Panorama Semanal – 25 a 29 de Janeiro*
A última semana de janeiro reforçou a alta volatilidade e as preocupações com os riscos de uma recessão global, com a desaceleração da economia chinesa e as variações na cotação do petróleo.
Novos dados de desaquecimento da China, como o consumo menor de combustíveis, entre outros, e a condução da política econômica levaram a quedas nas bolsas globais e nos preços das commodities.
Os preços de petróleo começaram a semana caindo bastante, com as notícias sobre o aumento da oferta mundial, mas ao fim houve certa recuperação, a partir de uma suposta predisposição de membros da Opep de fazer cortes na produção.
Dizendo-se atento aos problemas do cenário global, o Fed (banco central americano) optou pelo gradualismo e não mexeu com os juros.
Aqui no Brasil, a ata do Copom também mencionou, além de incertezas domésticas, a ampliação das incertezas externas, na justificativa para ter mantido inalterada a Selic na semana passada. A decisão do Copom mexeu com as projeções do mercado. De acordo com o boletim Focus desta semana, a estimativa para Selic em 2016 caiu de 15,25% para 14,64%. Já a inflação projetada subiu de 7% para 7,23%.
Divulgações de dados econômicos no Brasil também não animaram o mercado esta semana. A questão fiscal preocupa. O Ministério da Fazenda informou que o governo central fechou 2015 com déficit primário de R$ 114,9 bilhões, o pior resultado da história.
Já a dívida pública federal aumentou 21,7% em dezembro, ante dezembro do ano anterior, para R$ 2,793 trilhões.
E a taxa de desemprego fechou 2015 em 6,8%, no maior nível desde 2009, representando uma alta considerável em relação a 2014, quando estava em 4,8%. No mais, após uma década de alta na renda média do trabalhador brasileiro, esta variável caiu 3,7% no ano passado.
Enquanto isso, os preços não dão trégua este ano, como mostra o IGP-M de janeiro, que saltou para 1,14%.
Uma boa notícia ocorreu nas contas externas brasileiras. O déficit ficou em US$ 58,9 bilhões em 2015, o menor desde 2010. A alta do dólar e a trajetória recessiva foram responsáveis por essa melhora, já que reduziram as importações do país.
Na quinta-feira, o governo anunciou, no chamado Conselhão (reformulado), um polêmico pacote de estímulo ao crédito, em torno de R$ 80 bilhões. Uma das propostas é o uso do FGTS para o consignado. A volta da CPMF também foi defendida pela presidente Dilma Rousseff.
Na esfera política, o fato que mais repercutiu esta semana foram as denúncias no âmbito da Lava Jato envolvendo um apartamento e o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na quinta-feira, o Ibovespa fechou em alta de 0,66%, aos 38.630 pontos. Durante o pregão, que andou no ritmo do petróleo, o indicador foi a 39.100 pontos. As ações da Petrobras chegaram a subir mais de 12%, mas depois recuaram.
A estatal, aliás, divulgou esta semana seu plano de reestruturação interna, com a meta de redução de R$ 1,8 bilhão nos gastos por ano. Entre as medidas, estão a extinção de uma diretoria e o corte de cargos gerenciais.
E o dólar encerrou a quinta-feira em leve queda, acompanhando o movimento lá fora. Aqui, no entanto, pesaram expectativas de manutenção da Selic no ano, devido à ata do Copom e ao déficit registrado pelo governo central. A moeda americana fechou a R$ 4,0787.
Obrigada, bom fim de semana e até o próximo Panorama Semanal da Órama.
Dados atualizados até 07h54 de 29/01.