Panorama Semanal
O xadrez político continua e não há um horizonte claro à vista. Esta semana, a Operação Lava Jato voltou a protagonizar o noticiário, com a divulgação de que o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, pediu a prisão de caciques do PMDB: o presidente do Senado, Renan Calheiros, o ex-presidente da República José Sarney, o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e também o senador Romero Jucá.
Os pedidos tiveram como base gravações de conversas feitas com o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado, em que os congressistas sugerem um plano para impedir a continuidade da Operação Lava Jato. Segundo a imprensa, os pedidos de prisão estariam com o ministro Teori Zavascki, do STF, há pelo menos uma semana.
O agente Newton Ishii, conhecido como o “japonês da Federal”, foi preso e transferido para o Centro de Operações Policiais Especiais. Ele foi condenado por crime de facilitação de contrabando. Ishii ficou conhecido durante a Operação Lava Jato, ao acompanhar os presos pela PF.
E a Comissão de Impeachment recuou na redução de prazos para o afastamento de Dilma Rousseff. As alegações finais voltam a ter 15 dias de prazo, deixando a decisão, provavelmente, para agosto.
O nome de Ilan Goldfajn foi aprovado para a presidência do BC. Ele afirmou à comissão parlamentar, durante sabatina, que o objetivo do BC é fazer com que inflação fique no centro da meta, de 4,5%, dando a entender que não contará com a margem de tolerância. No mais, Goldfajn defendeu a autonomia técnica-operacional do BC e o chamado tripé econômico (além da inflação controlada, política fiscal austera e câmbio flutuante).
O dilema do endividamento dos estados com a União continua em aberto. Secretários estaduais se reuniram com a equipe do Ministério da Fazenda para tentar chegar a um acordo sobre a correção das dívidas com a União, mas o Tesouro declarou que a proposta é inviável. O que os estados querem é que o estoque de dívidas com o governo federal seja corrigido por IPCA mais 4% ao ano.
No panorama macroeconômico, o Copom decidiu, conforme esperado pelo mercado, manter a taxa básica de juros em 14,25%, o patamar mais elevado em dez anos. Já o IPCA de maio subiu 0,78%, a alta mais expressiva para este mês registrada desde 2008. Em 12 meses, a inflação acumula 9,32%.
Nos EUA, o número de pedidos de auxílio-desemprego recuou 4 mil, na semana passada, para um total de 264 mil, segundo o Departamento do Trabalho. Devido ao dado decepcionante, na segunda-feira a presidente do Federal Reserve (Fed), Janet Yellen, fez um discurso indicando que não haverá elevação dos juros americanos este mês.
No exterior, o BC chinês reajustou para baixo sua previsão de exportações, mas acredita que o PIB do país deverá crescer 6,8% neste ano.
Assim, com a influência externa e do cenário político, na quinta-feira o dólar subiu 1%, numa sessão sem intervenção do BC, a R$ 3,4035, após seis pregões consecutivos de baixa. O Ibovespa recuou 0,99%, a 51.118 pontos, com forte declínio das ações da Vale e realização de lucros, após alta anterior das commodities. Durante a semana, o petróleo experimentou valorização expressiva, impulsionado não só pelo recuo do dólar, como também pela queda da produção nigeriana.
Obrigada, bom fim de semana e até o próximo Panorama Semanal da Órama.
*Dados atualizados até quinta-feira, às 21h.