Panorama Semanal – 29 de fevereiro a 4 de março
A semana foi tão turbulenta no Brasil que parece ter havido um dia a mais. E não foi por causa do ano bissexto. O cenário político dominou os indicadores, mesmo com a divulgação da taxa Selic e do PIB de 2015, além de importantes eventos externos. E novos desdobramentos são esperados com a 24a fase da Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira pela PF, com o foco no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na quinta-feira, quando foi divulgado que o PIB recuou 3,8% em 2015, a maior retração dos últimos 25 anos, os holofotes se voltaram para o vazamento de parte do conteúdo da delação premiada do senador petista Delcídio do Amaral no âmbito da Lava Jato. Ele teria feito a primeira denúncia que afeta diretamente a presidente Dilma Rousseff no escândalo.
Com base no noticiário, o mercado entende que aumenta a possibilidade de impeachment da presidente e, assim, o dólar recuou e fechou a quinta-feira na casa dos R$ 3,80.
Durante toda a semana, o quadro político influenciou diretamente a cotação da moeda americana, numa ou noutra direção, gerando volatilidade. A suposta delação do empresário Leo Pinheiro, com indícios de pagamento de gastos de campanha por empreiteiras, por exemplo, também fez o dólar recuar. Já a saída do ministro José Eduardo Cardozo da pasta da Justiça influenciou a cotação para cima, porque o mercado entendeu que isso poderia atrapalhar as investigações da Lava Jato.
A Bolsa também foi fortemente impactada pelas notícias políticas. Na quinta-feira, por causa da notícia sobre Delcídio, o Ibovespa operou em alta e encerrou com ganho de mais de 5%, aos 47.193 pontos, com as ações de empresas estatais valorizadas. Foi a maior alta desde outubro de 2009.
Outro destaque da semana foi a decisão do Supremo Tribunal Federal, por unanimidade, de tornar o deputado Eduardo Cunha réu na Lava Jato.
E, na quarta-feira, o governo decidiu manter a Selic em 14,25% ao ano, pela quinta vez consecutiva, sem grandes surpresas. Mas a decisão não foi unânime: seis diretores do Banco Central votaram pela manutenção da taxa básica e dois pela sua elevação.
China e petróleo também continuaram a mexer com os mercados, assim como os dados mistos, pouco elucidativos, sobre a recuperação sustentável da economia americana. Na China, houve a redução do compulsório para o setor bancário, com a recuperação dos preços das matérias-primas. A cotação do petróleo subiu.
Nos EUA, ganharam mais força esta semana os pré-candidatos à Presidência, Hillary Clinton, pelo partido Democrata, e Donald Trump, pelo Republicano.
Obrigada, bom fim de semana e até o próximo Panorama Semanal da Órama.
*Dados atualizados até 04/03/2016.