Panorama Semanal – 22 a 26 de Fevereiro*
Os mercados flutuaram ao sabor do petróleo esta semana. Rumores e desmentidos sobre o controle ou a restrição da produção pela Opep fizeram dançar a cotação do óleo, afetando as bolsas e as moedas.
A volatilidade também veio da China, onde as autoridades buscam acalmar os investidores, afirmando serem capazes de manter estabilidade no mercado, ao mesmo tempo que implementam reformas estruturais. Supostas possibilidades de desvalorização do yuan geraram tensão.
No Brasil, as principais notícias foram a prisão do “marqueteiro” João Santana (campanhas do PT) e a perda do grau de investimento pela Moody’s.
João Santana, preso na 23ª fase da Lava-Jato, deflagrada na segunda-feira, é acusado de receber US$ 7,5 milhões por meio de uma offshore não declarada.
A PF também deflagrou, na quinta-feira, a nova fase da Operação Zelotes, com foco no Grupo Gerdau. Alguns executivos são investigados por envolvimento em fraudes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
Na terça-feira, chamou a atenção o panelaço em diversas capitais brasileiras, em protesto ao programa de TV do PT.
O rebaixamento veio na quarta-feira. A agência de classificação de risco Moody’s é a terceira agência, após S&P e Fitch, a retirar o selo do Brasil, reduzindo a nota em dois degraus, com perspectiva negativa. Segundo a Moody’s, o ambiente político é “desafiador” e complica a questão fiscal.
Internamente, outros dados também preocupam. O IPCA-15, prévia da inflação oficial, subiu para 1,42% em fevereiro, a taxa mais alta para os meses de fevereiro desde 2003. O desemprego acelerou para 7,6%, no pior janeiro desde 2009, com a renda média do trabalhador recuando 7,4% em um ano.
Já a arrecadação federal de janeiro registrou R$ 129 bilhões, o mais baixo valor para o primeiro mês do ano desde 2011.
Por outro lado, com a crise interna e o dólar valorizado, os gastos dos brasileiros no exterior despencaram 62% em janeiro, na comparação com janeiro de 2015. Na ótica positiva, o déficit das contas externas do país recuou 60%.
Assim, no fechamento da quinta-feira, o Ibovespa caiu 0,47% aos 41.887 pontos, muito embora as bolsas europeias e americanas tenham subido, estas últimas por causa de dados positivos de recuperação industrial nos EUA. No Brasil, a queda do dia foi influenciada sobretudo pela Vale, que divulgou prejuízo de R$ 44,2 bilhões em 2015. As ações da mineradora caíram mais de 5%. Já os papéis da Gerdau foram afetados pelo noticiário político. Petrobras, por sua vez, subiu, com a aprovação de novas regras para o pré-sal, sem a exclusividade da estatal como operadora.
O dólar comercial caiu 0,21%, encerrando a quinta-feira a R$ 3,948. A queda se deu devido a novas expectativas sobre a recuperação do preço do petróleo. Isso porque representantes de Rússia, Arábia e Qatar devem se reunir no mês que vem para discutir o congelamento da produção da commodity. O mercado também interpretou que aumentaram as chances de impeachment da presidente Dilma Rousseff (no caso de o PMDB romper com o governo), o que também fez recuar a moeda americana.
Obrigada, bom fim de semana e até o próximo Panorama Semanal da Órama.
*Dados atualizados até 12h20min de 26/02.