Entendendo o risco dos seus investimentos
Ter que arriscar um pouco mais para obter maior rentabilidade no médio e longo prazos tem sido um tema recorrente. No entanto, quanto mais de risco deve-se adicionar para conseguir melhores resultados nas aplicações financeiras? Qual a relação risco-retorno ideal?
Retornos mais altos são sempre desejados. Risco, não. Só que risco é parte inerente dos investimentos. Muitas pesquisas efetuadas ao longo de vários anos confirmam que os investidores dão mais importância aos retornos dos investimentos do que às possibilidades de algo não sair como o planejado. Por isso, é frequente vermos investidores insatisfeitos com os retorno e até machucados por não avaliar o risco com a importância devida.
Se quiser alcançar maiores retornos é importante saber mensurar o risco envolvido. Conhecer o terreno onde está pisando ajuda na tomada de decisões e na diversificação mais eficiente.
Medindo o risco
O indicador mais utilizado na análise e gestão de risco financeiro é o desvio-padrão. Todavia, há muitos outros indicadores também importantes e que, em geral, são empregados conjuntamente.
O desvio-padrão é a medida estatística de dispersão dos retornos em relação à média. É sempre um número positivo e, quanto maior, significa que mais dispersos são os valores em análise. Abaixo segue uma tabela de retornos de um fundo referenciado DI. Observe que as rentabilidades mensais ou anuais não variam tanto.
A aplicação em referência apresentou retorno anualizado de 10,6% no período dos últimos cinco anos ou 95% do CDI na mesma janela de tempo. No entanto, a informação de rentabilidade média isolada não nos diz muito sobre o risco desta aplicação. É preciso conhecer o desvio-padrão dos retornos.
Neste caso, o desvio-padrão dos retornos mensais do fundo apresentado na tabela é de 0,20%. Com esse número em mãos, também conhecido como volatilidade, conseguimos categorizar as aplicações por nível de risco.
Ativo livre de risco
Se todos os retornos mensais fossem iguais, a aplicação teria desvio-padrão igual a zero. No mundo real, não existem investimentos totalmente sem risco.
Somente os títulos públicos federais atrelados à Selic são considerados como ativos livres de risco. Possuem um desvio-padrão muito próximo de zero, ainda assim não é nulo, porque a taxa Selic varia conforme a política monetária do Banco Central. No passado recente vimos a Selic ser reduzida de 14,25% para 6,5% ao ano. O efeito da mudança de patamar da taxa de juros na volatilidade não deve ser desconsiderado.
Baixo risco, baixo retorno
Em aplicações com risco muito baixo, a possibilidade de apresentar retornos negativos é muito remota, assim como também é a de uma valorização surpreendentemente acima do CDI. Isso só aconteceria se o fundo mudasse de estratégia.
Mais risco, maior retorno esperado
O que nos vem à mente quando se fala em maior risco são os investimentos em ações e fundos de ações. A volatilidade anualizada do Ibovespa dos últimos cinco anos é de mais de 20%. É por isso que, com muita frequência, investimentos de renda variável incorrem em retornos negativos. Assim como há registros de retornos excepcionalmente altos.
Abaixo segue tabela com os retornos de um fundo de ações para ilustrar.
O retorno médio anual do fundo é de 25% nos último cinco anos. Excelente retorno alcançado depois de três anos em campo negativo. São retornos mais dispersos em relação à média, portanto, este é um investimento de alto risco e, por essa razão, a aplicação nessa classe de ativos deve ser mais comedida.
O percentual aplicado deve respeitar o resultado de perfil do investidor.
Risco moderado
No meio termo, vamos encontrar os fundos com retorno médio anual entre 12% e 16% (120% a 160% do CDI). Nesses casos, a volatilidade varia entre 3% e 6%.
Em geral, nessa categoria estão os fundos multimercado, que operam com renda fixa, moedas, ações e seus derivativos. Podem também ainda trabalhar com commodities e ativos do mercado estrangeiro. As possibilidades aqui são infinitas, se considerarmos que a renda fixa brasileira representa menos de 2% da renda fixa global, e as ações, menos de 1% do mercado acionário global.
Há muitas opções disponíveis. Desde fundos com risco super baixo até aqueles com risco superior à volatilidade do Ibovespa.
Lição de casa
Há várias outras medidas de risco para fazer uma análise mais profunda e detalhada. Todavia, entendendo o desvio-padrão como a medida de risco mais elementar, a decisão de investimento passa a ter um outro olhar.
Para avaliar os investimentos da sua carteira, ou das aplicações que está pensando em fazer, comece preenchendo a tabela abaixo. Retornos e desvios-padrão são informações amplamente disponíveis.
Nome do Investimento | |||
Retorno Esperado Anual | |||
Volatilidade Anualizada |
Em seguida, faça uma análise sobre o impacto dos retornos negativos nas suas obrigações financeiras, caso ocorra um evento inesperado. Você ficaria inadimplente com suas contas? Será que teria um bom sono? Questione a necessidade de arriscar mais para atingir seus objetivos. Assim, poderá decidir qual a diversificação que quer fazer para incrementar os ganhos financeiros.
É verdade que dados passados não são garantia ganhos futuros, mas nos dão um boa ideia do que podemos esperar. É importante reavaliar os investimentos periodicamente, pelo menos uma vez por ano, para adequar as medidas às novas variáveis de mercado. Assim, o risco também pode variar com o tempo. Outro ponto importante é que o risco diminui quando acrescentamos o elemento tempo e quando consolidamos os investimentos em uma carteira.
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