O futuro da Petrobras
Depois de anos, com a ajuda da Petrobras, de o governo segurar o preço da gasolina em um patamar inferior ao de mercado, Michel Temer, em 2016, resolveu “libertar” a empresa. Ele nomeou Pedro Parente como presidente da estatal, no intuito de transformá-la em uma empresa lucrativa e “livre” de interesses políticos, como vinha acontecendo antes.
Parente decidiu que os preços dos combustíveis deveriam seguir o mercado internacional, assim como é feito em vários países do mundo. Inicialmente, essa alternativa não vinha dando os resultados esperados pelo presidente da empresa. Com isso, no dia 3 de julho de 2017, uma nova mudança foi feita: em vez de reajustes basicamente mensais, o preço poderia sofrer reajustes diários.
Em 2018, com o aumento expressivo do preço do petróleo e do dólar, o brasileiro viu o preço do combustível sofrer um grande reajuste ao longo dos meses. Essa alta acabou contribuindo para o início de umas das maiores greves que o país já teve. Devido a opções históricas, o Brasil se tornou “refém” de sua malha rodoviária, agravando ainda mais a situação causada pela greve dos caminhoneiros. Tal movimento grevista acabou ganhando uma força maior ainda pelo fato de estarmos em um ano eleitoral.
O aumento preço do diesel foi o estopim para o início da greve que parou o país. Aeroportos, portos e postos de gasolina acabaram ficando sem combustível. Supermercados, sem comida nas prateleiras. E faltam remédios em farmácias e hospitais. Mesmo de difícil mensuração, não se pode negar que o prejuízo vai ser considerável. Além disso, estima-se que, apesar do fim da greve, serão necessários alguns meses até que a situação se normalize completamente.
Um fator que contribuiu muito para o panorama atual é o de que, principalmente durante o governo Dilma Rousseff, a Petrobras vinha sendo usada para fazer um controle artificial na inflação. Isso porque uma correção no valor do combustível, consequentemente, ocasiona um aumento no preço de vários produtos, incluindo alimentos. Assim, a empresa acabava amargando péssimos resultados, fazendo com que os acionistas minoritários ficassem insatisfeitos com a forma de governo da estatal. Devido a essa política, o brasileiro acabou se acostumando com o preço da gasolina “estável”, que demorava para sofrer reajustes. E quando sofria, era subsidiado fortemente pelo governo.
Essa política, adotada pela então presidente do país, conseguiu controlar a inflação durante um período. Entretanto, no médio/longo prazo, se tornou algo bastante prejudicial para as contas da Petrobras, que chegou a atingir prejuízo grande há alguns anos. Além disso, o funcionamento da companhia foi prejudicado, dado seu balanço deficitário e maiores dívidas, no fim do governo Dilma.
Deve-se também lembrar que a estatal está se reestruturando, depois de algumas aquisições realizadas há alguns anos, como a compra da refinaria de Pasadena. E, claro, vale ressaltar que a estatal enfrenta problemas devido a resultados negativos ocasionados por desvio de dinheiro, crimes descobertos pela Operação Lava Jato, tornando a sua situação ainda mais delicada perante o mercado.
Depois da sucessão de acontecimentos causados pelo aumento do preço do combustível,vemos a Petrobras, mais uma vez, entrando nos holofotes da eleição presidencial. No mais, outros temas essenciais, como a Reforma da Previdência e as privatizações de estatais, continuam em discussão, reforçando que as eleições de 2018 terão peso expressivo no futuro da nação.
Felipe Zaeyen
Diretor Administrativo-Financeiro do CEMEC, empresa júnior vinculada ao IBMEC, que tem como proposta principal realizar estudos e pesquisas sobre o mercado financeiro.