Queda da taxa de juros chinesa e discursos de membros do Banco Central movimentam o dia
NESTA MANHÃ
- Hoje, o mercado doméstico segue acompanhando o atrito entre Haddad e Lira, que pode atrasar o andamento do arcabouço fiscal na Câmara. Ao longo do dia teremos eventos onde falam o diretor de política monetária do BCB, Gabriel Galípolo, e o presidente do BCB, Roberto Campos Neto. Nos Estados Unidos serão divulgados os dados do varejo e, ao fim da manhã, Neel Kashkari, membro do Fed de Minneapolis participa de conferência organizada pelo Grupo APi. Ao fim do dia será divulgado o balanço de Nubank (NYSE: NU), Raízen (RAIZ4) e Americanas (AMER3).
- As bolsas na Ásia fecharam sem sinal único, apesar do peso maior para queda. O índice Xangai Composto fechou com recuo 0,07%, o Hang Seng em baixa de 1,03% e o Nikkei com alta de 0,56%.
- O Banco Central da China surpreendeu ao cortar duas de suas principais taxas de juros pela segunda vez em três meses. As taxas para os empréstimos de um ano caíram 15bps para 2,50% e a taxa dos acordos de recompra reversa recuaram de 1,90% para 1,80%.
- Esse movimento de juros se dá após resultados fracos da produção industrial e vendas no varejo. A indústria cresceu 3,7% em julho em relação ao ano passado, abaixo do crescimento de 4,6% previsto por economistas. No caso do varejo, a métrica subiu 2,5% na comparação interanual, também abaixo da alta de 4,4% esperada por economistas.
- Na Europa, as bolsas operam em queda com sinais da China e dados locais em foco. Desse modo, o índice Stoxx Europe 600 recua 0,98%.
- No Reino Unido foram divulgados os dados de salário, que mostraram um crescimento de 7,8% no trimestre até junho e revisaram para cima a alta dos ganhos salariais no trimestre encerrado em maio, reforçando as expectativas de mais aumento de juros pelo Banco da Inglaterra na próxima reunião.
- Os futuros dos índices de ações de Wall Street indicam abertura em baixa para o pregão.
- O rendimento do T-Notes de 10 anos está em 4,23%.
- Os contratos futuros do Brent caem 0,50%, a US$ 85,78 o barril.
- O ouro recua 0,22%, a US$ 1.902,90 a onça.
- O Bitcoin negocia a US$ 29 mil.
AGENDA DO DIA
- 09:30 EUA: Vendas no Varejo (Jul)
- 09:30 EUA: Índice de Manufatura Empire State (Ago)
- 10:15 Brasil: Monitor do PIB – FGV (Jun)
- 10:30 Brasil: Gabriel Galípolo, membro do BC, falará ao Conselho Federal de Economia
- 12:00 Brasil: Roberto Campos Neto, presidente do BC, palestrará na Frente Parlamentar Mista do Empreendedorismo
- 12:00 EUA: Discurso de Kashkari, membro do FOMC
- 12:30 Brasil: Gabriel Galípolo, membro do BC, participa de evento online do site Brazil Journal.
RESUMO DO FECHAMENTO ANTERIOR
BRASIL
O Ibovespa deu continuidade à sequência negativa, fechando com queda de 1,06%, a 116.809,55 pontos, a 10° perda consecutiva. Essa marca não havia sido vista desde as 11 perdas seguidas em fevereiro de 1984, de acordo com informações do AE Dados. Ao longo do dia houve piora do sentimento do investidor, o que afeta em especial o setor de commodities por conta do fraco desempenho da China.
Os juros futuros encerraram a sessão em alta, contaminados pela elevação da tensão no cenário internacional diante do desconforto com a atividade chinesa e os sinais de instabilidade política na América Latina. No cenário interno há incômodo com a demora na tramitação das reformas no Congresso, em meio ao estremecimento das relações entre Executivo e Legislativo, além da perspectiva de reajuste nos preços dos combustíveis impactando a inflação.
O dólar abriu a semana em alta de 1,25%, cotado em R$4,9660, diante do fortalecimento da moeda americana no exterior com a preocupação em relação à economia chinesa e os preços de commodities. Investidores já iniciaram negócios por aqui sob impacto do anúncio da incorporadora chinesa Country Garden de suspensão das negociações de títulos de dívida onshore, após projeções de prejuízo expressivo no primeiro semestre. As expectativas em torno de um aumento de estímulos monetários seguem crescendo, mesmo frente ao ceticismo sobre a capacidade do governo chinês aquecer a atividade.
