Ciclos Econômicos – Filosofia da Alaska Asset
Neste texto, vou resumir a apresentação que o Henrique Bredda, da Alaska, fez para alguns dos nossos clientes e parceiros sobre ciclos econômicos, filosofia que a gestora adota na seleção de ações para as carteiras dos seus fundos.
Na primeira sessão, Bredda comparou os ciclos da economia com os circuitos de Fórmula 1. Pilotos com experiência e talento fazem toda a diferença nas curvas mais sinuosas, ainda mais quando o tempo não ajuda na visibilidade. A diferença entre afundar ou tirar o pé do acelerador é fundamental para alcançar bons resultados, assim como nos investimentos.
Em seguida, ele analisou as diversas variáveis com as quais o mercado acredita que a bolsa tenha forte correlação e refutou cada uma delas com base em dados históricos e estatísticas, nos levando à conclusão de que o desempenho do mercado acionário brasileiro é totalmente dependente do ciclo de commodities. Ou seja, não é o PIB, não são os políticos, não são os EUA nem a taxa de juro americana que direcionam o rumo da bolsa no Brasil.
Não depende do PIB
Para comprovar que o mercado acionário não depende do PIB, o gestor utilizou dados de vários países, desenvolvidos e emergentes, em diferentes janelas de tempo, desde 1900.
A correlação entre as variáveis, ambas em termos reais, ou seja, depois de descontada a inflação, é muito baixa.
Essa é uma questão recorrente no mercado financeiro, pois é intuitivo pensar no desempenho das ações como resultado de crescimento econômico. As empresas com potencial de valorização são aquelas que geram lucros, dividendos e caixa. Portanto, para saber em que direção vão os preços das companhias, é preciso saber para onde vão os lucros.
Há vários estudos e exemplos de mercados acionários totalmente desconectados da economia real, e não precisamos ir tão longe para exemplificar. O Ibovespa subiu 38,9% em 2016 e 26,9% em 2017. Definitivamente, não foi reflexo do crescimento do PIB brasileiro.
Não depende dos políticos
Desde 15 de março de 1985, quando José Sarney assumiu a Presidência da República, ainda como vice de Tancredo Neves, o Ibovespa multiplicou por 40 vezes em dólar.
Mesmo que algumas janelas de alta e de longa duração da bolsa coincidam com eventos políticos, como a trajetória que teve início antes do impeachment de Collor e durou seis anos, totalizando 3.415% no período, o gestor declinou o efeito de causalidade, ou seja, de que os resultados alcançados sejam derivados de medidas dos novos governos.
Outro exemplo foi a valorização de 2.051%, com duração também de seis anos, que teve início em 2002, após a entrega da “Carta ao Povo Brasileiro”, e terminou em 2008. O gestor não atribui a alta expressiva ao governo Lula.
Não depende do mercado acionário americano
Tanto a aversão ao risco quanto a euforia generalizada afetam os preços das ações diariamente. Por isso, não é incomum observarmos movimentos correlacionados entre as bolsas em janelas curtas de tempo.
Entretanto, comparando o desempenho do Ibovespa em dólar com o índice S&P 500, desde o início da década de 90, é possível observar movimentos completamente divergentes. De 2002 a 2008, por exemplo, a performance do Ibovespa foi significativamente superior à do S&P500. Porém, nos últimos nove anos, o S&P500 deixou o Ibovespa no chinelo. O índice americano quadruplicou no período, enquanto o Ibovespa retrocedeu.
Não depende da trajetória do juro americano
É senso comum relacionar a alta da taxa de juro americana ao fluxo de dinheiro para comprar os títulos do Tesouro dos EUA em busca de maior retorno e mais segurança. Todavia, este movimento não impede que as bolsas sigam suas trajetórias ascendentes. O gráfico histórico da taxa americana versus um índice de ações do mercado global, o MSCI World, ilustra isso.
O Ibovespa subiu fortemente em dólar quando a taxa americana de curto prazo (Fed Funds) saiu de 1% para mais de 5% entre 2004 e 2006.
Depende de commodities
O desfecho foi realizado com dois slides e com a conclusão de que o mercado brasileiro depende sobretudo do ciclo de commodities. O primeiro gráfico é o do Ibovespa em dólar versus o índice de commodities CRB. O segundo, é o de preços do petróleo contra a cotação do Itaú (ITUB4). A correlação dos ativos é bastante forte para a janela avaliada, de 1995 a 2018.
No momento, temos os EUA chegando ao pico do ciclo de expansão, o mundo começando a acelerar e o Brasil saindo da depressão. Os EUA são a locomotiva do mundo, e o Brasil o fornecedor dos fornecedores da locomotiva. Por isso, não importa quem vença as eleições nem para onde vá a taxa de juro americana. Para Bredda, estamos entrando em um ciclo favorável para a nossa bolsa. Mas ele lembra que o desempenho não é linear. Haverá altos e baixos pelo caminho.
Para finalizar, quais são as empresas selecionados para este ciclo?
O Alaska carrega um portfólio equilibrado, geralmente de 8 a 15 ações. Atualmente, a carteira é composta por empresas brasileiras, entre elas, Magazine Luiza, Petrobras, Vale, Gerdau, Kroton, Valid, Rumo Marcopolo, Suzano, Braskem e Comgas. Entretanto, poderia carregar companhias estrangeiras por meio de BDRs. Em 2014 e início de 2015, na carteira do fundo encontravam-se 3M, Johnson&Johnson, Starbucks, Colgate, Nike, Coca-Cola e Disney.
Recomendação final
Mesmo com boas perspectivas, com excelente histórico e o sucesso da equipe, investimento em ações é para o longo prazo. Períodos de performance insatisfatória e até negativa devem estar no plano.
De janeiro de 2012 até o fechamento de setembro, o Alaska Black valorizou 245,9% contra 40,2% do Ibovespa, mas registrou momentos desafiadores, por exemplo, no “Joesleygate” quando caiu 35%. Também, nos últimos cinco meses, acumulava prejuízo 13,70%.
Assim sendo, o gestor recomenda que os investimentos no fundo sejam escalonados. Por exemplo, depois de definido o valor que quer aplicar no Alaska, aportar 20% e manter o saldo em um fundo de alta liquidez. Quando a cota do Alaska cair, é hora de dobrar o investimento, totalizando 40% do valor separado para este fim. Quando cair de novo, dobrar novamente, chegando a 80% do valor investido. Os 20% restantes o investidor pode aportar quando desejar, porém é melhor que seja quando a cota cair novamente.
Disciplina faz parte do processo de investimento da gestora, mas também é recomendável que o investidor tenha um plano e siga a ordem.
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