O mercado financeiro e as invasões às sedes dos poderes no Distrito Federal

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OS ACONTECIMENTOS DE DOMINGO

Um grupo de radicais invadiu e depredou no domingo (08) os prédios do Congresso Nacional,  Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto em Brasília.

O ataque às sedes dos Três Poderes é sem precedentes e o prejuízo ao patrimônio público ainda não foi calculado. No fim da noite de domingo, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB),  afirmou que 400 pessoas foram presas. Ibaneis ainda exonerou o secretário de Segurança do DF, Anderson Torres.

A reação do governo federal foi decretar intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal que irá durar até 31 de janeiro e terá o comando de uma liderança civil, Ricardo Capelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça. Lula também garantiu que os participantes e financiadores dos atos serão identificados e punidos.

O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Congresso Nacional, e o deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, interromperam as férias e estão retornando à Brasília. Pacheco fez uma convocação extraordinária ao Congresso Nacional para apreciar o decreto de intervenção federal. O ato convocatório suspende, por tempo indeterminado, o recesso parlamentar, que teve início em 23 de dezembro e terminaria em 1º de fevereiro. 

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou o afastamento do governador, Ibaneis Rocha, pelo prazo de 90 dias.

A única manifestação de Bolsonaro foi pelo Twitter. No post, destacou que “depredações e invasões de prédios públicos” não fazem parte do exercício da democracia.

A REAÇÃO INTERNACIONAL

Bloomberg, The Wall Street Journal, Reuters e outros veículos internacionais importantes dão destaque ao que aconteceu no Brasil. 

O tom da mídia estrangeira é de bastante preocupação e as manchetes reforça o fato de serem “apoiadores de Bolsonaro” os responsáveis pelos atos de vandalismo. 

Representantes de organizações internacionais e de nações em todo o mundo emitiram notas condenando os atos antidemocráticos no Brasil e reafirmando a legitimidade da vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Esse reconhecimento internacional é simbólico e importante para o novo governo. 

RELEMBRANDO A INVASÃO DO CAPITÓLIO E OS POSSÍVEIS EFEITOS NO MERCADO

É válido lembrar que quando apoiadores de Donald Trump invadiram o Capitólio no dia 06 de janeiro de 2021, uma quarta-feira, os mercados ignoraram a instabilidade política e subiram no próprio dia 06 e nos pregões seguintes. A “onda azul” no Senado corroborou para um otimismo apesar dos acontecimentos. Esse evento, que foi o maior ataque à democracia americana, terminou com quatro mortos, mais de 50 presos. Foi apenas ali que Trump reconheceu a sua derrota e confirmou uma passagem de poder ordeira no dia 20 de janeiro daquele ano, colocando panos quentes nas tensões.

Na B3, a invasão do Capitólio pesou negativamente e fez o Ibovespa inverter o sinal durante o dia. O índice encerrou a sessão em leve queda de 0,23%, aos 119.100,08 pontos Contudo, no pregão seguinte (07/01/2021), todas as bolsas operaram em forte alta e Dow Jones, S&P 500, Nasdaq e o IBOV fecharam o dia com valorização de 0,69%, 1,48%, 2,56% e 2,76%, respectivamente. Todos os índices bateram recordes de fechamento.

Apesar dos possíveis paralelos que possam ser feitos com os ataques ao Capitólio, a situação do Brasil é diferente, dado que somos um mercado emergente que depende mais de 50% do volume de operações em bolsa do investidor estrangeiro. A percepção de uma instabilidade institucional pode afastar esses investidores. É esperado um pregão volátil e o panorama vai depender da capacidade de resposta do atual governo. Uma preocupação agora é desmobilizar os acampamentos de forma coordenada com a atuação dos governadores.

Os rumos dos mercados nos próximos dias serão definidos pela capacidade das instituições brasileiras de conseguir evitar novos atos de vandalismo, e também não permitir a adesão de categorias importantes, como os caminhoneiros. O restabelecimento da ordem pública com demonstração de controle e coordenação política se mostram mais importantes que nunca.

DIVERSIFICAÇÃO DAS CARTEIRAS CONTINUA SENDO A PALAVRA DE ORDEM

Reforçamos a importância de uma carteira diversificada para momentos de incerteza como o atual. A composição do portfólio com classes de ativos distintas ajuda a proteger o patrimônio do investidor (também temos um texto sobre isso). As nossas estratégias, segmentadas por perfil, podem ser encontradas aqui.

Lorena Laudares |  Mestre em Ciência Política 

(21) 98115-6831 –  lorena.laudares@orama.com.br

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