Estratégias dos fundos de investimento: assimetria e alavancagem
É muito difícil para alguns entenderem por que aplicar por meio de fundos de investimentos pode ser mais rentável, apesar da taxa de administração cobrada. Além da dedicação e qualificação dos gestores para operar em vários mercados, o volume de recursos dos fundos permite que eles adotem estratégias mais sofisticadas. Com isso, podem também realizar operações que os investidores individuais não têm acesso.
No meu último texto falei sobre algumas das estratégias utilizadas pelos gestores de fundos para incrementar a rentabilidade. Neste vou falar sobre como a assimetria de retornos e a alavancagem podem ser aplicadas por gestores em favor dos cotistas.
Assimetria
A assimetria é uma estratégia utilizada pelos gestores para se beneficiar com a alta dos preços dos ativos, limitando as perdas caso o cenário esperado não se concretize. Por exemplo: o gestor compra contratos futuros de uma determinada commodity, pois vários indicadores do mercado apontam que o preço possa subir 5% nos próximos meses. Todavia, caso a valorização não ocorra, a perda máxima estimada é 1%.
Na assimetria de retornos, o potencial de ganhos é sempre muito superior ao prejuízo que possa advir caso as proposições do gestor não estejam corretas.
É uma estratégia complexa não apenas pelo gerenciamento de risco que deve ser bastante dinâmico e rigoroso, mas também porque o acesso é restrito aos grandes investidores como bancos e gestores de fundos. Como os mercados não são sempre eficientes na precificação dos ativos no curto prazo, como na teoria, e os investidores nem sempre agem racionalmente, essas anomalias geram oportunidades para que a assimetria possa ser aplicada com sucesso.
A estratégia de assimetria é adotada principalmente pelos fundos multimercado, que comumente fazem uso de derivativos. Também pode ser adotada por fundos de renda fixa ou fundos de ações.
Alavancagem
Quando se fala em alavancagem a atenção deve redobrar. Alavancagem remete ao risco de grandes perdas, inclusive podendo resultar em patrimônio líquido negativo para o cotista. Ou seja, além de perder tudo o que foi aplicado, o investidor ainda poderá ser chamado para aportar mais capital para cobrir as perdas geradas pelo fundo.
Alavancar presume uma maior exposição ao risco. Contudo, a estratégia pode ser utilizada em favor dos cotistas e incrementar significativamente os ganhos do fundo. Para tal, é preciso um processo de gerenciamento de risco rigoroso e sofisticado.
A alavancagem realizada em fundos de investimentos é um pouco diferente da tratada usualmente, quando toma-se empréstimos para fazer aplicações e ganha-se na diferença entre a taxa de retorno da aplicação e a taxa do empréstimos. Fundos alavancam por meio de derivativos, sobretudo com contratos futuros e opções de vários ativos. Por exemplo, com os recursos para comprar 1.000 ações de uma empresa, pode-se pagar o prêmio de opções de compra equivalentes a 10.000 ações da mesma empresa.
Não apenas por lidar com resultados futuros, mas pelo risco envolvido, é uma estratégia de médio e longo prazo. Fundos que alavancam tendem a ser mais voláteis e, por isso, quem aplica nestes produtos deve aceitar as variações de curto prazo e ter horizonte de investimento mais extenso.
Nenhuma estratégia dá garantias de rentabilidade elevada
Para finalizar, gostaria de lembrar que nenhuma estratégia garante altas rentabilidades. Estas diferentes estratégias aumentam as chances de se alcançar melhores retornos. Só é possível alcançar ganhos devido à modernização dos mercados e, principalmente, à gestão eficiente do risco. Como disse Benjamin Graham “A essência da gestão de investimentos é a gestão do risco e não a gestão dos retornos”.
Assim, ao selecionar fundos de investimentos é importante conhecer o histórico e experiência da equipe de gestão e também o controle de risco que empregam.
Qualquer dúvida sobre as estratégias utilizadas pelos gestores ou sobre alocação de investimentos, é só comentar que vamos te ajudar.