Ata do Copom – Novembro 2023

Compartilhe o post:
ATA DO COPOM – 258ª REUNIÃO

A Ata do Copom trouxe um tom mais “duro” que o comunicado pós-encontro, principalmente atentando-se aos riscos no exterior e trazendo a palavra cautela cinco vezes – enquanto na última ata havia sido citado apenas duas vezes. 

A decisão do Comitê de reduzir 0,50 p.p., levando a Selic a 12,25%, não veio como surpresa, assim como a indicação unânime dos próximos passos, de manter os cortes de 50 bps nas próximas reuniões. Vale ressaltar, no entanto, que foi retirado do documento a parte em que se dava as condições para um aumento de ritmo dos cortes, que já era pouco provável ao nosso ver. 

O cenário externo foi amplamente explorado, onde avaliam que a conjuntura está adversa (antes classificada como incerta). As altas taxas de juros de longo prazo, que atingiram recentemente 5%, maior taxa desde 2007, a resiliência dos núcleos de inflação em níveis elevados e as tensões no Oriente Médio foram citadas como as principais causas. 

Foi debatido também os múltiplos canais de transmissão da taxa de juros norte-americana para a economia brasileira e os seus efeitos. Em tal discussão, levantou-se a hipótese da transmissão via dívida soberana de emergentes, crédito privado e taxa de câmbio exigindo assim maior cautela dado o nível de incerteza. 

Já no cenário doméstico, ainda que o Comitê tenha reconhecido a trajetória benigna da inflação e a perda de tração da atividade econômica, dada a volatilidade e possibilidade de reversões abruptas, é demandada serenidade e moderação na condução da política monetária. 

Do lado fiscal, foi reforçado que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, que aumenta o custo de desinflação. A incerteza sobre a execução das metas, como salientamos no comentário do Comunicado, não pode ser desconsiderada, pois pode interferir na política monetária. O Comitê reafirmou a necessidade de persecução dessas metas e sua importância para a ancoragem das expectativas.

Por fim, em nossa visão o comportamento do BC foi acertado, tanto na decisão quanto nas mensagens, reduzindo ainda mais as expectativas do mercado de uma intensificação na magnitude dos cortes. Apesar do tom hawkish da ata, mantemos nosso cenário de cortes de 0,50 p.p., com um final de 0,25 p.p., até chegar na taxa terminal de 9,5%, no terceiro trimestre de 2024.

Ata do Copom – 258ª reunião


Alexandre Espirito Santo – Economista-Chefe
Eduarda Schmidt – Analista de Macroeconomia

Este material foi elaborado pela Órama DTVM S.A.. Este material não é uma recomendação e não pode ser considerado como tal. Recomendamos o preenchimento do seu perfil de investidor antes da realização de investimentos, bem como que entre em contato com seu assessor para orientação com base em suas características e objetivos pessoais. Investimentos nos mercados financeiros e de capitais estão sujeitos a riscos de perda superior ao valor total do capital investido. Este material tem propósito meramente informativo. A Órama não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações aqui divulgadas. As informações deste material estão atualizadas até 07/11/2023.
Compartilhe o post:

Posts Similares