Entrevista com Flavio Sznajder, gestor do Bogari Value
Aproveitando a reabertura do Bogari Value, exclusivamente na plataforma da Órama, nossa estrategista de investimentos, Sandra Blanco, fez algumas perguntas para o gestor do fundo, Flavio Sznajder. A entrevista é uma ótima oportunidade para aprender mais sobre a seleção de ações e como manter um fundo de sucesso por tanto tempo.
O fundo original foi lançado em julho de 2008, mas a história começou em novembro de 2006 com o início do Clube de Investimentos. Em 2012, a Órama abriu um fundo espelho. Este fundo agora está sob a gestão da Bogari Capital e mudou de nome para Bogari Value D FIC FIA.
As dicas são extremamente valiosas para qualquer investidor aprender e ter a carteira ideal. Vale a leitura!
- Com a mudança das empresas nos últimos anos, principalmente como consequência do avanço da tecnologia, você ainda acha que a experiência no mundo real é um diferencial na seleção de ações?
Mesmo com o avanço da tecnologia, a experiência no mundo real continua sendo um diferencial na seleção de ações, mas estamos sempre atentos a mudanças nos modelos de negócio das empresas. Fizemos um trabalho importante de atualização e imersão no mercado de Venture Capital últimos dois anos, para entender possíveis impactos nas empresas que investimos e também identificar novas oportunidades de investimento. Com isso, estamos tentando antecipar as mudanças e fizemos alguns investimentos que já deram retorno para o fundo.
- A tomada de decisão ainda está centrada na sua figura, Flavio?
Já faz bastante tempo que as decisões de portfólio são feitas em nosso Comitê de Investimentos. Temos uma equipe bastante experiente, que contribui efetivamente para as decisões. Eu tenho atuado mais como um árbitro para casos em que não há convergência de opinião no Comitê.
- Vimos muitas gestoras independentes surgirem nos últimos dois anos e muitas encerrarem as suas atividades. Qual é o segredo da longevidade da Bogari Capital?
Acredito que o segredo da longevidade da Bogari é a consistência do trabalho e da estratégia, que leva a uma consistência nos resultados. Desde o início focamos muito em ter uma boa rentabilidade sem correr risco elevado. Isso faz com que não tenhamos necessariamente a melhor rentabilidade no curto prazo, mas evita perdas relevantes, levando a uma ótima rentabilidade no longo prazo.
Além disso, sempre focamos em ter uma base de clientes alinhada com nosso horizonte de investimento e diversificada. A Órama é um exemplo de parceria importante nesta diversificação.
- Muitos gestores de fundos de ações passaram a utilizar derivativos, fazer shorts e também utilizar crédito privado. O fundo manteve a estratégia long only clássica?
O fundo sempre manteve a estratégia long only. Podemos usar derivativos para proteção, o que fizemos em momentos específicos ao longo da história do fundo.
- Como está a carteira atual? Quais os setores de preferência na alocação? Existe alguma restrição? Algum segmento que vocês não investem?
A carteira atual tem seus maiores investimentos nos setores de Energia Elétrica, Financeiro, Varejo/Consumo e Saúde. Mais importante que o desempenho dos setores, as empresas que investimos têm uma grande probabilidade de melhoria operacional nos próximos anos. Não temos nenhuma restrição a priori, mas temos preferência por empresas saudáveis, com modelos de negócio menos voláteis e mais previsíveis.
- Qual o peso da aprovação/reprovação da reforma da Previdência na carteira atual do fundo master e no de previdência?
A reforma da Previdência é importante para o país continuar seu processo de recuperação depois da crise. Nosso cenário base é que a reforma passará, portanto estamos espelhando esta visão nos cenários que utilizamos para analisar as empresas.
- O fundo ficou 12,67% abaixo do IBOV em 2016, ainda assim entregou um excelente retorno de 26,26% no ano. O que aconteceu? Alguma lição foi tirada?
O ano de 2016 foi o primeiro ano que fechamos abaixo do Ibovespa. Como nossa estratégia de investimentos é para um horizonte de 3-5 anos, sabíamos que algum ano isso aconteceria. O ano de 2016 foi marcado por uma mudança de expectativa muito forte pós impeachment. Neste cenário, a bolsa subiu bastante puxada por empresas que estavam muito deprimidas, até com risco de solvência em alguns casos. É normal que o Ibovespa suba mais que o fundo nestes casos, uma vez que evitamos estas empresas que tinham um risco muito elevado.
- A Órama lançou fundo espelho do Bogari Value em 2012. Fizemos uma campanha naquele ano, levando em conta o desempenho do clube criado em 2006, destacando a rentabilidade de mais de 1.000%. O que esperar da rentabilidade para os próximos anos?
Rentabilidade é sempre difícil de prever, depende de muitos fatores. Mas acreditamos que nossa estratégia deve continuar a entregar resultados consistentes, entregando um retorno absoluto que compense o risco, ultrapassando o Ibovespa em períodos mais longos.
- A Bogari também lançou o fundo de previdência. Qual a diferença da carteira do fundo previdenciário?
O fundo previdenciário tem obrigatoriamente um mínimo de 30% de alocação em renda fixa. Nos 70% que podemos alocar em renda variável buscamos seguir a carteira dos outros fundos da Bogari.
- Gostaria de deixar alguma mensagem para os investidores?
Gostaríamos de agradecer nossos investidores pela confiança e dizer que continuamos focados em manter a excelência do trabalho para continuar entregando bons resultados.