Ata do Copom – Setembro 2023
ATA DO COPOM – 257ª REUNIÃO
Diante do consenso do mercado em relação ao corte de 50bps na reunião, era esperado uma ata com poucas surpresas. No comunicado, o Banco Central decidiu pela redução da taxa Selic a 12,75%, em uma decisão sem dissenso.
Enxergamos que a ata veio em linha com as expectativas. No entanto, o documento deu ênfase em temas que o Banco Central parece estar dedicando maior atenção, como foi o caso dos parágrafos que alertam sobre as condições externas e o que reforça a persecução das metas fiscais domésticas. Sendo assim, nossa visão é que o Comitê foi um pouco mais rígido do que o previamente esperado.
No que diz respeito ao cenário externo, o colegiado alertou sobre a elevação das taxas de juros de longo prazo americanas, atribuindo, apesar disso, uma maior probabilidade a uma moderação suave da atividade. Em relação à China, os membros avaliam que a redução do crescimento é estrutural, mas que seu impacto sobre o resto do mundo, principalmente ao Brasil, ainda depende da magnitude das respostas contracíclicas que podem vir a ser implementadas pelo governo chinês.
Por aqui, o Comitê debateu sobre os motivos para o crescimento mais resiliente da economia nos últimos trimestres, sendo quatro principais:
- Efeitos indiretos da pujança do setor agropecuário sobre o restante dos setores;
- Elevação da renda disponível, seja via o mercado de trabalho mais apertado, queda nos preços dos alimentos ou programas de transferências de renda;
- Aumento da taxa neutra de juros;
- Aumento do crescimento potencial, com implicações sobre o hiato do produto.
Ainda que não tenham chegado a uma conclusão sobre qual a tese de maior impacto estrutural, é importante a discussão uma vez que cada caso exige uma condução de política monetária distinta.
Além disso, os diretores do banco central reforçaram a visão de que a reversão de reformas estruturais, o aumento do crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia. Assim, argumentam que parte da incerteza observada nos mercados atualmente se refere à execução das medidas de receita e despesas compatíveis com o arcabouço e o atingimento das metas fiscais e reforça a importância da persecução das metas fiscais. Adicionalmente, o documento voltou a discutir o hiato do produto, citando que o Comitê julga que ele está mais apertado do que anteriormente estimado.
Em relação à dinâmica inflacionária, vimos uma análise que avalia a evolução benigna do cenário, em linha com o esperado, com uma dinâmica positiva dos preços de alimentos e no atacado, além de apresentar desaceleração nos preços de serviços e subjacentes. Os riscos inflacionários se mantiveram os mesmos em ambas direções. Por fim, o Copom pontua que segue preocupado com a dificuldade da reancoragem total das expectativas de inflação.
Desse modo, após a análise do cenário mirar principalmente nas expectativas de inflação desancoradas, ainda que estáveis, na desaceleração da inflação de serviços e no aperto do hiato do produto na margem, todos os membros votaram por uma redução de 50 bps.
Em relação às próximas reuniões, o Comitê espera novos cortes de 50 bps, como já havia sido citado no comunicado. A possibilidade de uma redução mais forte, de 0,75 p.p., foi mantida como muito improvável, dependendo de uma alteração significativa da dinâmica da inflação, como uma reancoragem bem mais sólida dos fundamentos das expectativas, abertura contundente do hiato ou uma inflação de serviços muito mais benigna do que antecipado, hipóteses que parecem improváveis no curto prazo. A ata contribuiu para reduzir as apostas do mercado por um corte mais forte na decisão de dezembro.
Nossa expectativa é que os cortes se mantenham na mesma magnitude, levando a Selic no fim de 2023 para 11,75%. No entanto, frente às dificuldades fiscais e instabilidades no exterior, aumentamos nossa projeção de Selic terminal a 9,5%, de 9,0% anteriormente.
Ata do Copom – 257ª reunião
Alexandre Espirito Santo – Economista-Chefe
Eduarda Schmidt – Analista de Macroeconomia
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