Inflação fraca na China alimenta expectativa de novas medidas de estímulos
NESTA MANHÃ
- No Brasil, o mercado aguarda a divulgação do IPCA de junho, que sai amanhã (10), e acompanha as expectativas no Boletim Focus. Lá fora, as bolsas reagem à inflação chinesa fraca, que foi divulgada na madrugada, e também começa a temporada de balanços em NY.
- As bolsas asiáticas fecharam sem direção única, após dados fracos de inflação da China alimentarem expectativas de novas medidas de estímulos. O índice Xangai Composto subiu 0,22%, enquanto o Hang Seng teve alta de 0,62% e o Nikkei recuou 0,61%.
- O índice de preços ao consumidor (CPI) da China se estabilizou na comparação anual de junho, enquanto o de inflação ao produtor (PPI) teve deflação mais acentuada (-5,4%). Ambos ficaram abaixo da expectativa de +0,2% e -5,0%, respectivamente.
- Na Europa, as bolsas operam em leve alta, após dados da inflação chinesa gerarem preocupações sobre demanda, mas também alimentarem expectativas de novas medidas de estímulos. Desse modo, o índice Stoxx Europe 600 avança 0,12%.
- Os futuros dos índices de ações de Wall Street operam sem direção definida.
- O rendimento do T-Notes de 10 anos está em 4,05%.
- Os contratos futuros do Brent recuam 0,71%, a US$ 77,91 o barril.
- O ouro cai 0,09%, a US$ 1923,84 a onça.
- O Bitcoin negocia a US$ 30,3 mil.
AGENDA DO DIA
- 08:25 Brasil: Boletim Focus
- 11:30 EUA: Discurso de Mary Daly, Membro do FOMC
- 12:00 EUA: Discurso de Mester, Membro do FOMC
- 13:00 EUA: Discurso de Bostic, Membro do FOMC
- 16:00 Reino Unido: Pronunciamento de Bailey, Governador do BoE
RESUMO DO FECHAMENTO ANTERIOR
BRASIL
A aprovação da reforma tributária na Câmara dos Deputados reabriu o apetite de investidores pelo mercado brasileiro que estava minado pela pressão de altas de juros no exterior. A percepção é de que o avanço da matéria, discutida há mais de 30 anos, tende a melhorar o risco Brasil, de forma a atrair mais investidores, principalmente estrangeiros.
Nesse cenário, o Ibovespa subiu 1,25%, atingindo a marca de 118.897,99. Na semana acumulou alta de 0,69%, vindo de uma queda de 0,75% na semana anterior. O otimismo vindo do contexto externo e da votação da reforma tributária em Brasília foi suficiente para inverter o pessimismo da sessão anterior e permitir que 80 dos 86 componentes do índice fechassem em alta, com destaque para Pão de Açúcar (+10,15%), Petz (+8,51%) e IRB (+7,45%).
Com a boa notícia e o ambiente externo menos desfavorável após a divulgação do Payroll, as taxas dos juros caíram, invertendo o movimento visto ao longo da semana. Dessa forma, o mercado de juros parece ver o momento como uma oportunidade para retomar posições aplicadas, consideradas a tendência natural da curva diante da perspectiva de início imediato da queda da Selic e melhora do fiscal.
O câmbio acompanhou a maré positiva e fechou em baixa de 1,30%, cotado a R$4,8659. Apesar do alívio, o dólar à vista encerrou a primeira semana de julho com alta de 1,59%. Analistas ponderam que havia espaço para ajustes técnicos e realização de lucros de posições vendidas após a moeda ter caído 5,59% em junho, e o semestre com queda de 9,29%.
EXTERIOR
As bolsas de Nova York fecharam em baixa nesta sexta-feira, após relatório de emprego dos Estados Unidos (payroll) mostrar criação de emprego abaixo do esperado mas com alta nos salários, que não alterou a chance majoritária de alta nos juros do Fed na reunião deste mês. No entanto, diminuiu a probabilidade de mudanças adicionais mais adiante.
O índice Dow Jones fechou em queda de 0,55%, enquanto o S&P 500 recuou 0,29% e o Nasdaq cedeu 0,13%. Na semana, as perdas foram de 1,96%, 1,16% e 0,92%, respectivamente. O payroll chegou a impulsionar as bolsas mais cedo, à medida que fez o dólar cair e valorizou as commodities, apoiando ações relacionadas a esse setor. Foi o caso das petroleiras Chevron e ExxonMobil, que ao fim do pregão subiu 0,86% e 0,25%, na esteira da alta de mais de 2% nos preços do petróleo. O setor de energia foi o que teve melhor desempenho entre os 11 do S&P 500, com alta de 2,06%.