EXTERIOR
As bolsas de Nova York fecharam em alta, impulsionadas pelo desempenho positivo das empresas do setor tecnológico. O índice Dow Jones fechou em alta de 0,08%, o S&P 500 avançou 0,58% e o Nasdaq subiu 1,05%. Um dos destaque do pregão foi a Nvidia, que registrou um avanço de mais de 7%, impulsionada pela recomendação de compra do Morgan Stanley.
Em sessão com agenda esvaziada, os retornos dos Treasuries subiram, com investidores se posicionando para os dados de indústria e varejo programados para serem publicados esta semana.
No câmbio, o índice DXY subiu 0,34%, motivado por dados mais fracos de todo o mundo, em especial a China, que reforça o sentimento de cautela.
ARGENTINA
Um dia após a vitória inesperada do político de extrema direita Javier Milei nas primárias, os mercados sofreram forte turbulência na Argentina. O banco central respondeu desvalorizando a taxa de câmbio oficial em até 22%, para 350 pesos por dólar. A autoridade monetária elevou, ainda, as taxas de juros em 21 pontos percentuais, para 118%. (Valor)
INDICADORES ECONÔMICOS NOS EUA
A expectativa da inflação ao consumidor de julho caiu em todos os horizontes, de acordo com a pesquisa feita pelo Fed de Nova York. A mediana da expectativa de 1 ano à frente caiu de 3,8% para 3,5%, e de 3,0% para 2,9% no caso das expectativas para os horizontes de 3 e 5 anos adiante. A queda da expectativa de curto prazo foi a quarta consecutiva, levando-a para o menor nível desde abril/2021.
INDICADORES ECONÔMICOS NO BRASIL
O Banco Central divulgou ontem, segunda-feira (14), que o IBC-Br apresentou um incremento de 0,63% em junho, na comparação mensal, levemente abaixo da mediana das expectativas (0,65%), que variavam entre queda de 0,90% e alta de 1,50%. Na comparação com junho do ano anterior, o índice subiu 2,10%, melhor desempenho do mês desde o início da série histórica, em 2003. No acumulado de 12 meses, houve alta de 3,35%. Leia o relatório completo aqui.
RESULTADOS CORPORATIVOS
A ITAÚSA (ITSA4) teve um lucro líquido de R$3,593 bilhões no segundo trimestre, uma alta de 16,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. A alta teve uma contribuição relevante da venda de ações da XP Inc. (NASDAQ: XP) no período.
A JBS (JBSS3) registrou um prejuízo líquido de R$263,6 milhões no trimestre, frente ao lucro de R$3,952 bilhões no mesmo período do ano passado. De acordo com a companhia, os números foram impactados pela oferta elevada de aves no mercado internacional, e pelas margens mais apertadas no segmento de carne bovina nos Estados Unidos.
A BRF (BRFS3) divulgou um prejuízo líquido de R$1,34 bilhão no segundo trimestre de 2023, bem acima do prejuízo de R$451 milhões visto no mesmo período de 2022.
A Magalu (MGLU3) reportou um prejuízo líquido ajustado de R$198,8 milhões no segundo trimestre, resultado 77,3% maior do que o prejuízo registrado no ano passado. A empresa argumenta que a causa principal são as grandes despesas financeiras com os juros. De acordo com a companhia, cada ponto percentual de redução da taxa Selic representa uma economia anual de R$150 milhões.
POLÍTICA NO BRASIL
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, em entrevista ontem (14), que a Câmara dos Deputados “está com um poder muito grande”. A declaração criou ruído na relação com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), azedou o clima político e obrigou o ministro a dar explicações. Uma reunião para tratar do arcabouço fiscal foi cancelada a pedido dos líderes partidários e a votação da proposta pela Casa está sem data marcada. (O Globo)
Ao mesmo tempo em que o governo anuncia um grande plano de investimento federal em obras de infraestrutura, os ministérios já começaram a ir atrás de mais recursos para as despesas discricionárias em 2024. Os ministérios cobram até o dobro do valor informado como referência no mês passado, e serão analisados pela pasta do Planejamento, podendo ou não ser atendidos a depender do espaço fiscal. (Valor)
O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o fim do parcelamento sem juros não é uma saída para acabar com as altas taxas de juros do rotativo. De acordo com ele, os juros do rotativo são um grande problema, mas outras soluções devem ser estudadas. De toda forma, a Febraban, Federação Brasileira de Bancos, afirmou que não há qualquer pretensão de se acabar com as compras parceladas no cartão de crédito, mas há, no entanto, um debate sobre o parcelamento e como a inadimplência maior nessas operações afeta o custo e o risco de crédito. (Folha)
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