Panorama Semanal – 11 a 15 de abril
O quadro político nacional guiou os rumos dos mercados esta semana. A possibilidade de que o impeachment da presidente Dilma Rousseff fosse concretizado deu combustível para uma forte corrida de compras de ações e valorização do real. Sinais de melhora da economia global também foram relevantes.
A semana começou turbulenta, com a aprovação do relatório do impeachment na Comissão Especial. Em seguida, veio o anúncio de PP, PRB, PSD e PTB de que apoiariam a saída de Dilma da Presidência. E o PMDB, partido que tem a maior bancada na Câmara, informou que orientará seus deputados a votarem contra a presidente.
Para que o pedido de impeachment seja aprovado na Câmara, em votação marcada a princípio para este domingo, são necessários 342 votos. Se passar na Câmara, o processo segue para o Senado, onde o mínimo necessário para que a presidente seja afastada é de 41 votos. Se isso ocorrer, Dilma tem 180 dias para apresentar sua defesa.
Em entrevista à jornalista Eliane Cantanhêde, da Globonews, o vice-presidente, Michel Temer, afirmou estar preparado para assumir a Presidência. Um polêmico áudio de Temer, que teria sido divulgado por engano, veio a público. Nele, Temer defende o impeachment e fala em governo de salvação nacional. Dilma reagiu, falou em golpe de Temer e Cunha, mas admitiu a possibilidade de derrota na Câmara.
Na quinta-feira, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para anular o processo de impeachment. A ação foi negada.
Nesta sexta-feira, tanto os autores do pedido de impeachment quanto a defesa da presidente Dilma se pronunciam oficialmente.
No âmbito da Lava Jato, a PF deflagrou a 28ª fase da operação e prendeu o ex-senador Gim Argello.
Enquanto o cenário político não se define, os números da economia são pessimistas. O Brasil, de acordo com o Panorama Econômico Mundial, do FMI, enfrentará uma recessão de 3,8% este ano e sem perspectiva de crescimento em 2017.
Já o montante de inadimplentes no país alcançou o recorde de 60 milhões – ou 41% da população brasileira com mais de 18 anos. A taxa é a maior registrada desde o início da série histórica, em 2012, de acordo com a Serasa Experian.
A inflação, por sua vez, registrou leve alta, de 0,4%, segundo o IGP-10 da Fundação Getúlio Vargas. A taxa, porém, arrefeceu quando comparada com as apresentadas em março deste ano (+ 0,58%) e abril do ano passado (+ 1,27%). No ano, o IGP-10 soma 3,25% e, no acumulado de 12 meses, 10,82%.
As estimativas para as contas do governo também têm piorado. Segundo a pesquisa Prisma Fiscal, elaborada pelo Ministério da Fazenda, instituições financeiras acreditam que o governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) encerrará o ano com déficit de R$ 100,450 bilhões.
Lá fora, números dos EUA mostraram que a economia do país continua a se recuperar. O total de pedidos de auxílio desemprego atingiu o menor nível em 42 anos. O dado surpreendeu o mercado. Outros indicadores, como diminuição do número de desempregados e aumento salarial, também revelaram melhoras, conforme reportou o Fed (o banco central americano). Mas a autoridade monetária vem deixando claro que, ao subir os juros, o fará num ritmo menor que o esperado.
Assim, o Ibovespa, que atingiu a maior alta em nove meses no pregão de quarta-feira, devido ao cenário político brasileiro, recuou na quinta-feira com a decisão de Cardozo de entrar com a ação no Supremo, e fechou em queda de 1,39%, aos 52.411 pontos. Houve ainda um movimento de realização de lucros, que contribuiu para a queda. Nos pregões anteriores, papéis ligados a siderurgia e mineração foram os que mais subiram, devido a dados positivos da China.
Já no mercado de câmbio, mesmo com atuações significativas do BC, o dólar ficou pressionado para baixo a semana toda. A moeda americana encerrou a quinta-feira praticamente estável, cotada a R$ 3,476.
Obrigada, bom fim de semana e até o próximo Panorama Semanal da Órama.
*Dados atualizados até 15/04/2016 às 09:44