Os rendimentos dos Treasuries operaram sem sinal único, contudo, a inclinação da curva continuou após o relatório de empregos, com os investidores reagindo ao crescimento ligeiramente mais lento do emprego, mas acima das expectativas de ganhos e a uma queda esperada na taxa de desemprego.
A moeda americana intensificou a queda diante de moedas desenvolvidas e passou a recuar ante boa parte das emergentes. As divisas europeias receberam suporte da diferença na perspectiva de juros para os EUA e para a Europa. Nesta manhã, o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, reafirmou que o “trabalho [do BCE] ainda não acabou” e que o nível de persistência do núcleo da inflação deve definir as próximas decisões monetárias na zona do euro. Desse modo, o índice DXY fechou em queda de 0,87%.
INDICADORES ECONÔMICOS NO BRASIL
Os dados de produção de veículos de junho pela Anfavea apontaram uma queda de 7,1% em relação ao mês anterior, com um resultado de 189,2 mil unidades produzidas. Já no acumulado do ano, houve um avanço de 3,7% na comparação com o primeiro semestre de 2022. De acordo com o presidente da Associação, o resultado negativo foi afetado por duas frentes: a paralisação de cinco fábricas no mês de junho e a queda das exportações para Chile e Colômbia em virtude da menor demanda por questões econômicas domésticas.
O resultado abaixo do esperado é ruim frente ao esforço contínuo do governo em subsidiar a indústria, assim, é importante observar os próximos números para avaliar com maior assertividade a situação do setor.
INDICADORES ECONÔMICOS NOS EUA
O payroll, relatório de empregos americano, mostrou que o mercado de trabalho americano está desaquecendo. De acordo com a pesquisa, foram criados no setor não-agrícola 209 mil vagas em relação ao esperado, de 225 mil. Os dados apresentados mostram que a economia americana gerou menos empregos que o esperado, mas o salário subiu acima da estimativa, o que não convence o mercado em relação às apostas numa nova alta de juros na próxima reunião do Fed, porém reduz a chance da faixa avançar mais à frente até o fim do ano.
REFORMA TRIBUTÁRIA
Após três décadas de tentativas frustradas, a Câmara dos Deputados aprovou com folga o texto base da Proposta de Emenda à Constituição que busca racionalizar o sistema tributário do país, o que pode ajudar na melhoria da produtividade da nossa economia ao promover o crescimento econômico, com atração de investimentos, além de dar fim à tradicional guerra fiscal entre entes federativos.
A reforma se baseia na criação do IVA dual, que consiste em unificar PIS, COFINS e IPI, de caráter federal, na CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), além de unificar ICMS estadual e ISS municipal, no IBS (Imposto sobre Bens e Serviços). Para ler o relatório completo acesse aqui.
Em nossa visão, a Reforma Tributária pode ajudar, de fato, no crescimento econômico em médio prazo. Contudo, é preciso avaliar como o setor de serviços, que tem grande peso no PIB, será efetivamente impactado na prática, assim como o agronegócio, que inicialmente foi contra a proposta.
Para os mercados, acreditamos que é um driver positivo, com impactos favoráveis sobre os mercados de risco, dado pairavam dúvidas sobre o desfecho dessa pauta.
POLÍTICA NO BRASIL
A Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que dá ao representante da Fazenda Nacional o voto de desempate no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), última instância de julgamento de questões tributárias na administração federal. A proposta foi aprovada na forma de substitutivo do relator, deputado Beto Pereira (PSDB-MS), e será enviada ao Senado. (Agência Câmara)
Com a aprovação do projeto do Carf na Câmara, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), decidirá quando o texto será analisado na Casa Alta. A decisão deve ser tomada nesta segunda-feira (10), já que a partir da próxima semana os senadores entram em recesso informal. É provável que a análise fique para o 2º semestre, em agosto. (Poder 360)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende discutir nesta semana com o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a escolha do relator da reforma tributária. A expectativa no Palácio do Planalto é de que o assunto comece a ser abordado nesta segunda-feira (10), para que o escolhido inicie imediatamente a análise da proposta aprovada, na quinta-feira (6), pela Câmara dos Deputados. (CNN)
O Congresso Nacional irá entrar em recesso informal nas próximas semanas. A Câmara dos Deputados não tem votações marcadas a partir de hoje (10). Já o Senado terá sessões de plenário semipresenciais durante esta semana. Já a partir da semana de 18 de julho, nenhum projeto importante será pautado no Congresso. Normalmente, de 18 a 31 de julho seria o período de recesso oficial dos deputados e senadores. No entanto, o de 2023 será informal porque os congressistas não votaram a LDO. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu aos congressistas que a lei seja analisada somente depois da aprovação do marco fiscal. A nova regra para as contas públicas ainda precisa ser votada na Câmara. (Poder 360)
PAINEL DE COTAÇÕES
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