Educação Financeira para Crianças
Conversar sobre dinheiro é um fator de medo para grande maioria dos americanos, conforme divulgado na pesquisa “Learning and Progress Study 2014”, da Northwestern Mutual, um projeto anual que explora as atitudes e comportamentos em relação às finanças e planejamento.
No Brasil, não acho que seja diferente, porém, quando pensamos especificamente na falta de diálogo sobre finanças com as crianças, isso pode acabar levando a sérias consequências no longo prazo.
Dado que em outubro comemoramos o dia das crianças e a Órama em parceria com o Dinheirama acaba de lançar o eBook Pais Presentes, Filhos Ricos, vou aproveitar esta pauta e comentar alguns princípios que devem ser construídos com os filhos para que eles consigam alcançar a independência e segurança financeira na vida adulta.
Comece a falar sobre o tema o mais cedo possível
Você pode começar a falar sobre dinheiro com as crianças a partir dos três anos.segundo especialistas no assunto. Nesta fase eles já sabem contar e compreendem que precisam de recursos para comprar o sorvete, brinquedos e roupas, além de já conseguirem identificar notas, moedas e seus respectivos valores. Essa idade é ideal para que os pais comecem a estimular a curiosidade das crianças sobre dinheiro, fazendo brincadeiras e perguntas.
Apresentar o conceito do dinheiro para a criança não significa ensinar que elas só devam valorizar o que se pode comprar. É importante que os pequenos também aprendam a dar valor ao que é de graça, como brincar com um amigo ou ir à pracinha.
Ensine como ganhamos dinheiro
Outro ponto importante para ensinar às crianças é que na vida adulta não ganhamos dinheiro, mas o recebemos em troca dos trabalhos prestados. Ao tocar neste assunto, os pais também podem abordar de maneira sutil questões tributárias, comentando que parte do dinheiro que recebem pelo seu trabalho vai para o governo a fim de financiar serviços, como saúde e educação.
Uma maneira de ensinar os filhos logo cedo sobre como obtemos dinheiro é descrever seu trabalho e falar das outras diversas profissões existentes. Também é válido abordar sobre restrições orçamentárias e orientar que, por isso, é preciso ter paciência e se planejar para comprar os objetos de desejo.
Desejo ou necessidade?
A diferença entre o que se quer e o que se precisa é outro princípio que deve ser ensinado, como, por exemplo, a diferença de se gastar com supermercado e com uma roupa nova. Para isso, envolva as crianças na conversa sobre como a sua família decide o que comprar e o que deixa para depois. O que é mais importante comprar: cookies ou frutas? Refrigerante ou leite? Faça uma lista com coisas que são necessárias, como o aluguel/prestação do imóvel, contas de luz, de internet e roupas, versus itens opcionais. Dessa forma você estará mostrando que há um número infinito de coisas para se comprar, divididos em dois grupos, um do desejo e outro da necessidade.
Fazendo escolhas
A partir dos seis anos as crianças já estão preparadas para fazer escolhas. Assim sendo, a partir dessa idade é uma boa ideia sair pelos shoppings e supermercados comparando os preços com seus filhos, antes de decidir o que comprar.
É importante colocar que como os recursos financeiros da família são limitados, muitas vezes uma escolha implica em uma renúncia. Mostrar isso para os filhos é um excelente exercício para a vida adulta, na qual ele de fato terá que ponderar o tempo todo sobre o que vai gastar hoje e o que vai deixar para depois.
Aprendendo a fazer um orçamento
A partir do 13 anos, a criança já pode começar a desenvolver noções de orçamento, principalmente aquelas que recebem mesada. Aliás, este é um assunto sobre o qual os especialistas divergem. Alguns afirmam que dar mesada é válido, pois ajuda as crianças a compreenderem a necessidade de organizar o orçamento. Outros afirmam que o melhor é remunerá-las de acordo com a realização de tarefas estabelecidas. Essa é uma decisão que cabe aos pais, pois não tem uma fórmula pronta.
Para ensinar sobre orçamento, você pode pedir ajuda das crianças para fazer a lista de compras e gerenciar o orçamento do supermercado. Crie para elas uma versão reduzida de um orçamento, sempre mostrando situações da vida real.
A importância de aprender a poupar
Logo após começar a desenvolver as noções de orçamento, as crianças devem ser incentivadas a poupar para atingir seus objetivos. Aos 15 anos, os pais devem apresentar com mais clareza o conceito de juros compostos e como isso pode trabalhar a favor dos objetivos de cada um.
Os adolescentes devem compreender que quanto antes se começa a poupar, mais o dinheiro vai se multiplicar. Por isso aqui já é possível começar a apresentar alguns tipos de investimento para elas.
Aos 15 anos também é preciso que os jovens comecem a entender que emergências acontecem e que devemos estar financeiramente preparados para isso.
Utilizando cartões de crédito
Os jovens com idade entre 16 e 17 anos já podem utilizar cartões de crédito, se os pais concederem. Atualmente, os bancos disponibilizam cartões com limite estabelecidos e vinculados à conta dos pais. Utilizar cartões de crédito é uma maneira de aproximar e ensinar os filhos a lidar com o dinheiro moderno, mas é preciso orientá-los a não ultrapassar o valor acordado.
Devem entender que todos os gastos se concentrarão na fatura do mês e que usar o cartão de crédito é como tomar um empréstimo. Se você não pagar o valor total da conta, entrará no crédito rotativo e no mês seguinte o banco cobrará juros sobre o saldo a pagar, fazendo com que a conta fique mais cara.
Neste momento também é indicado que se converse com os filhos sobre os cuidados que eles devem ter com suas informações pessoais, como número da conta corrente e do cartão de crédito, para evitar fraudes e roubos.
Que exemplo você quer ser?
De maneira geral, a maioria dos adultos que têm dificuldade para lidar com suas finanças não receberam orientação sobre como lidar com o dinheiro em casa. Infelizmente, parece que a desconexão financeira entre pais e filhos se perpetua, pois 54% dos pais dizem que seus filhos possuem conhecimento sobre administração do dinheiro boa ou excelente, conforme o mesmo estudo referenciado no início do post. No entanto, mais de 78% dos filhos destes pais consideram que o conhecimento que possuem sobre administração do dinheiro é médio ou pobre.
Diante deste descompasso entre o que os pais acham que ensinam sobre finanças e o que realmente ensinam, alguns filhos aprendem a se organizar diante dos exemplos que possuem em casa, sejam positivos ou negativos. Que tipo de exemplo você quer ser para os seus filhos?
Para ter acesso a mais dicas sobre como educar financeiramente seus filhos, baixe gratuitamente o eBook Pais Presentes, Filhos Ricos, um conteúdo muito didático e fácil de ler. Também indico o livro de uma autora que gosto muito, Como falar de dinheiro com o seu filho, de Cássia d’Aquino.
Até a próxima!