Fuga ou libertação, o futuro da União Europeia

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Em 2016, a União Europeia já aguardava ansiosa pelo resultado do plebiscito sobre a saída do Reino Unido através do Artigo 50 do tratado de Lisboa, onde a primeira cláusula é marcada pelo resumo de que “todo Estado-membro poderá decidir, conforme suas normas constitucionais, retirar-se da União”. Tal decisão está no comando da primeira-ministra Thereza May, que, perante tantos discursos contrários e repulsos à proposta do Brexit, se mostrou uma verdadeira “iron maiden”, comparada à Margaret Thatcher, precursora do neoliberalismo na Inglaterra, onde também se opôs à corrente então majoritária e manteve seus ideais para o que considerava o melhor rumo do país.

May exige total desligamento da Grã-Bretanha da União Europeia, para que o governo tenha capacidade de controlar pilares chaves para o desenvolvimento e crescimento da nação através de quatro tópicos: circulação de bens, de serviços, de capitais e de pessoas. Tal manejo anseia demonstrar que a Grã-Bretanha possui capacidade de controle e liderança, como também autonomia e soberania perante a Europa e o mundo. O ato tem forte auxílio e incentivo do governo norte americano, onde o atual presidente, Donald Trump, similarmente, defende uma doutrina de mercado protecionista.

A UE tem hoje uma aliança de 27 países mais o Reino Unido, e uma hegemonia de mais de 40 anos desde os primórdios de sua formação, que almejava fortalecer e reconstruir uma Europa debilitada no pós-guerra, em um mundo dividido entre EUA e URSS. Atualmente, com o aumento das demandas e a necessidade constante de crescimento, as nações da comunidade gerenciam e controlam suas economias com a facilidade de acordos comerciais e a praticidade de um mercado comum a todos.

Dados os últimos acontecimentos, e apesar da euforia e ansiedade do partido conservador inglês, a decisão final depende da aprovação do parlamento através de assembleias que incluem o consentimento de Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales. O plano faz parte de um pacote com 12 medidas para a saída do maior bloco econômico do mundo. Apesar do Brexit, a Grã Bretanha ainda pretende permanecer com alianças e tratados de comércio com o bloco.

Muitos questionam as consequências da decisão para o bloco econômico. Analistas alegam que muitos países veriam uma rápida retração de seu produto interno, o que, possivelmente, geraria uma onda de movimentos populistas e nacionalistas por toda a região, levando incertezas a grandes potências, onde o mercado único é sustentado pela agilidade do movimento de bens, capitais e pessoas.

Caso aconteça o desmembramento, podemos prever um grande impacto no euro nas principais bolsas do mundo através de uma desvalorização da moeda, acompanhada de um enfraquecimento das alianças da zona do euro.

É essencial acompanhar os próximos passos da primeira-ministra May. Ela alega que o povo britânico tomou a decisão, e o governo estará convicto em seu papel para satisfazê-lo. Assim, a partir do julgamento do artigo 50 do Tratado de Lisboa, haveria dois anos para a saída formal e pacífica do país da União Europeia.

Resta saber seu impacto nos mercados, economias e na vida de uma geração.

 

 

Alisson Kalusi: Estudante de Economia do IBMEC. Membro da área de Análise Macroeconômica do Cemec, empresa júnior vinculada ao IBMEC, que tem como proposta principal realizar estudos e pesquisas sobre o mercado financeiro.

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