Levantamento da Produção Agrícola – Julho 2023
O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de julho de 2023, mostrou que a estimativa para a safra agrícola de grãos deste ano é de um aumento de 17,37% em relação à produção em 2022. Em comparação com a expectativa de junho, houve um aumento de 1,6 milhões de toneladas de grãos, o que representa uma safra recorde para o ano de 308,8 milhões de toneladas.
A Soja e o Milho, principais commodities brasileiras, tiveram aumento na expectativa de produção no ano, de 388 e 753 mil toneladas, respectivamente. Para as duas, a perspectiva é de safra recorde.
Em relação à área plantada do grupo de Cereais, leguminosas e oleaginosas, espera-se um aumento de 4,75% em comparação com 2022, totalizando 77,2 milhões de hectares. Para a área total dos itens da pesquisa, a estimativa é que cresça 4,33%, para 92,2 milhões de hectares.
Olhando para a área colhida, o levantamento antecipa um aumento de 4,74% do total e de 5,22% para o grupo. Em hectares, isso representa uma área de 91,9 e 77,1 milhões, respectivamente.
Na comparação com o mês anterior, houve um aumento de 161 mil hectares de perspectiva de área plantada e de 118,9 mil hectares de área colhida para o grupo, com destaque para a Soja (90 mil hectares de área plantada e 89,8 mil hectares para a área colhida) e para o Algodão (73,7 mil hectares de área plantada e para a área colhida).
Estamos vendo a perda de produtividade de algumas culturas, e uma possível explicação é um início do El-Niño afetando as safras. Alguns itens apresentam neste mês uma expectativa de produção mais baixa, mesmo com uma área plantada maior, em comparação com as últimas estimativas, como o arroz e o milho.
O arroz, o milho e a soja, os três principais produtos do grupo, somados, equivalem a 92,0% da estimativa da produção de grãos no ano e respondem por 87,1% da área a ser colhida.
Para o fim de 2023 a nossa projeção para o PIB é de 2,1%, impulsionado pelo surpreendente desempenho do Agro, que no primeiro trimestre do ano cresceu 21,6%.
É importante ressaltar que por uma questão de adequação às normas internacionais, o IBGE agrupa as atividades econômicas em agropecuária, indústria e serviços. Logo, no PIB, a agropecuária diz respeito exclusivamente ao que entendemos como produção “dentro da porteira”, correspondendo a cerca de 5% do PIB. Se olharmos para a participação do agronegócio, como um todo, na atividade econômica, esse percentual sobe para entre 25-30%, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
SOJA
A soja, principal commodity brasileira, deve ter uma safra 24,46% maior, totalizando 148,8 milhões de toneladas em 2023. A estimativa representa um novo recorde de produção. A área plantada esperada é 6,03% superior à do último ano, com 43,6 milhões de hectares. Já na área colhida, o crescimento estimado é de 6,58%, também com 43,6 milhões de hectares, indicando um aumento de produtividade em relação ao último ano.
Em relação a junho, a expectativa de produção aumentou em 388,2 mil de toneladas, o que representa 1,2 milhões de toneladas acima da estimativa de janeiro. Já a área plantada apresentou um aumento de perspectiva de 90 mil hectares, enquanto a área colhida teve aumento da estimativa em 89,8 mil hectares.
MILHO
Estima-se que o milho, somando as duas safras, deva ter uma produção recorde 13,65% acima de 2022, com 124,5 milhões de toneladas. É esperado que a área de plantio do milho cresça 3,44%, para 22,1 milhões de hectares. Enquanto para a área de colheita antecipa-se um aumento de 3,79% em relação ao último ano, com 22,0 milhões de hectares.
Em relação a junho, a expectativa de produção cresceu em 753,3 mil de toneladas. Ao passo que a área plantada apresentou uma redução de perspectiva de 15,9 mil hectares e a área colhida teve uma queda de 37,9 mil hectares em sua estimativa.
ARROZ
Para o arroz a estimativa é de 10,0 milhões de toneladas produzidas, isto é, uma safra 5,80% menor do que em 2022. Estima-se também uma redução em 7,41% da área plantada e de 6,52% da área colhida, ambas para 1,5 milhões de hectares.
Em relação a junho, a expectativa de produção teve um aumento de 19,6 mil toneladas. Enquanto a área plantada apresentou uma redução na perspectiva de 4,5 mil hectares e área colhida esperada reduziu em 9,6 mil hectares.
CAFÉ
O café, somando o Arábica e o Canephora, deve ter uma produção 5,29% maior, de 3,3 milhões de toneladas. A projeção é que a área plantada aumente em 2,96%, passando a 1,93 milhões de hectares. Para a área de colheita, a estimativa também é de crescimento de 2,97%, indo a 1,91 milhões de hectares. Vale ressaltar que o ano é de bienalidade negativa para o café e, mesmo assim, espera-se uma produção superior a de 2022.
Em relação a junho, a expectativa de produção do café ficou estável, assim como a estimativa de área plantada e colhida
CANA DE AÇÚCAR
A cana de açúcar tem expectativa de aumento de 6,84% na sua produção anual, para 668,5 milhões de toneladas. Em relação à área de plantio, antecipa-se que cresça em 2,10%, para 9,0 milhões de hectares. Enquanto a área colhida tem estimativa de 2,08% maior do que a do último ano, de 8,99 milhões de hectares.
Em relação a junho, a expectativa de produção aumentou em 2,3 milhões de toneladas. Já a área plantada e a área colhida apresentaram uma alta na perspectiva de 3 mil e 10,3 mil hectares, respectivamente.
Alexandre Espirito Santo – Economista-Chefe
Eduarda Schmidt – Analista de Macroeconomia
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