O que muda com a alta dos juros americanos?
Enquanto a nossa taxa básica de juros, a Selic, se aproxima do nível mais baixo da História, perto dos 6% ao ano, nos EUA, a expectativa é de sucessivas altas na Fed Funds rate, a taxa básica deles, cujo intervalo alvo se encontra entre 1,50% e 1,75% ao ano, depois de ter sido mantida entre 0% e 0,25% por um longo período, de 2009 a 2016.
No mercado financeiro, o rendimento dos títulos do Tesouro americano de 10 anos já atingiram a marca psicológica de 3% ao ano, e há quem já estime que ele possa alcançar 4% ao ano, se houver necessidade de o Fed (banco central americano) elevar a taxa em ritmo mais acelerado.
Por isso, os diferenciais de juros entre Brasil e EUA caíram a mínimas históricas, e isso vem mexendo com os mercados.
No mercado cambial, o dólar volta a assumir a posição de moeda mais valorizada do mundo e aqui já parece ter mudado de patamar, sendo negociado acima de R$ 3,50, mesmo com o Banco Central voltando a intervir. A queda dos spreads favorece o uso do câmbio como instrumento de proteção. No mercado acionário, os preços de ações estão sendo reajustados, pois, quando o custo de oportunidade da economia muda, as condições para o crescimento e a lucratividade das empresas também mudam. O dólar também é uma variável que tem influência no preço de muitas empresas brasileiras que dependem de máquinas ou matérias-primas cotadas na divisa americana.
Como essas mudanças podem afetar seus investimentos? Como investir para obter retornos acima do CDI?
Mais volatilidade
A piora no ambiente externo – tendo em vista as consequências da reforma tributária de Donald Trump, a guerra fiscal dos EUA com China e os possíveis eventos geopolíticos – traz instabilidade para os mercados e, no Brasil, começa a preocupar ainda a possibilidade de se eleito um presidente sem compromisso com as reformas.
Volatilidade é característica inerente dos mercados de risco. No entanto, com os juros perto de 6% ao ano, é encarar as variações das aplicações para obter maiores rentabilidades no médio e longo prazos.
Aplicar em ativos de crédito privado
As taxas de juros baixas e a melhora da qualidade de crédito das companhias abrem espaço para novas emissões.
Segundo análise da Fitch Ratings, as incertezas políticas devem reduzir as emissões de empresas brasileiras em 2018 em relação a 2017, mas, no próximo ano, o crescimento do crédito deve acelerar, pois as empresas vão voltar a investir em ativo fixo e em expansão.
Os aplicações em crédito privado oferecem rendimentos acima do CDI, com baixo risco de mercado, ou seja, variam menos no dia a dia. O principal risco nessa classe de ativos é o de o emissor do título não pagar os juros acordados ou, pior ainda, não devolver o principal investido. Este risco é reduzido pela diversificação.
Os fundos de renda fixa com crédito privado e crédito estruturado são carteiras efetivamente diversificadas. Dessa forma, mesmo que ocorra insolvência de algum emissor ou inadimplência gerando prejuízos para o fundo e para os cotistas, as perdas são limitadas.
Veja nossa lista de fundos que investem em crédito privado e direitos creditórios.
Investir no mercado de ações
As empresas estão saudáveis por causa dos ajustes implementados nos anos de recessão da economia brasileira e os resultados alcançados vão ajudar na valorização das ações.
Os IPOs das empresas Hapvida, Intermédica e Banco Inter lideraram as captações de recursos de companhias brasileiras via mercado de capitais em abril, movimentando R$ 6,8 bilhões nas três primeiras operações do ano, segundo a Anbima. Isto mostra que há apetite por ações de empresas brasileiras.
Só que é um mercado muito sensível ao câmbio, ao fluxo de investidores estrangeiros e às questões políticas. As altas variações costumam manter o investidor de perfil mais conservador longe dessa classe de ativos. Porém, com os juros baixos, é preciso vencer este obstáculo e aplicar pelo menos 10% em ações. Começar por fundos de ações de dividendos ou long biased é um caminho.
Conheça a nossa lista de fundos de ações.
Diversificar globalmente
Se o objetivo é maximizar o retorno, não dá para concentrar todos as fichas no mercado brasileiro. Se o mercado de renda fixa brasileiro representa 2% da renda fixa global e se o mercado de ações é menos de 1% do mercado acionário global, significa que há muitas outras opções para aplicar o dinheiro além das fronteiras.
Desde final de 2015, quando a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) reformou a regulação dos fundos de investimentos, mais investidores passaram a ter acesso a investimentos no exterior. Mesmo que a entrada seja de forma limitada, aplicar em ativos estrangeiros via fundo é muito simples e o investidor não precisa mandar dinheiro para o exterior.
Embora a maioria dos fundos com estratégia global seja para investidores qualificados, alguns fundos multimercado conseguem obter grande parte dos resultados investindo ativos estrangeiros utilizando apenas o limite de 20% do patrimônio e alavancando. Dessa forma, conseguem disponibilizar o fundo para quaisquer investidores.
Conheça a nossa lista de fundos com estratégias macro global ou de renda variável global.
Sugestão de carteira
Nossa sugestão para uma carteira que alcance excelentes retornos no médio e longo prazos, dadas as perspectivas de aumento no diferencial de taxa de juros entre Brasil e EUA é a seguinte:
- 30% a 60% em renda fixa, incluindo crédito privado.
- 10% a 40% em renda variável, incluindo fundos de ações e fundos de ações globais.
- o restante em fundos multimercado, incluindo fundos com estratégias globais.