmara, articulação política pela Reforma da Previdência e os destaques da semana
Panorama Semanal de 1º a 5 de abril*
Com direito até a bate-boca sobre “tchutchuca” no Congresso, os indicadores oscilaram esta semana ao ritmo dos debates sobre a Reforma da Previdência e as expectativas quanto à capacidade de articulação política do governo de Jair Bolsonaro.
O noticiário do início da semana começou polêmico, com as questões sobre 1964 tomando conta das redes sociais. A divulgação de um vídeo, pelo Planalto, exaltando o golpe militar e um telegrama do governo enviado à ONU, negando o golpe, foram destaques.
As declarações de Bolsonaro em Israel também geraram forte repercussão. A decisão de mudar a embaixada para Jerusalém foi adiada, mas o governo reafirmou seu compromisso. E decidiu, neste momento, pela abertura de um escritório de negócios na cidade. Houve reação negativa dos palestinos sobre a medida.
Críticas de Bolsonaro à metodologia do cálculo do desemprego pelo IBGE e afirmações a respeito de o nazismo ser um movimento de esquerda serviram para apimentar ainda mais o clima em uma semana que começou com projeções do mercado para o PIB brasileiro deste ano abaixo de 2%.
Em meio a tudo isso, na quarta-feira os holofotes se voltaram à ida do ministro da Economia, Paulo Guedes, à CCJ da Câmara dos Deputados, para falar de Reforma da Previdência. Guedes afirmou que o país gasta “dez vezes mais com a Previdência que com o futuro, que é a educação” e defendeu a reforma, dizendo ainda a deputados que “estiveram 18 anos no poder e não tiveram coragem de mudar”, em referência aos mandatos petistas. Houve interrupções em meio à sua fala e bate-boca. Nesse dia, o Ibovespa e o dólar reagiram negativamente nas bolsas.
De volta ao Brasil, Bolsonaro, então, entrou no circuito no dia seguinte e iniciou uma série de reuniões com líderes de partidos políticos (PRB, PSD, DEM, PP, PSDB e MDB), em busca de apoio à Reforma da Previdência – o que foi visto com bons olhos pelos investidores. Na próxima semana, estão previstos novos encontros (Podemos, PR, PSL, Novo, Avante e Solidariedade).
Em outra frente legislativa, o Senado aprovou a PEC que reduz o poder do governo sobre o Orçamento, com obrigatoriedade de execução de emendas parlamentares de bancada – o que vai contra a ideia de Paulo Guedes, defensor da desindexação dos gastos do governo. Essa PEC, agora, volta à Câmara dos Deputados, para nova aprovação antes de ser promulgada.
No Ministério da Educação segue a crise, com o enfraquecimento do ministro Ricardo Vélez. Seu assessor especial e sua chefe de gabinete foram demitidos pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. O nome de Vélez também ganhou as manchetes com a notícia de que o MEC planeja alterar os livros didáticos para “resgatar visão” sobre o golpe de 1964.
No Judiciário, a semana também não foi calma. O presidente do STF, ministro Dias Toffoli, cancelou uma sessão de julgamentos na quarta-feira para fazer uma solenidade homenageando o próprio STF – em resposta às críticas que vem recebendo nas redes sociais. Decisões sobre condenações em segunda instância – que envolvem o caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – foram adiadas.
No Rio, a Câmara dos Vereadores votou pela abertura do processo de impeachment contra o prefeito Marcelo Crivella.
Na Economia, foram divulgados pelo IBGE os números da produção industrial pelo IBGE. O setor cresceu 0,7% em fevereiro, mas a indústria extrativa recuou 14,8%, refletindo a queda da produção após a tragédia de Brumadinho.
Outro número que chamou a atenção foi o da pobreza no Brasil, de acordo com levantamento do Banco Mundial. O percentual da população considerada pobre subiu para 21% entre 2014 e 2017.
Lá fora, a boa notícia diz respeito ao prosseguimento das negociações para pôr fim à guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. O presidente dos EUA, Donald Trump, reuniu-se com o vice-premier da China, Liu He. Com isso, pode ser anunciada em breve uma data para o encontro entre os dois presidentes, com possibilidade real de acordo envolvendo as sobretaxas comerciais.
Por outro lado, persiste o impasse no Brexit. Esta semana, a primeira-ministra britânica, Theresa May, resolveu buscar ajuda no partido Trabalhista (oposição) para desenhar um plano de saída do Reino Unido do bloco europeu.
No pregão desta quinta-feira, um dia de recuperação, o Ibovespa subiu 1,93%, aos 96.313 pontos. A cotação do dólar cedeu 0,51% e fechou a R$ 3,85.
Obrigada, bom fim de semana e até o próximo Panorama Semanal.
*Dados atualizados até o dia 5/4, às 8h30.