Bancos – resultados divergentes neste terceiro trimestre

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Bancos – resultados divergentes neste terceiro trimestre

Ao longo da temporada de resultados deste terceiro trimestre, tivemos muitas surpresas, em especial no setor bancário. Bradesco e Santander tiveram desempenho abaixo do esperado; já Itaú, Nubank e Banco do Brasil surpreenderam positivamente. Em paralelo, o mercado reagiu rapidamente, e tivemos repricings importantes nestas ações. Será que vale a pena alterar a sua alocação em bancos depois desta temporada de resultados? É esta pergunta que vamos te ajudar a responder.

Nubank (NUBR33)

O Nubank (NUBR33) reportou um resultado que surpreendeu o mercado, e fez o papel subir quase 16% no pregão seguinte. Na frente de provisões, a companhia surpreendeu o mercado e entregou um aumento da provisão para devedores duvidosos (PDD) de US$ 240 milhões frente aos números dos analistas de US$ 360 milhões. A PDD é um indicador que reflete a perda esperada pelo banco advinda de créditos inadimplentes. Quando a PDD sobe, isso reflete uma expectativa de maior inadimplência por parte dos devedores do banco, reduzindo o lucro do mesmo.

Em paralelo, a inadimplência, que já vinha crescendo, continuou mostrando crescimento. Os créditos com pelo menos 90 dias de atraso aumentaram em 6 pontos percentuais. A carteira de crédito apresentou desaceleração, com um crescimento de 5,2%; bem menor que o crescimento de 15% do trimestre anterior.

Atualmente a empresa opera num P/B de 4,4x. O P/B – price to book – é o principal indicador de preço do setor bancário, resultante da divisão entre o valor de mercado da instituição e o seu valor contábil; o patrimônio líquido. Quanto menor este indicador, mais barata está a ação. Este número de 4,4x é considerado alto, mas no caso do Nubank, se justifica, devido ao alto crescimento em relação aos pares.

O Nubank possui ainda um ROE negativo de -6,7%. O ROE é a lucratividade do banco em relação, novamente, ao seu patrimônio líquido. Neste caso, o ROE é negativo devido ao fato do Nubank estar apresentando prejuízo de forma recorrente. Sobre o investimento nas ações do Nubank, aqui na Órama nós percebemos o preço da ação ainda como não atrativo, e resolvemos ficar neutros em relação à ação, não recomendando compra nem venda.

Santander (SANB11)

Já o Santander (SANB11) teve um resultado pior do que o mercado esperava, e amargou uma perda da ordem de 6% no pregão posterior à divulgação. O banco reportou um lucro líquido de R$ 3,1 bilhões, e um ROE de 15,6%. Este lucro, frustrou as expectativas da média dos analistas do mercado, que esperavam um número mais próximo de R$ 3,7 bilhões.

As despesas com PDD no trimestre atingiram a marca de 6,2 bilhões de Reais, uma alta de 69% na comparação anual. Atualmente a empresa opera num P/B de 1,26x, com o banco negociando na casa dos R$ 104 bilhões de Reais.

A nossa recomendação pras ações do Santander é também neutra – o banco apresenta resultados satisfatórios, e se encontra num preço razoável tendo em vista os números apresentados.

Banco do Brasil (BBAS3)

O Banco do Brasil (BBAS3) teve um excelente resultado neste trimestre. A companhia reportou um lucro líquido de R$ 8,3 bilhões, uma alta de 62,7%, acima das expectativas do mercado. Além disso, vimos a empresa reportar um forte ROE de 21,8%. Este patamar de retorno, acima dos 20%, não é reportado pelo banco em pelo menos 10 anos.

Outro ponto positivo no resultado foi a provisão para devedores duvidosos (PDD). As despesas com PDD aumentaram 15,1% na comparação anual, fechando o trimestre na casa dos R$ 4,5 bilhões. Apesar do aumento, o número foi visto como positivo, visto a deterioração mais acentuada do setor.

Atualmente a empresa opera num P/B de 0,64x. O múltiplo é bastante atrativo, mas não recomendamos a compra das ações do BB neste momento, tendo em vista uma incerteza muito forte acerca de como o banco será operado pelo novo governo federal.

Itaú (ITUB4)

O Itaú (ITUB4) apresentou lucro de R$ 8,079 bilhões no trimestre, em linha com o que era esperado pelo mercado. Assim como o BB, o Itaú também não sofreu muito com aumento de inadimplência. Os créditos com 90 dias de atraso terminaram o trimestre na faixa dos 2,85%, um leve aumento na comparação com os 2,60% do 2T22.

O banco teve um aumento nas despesas com PDD da ordem de 49,8% na comparação anual, fechando o trimestre nos R$ 8,275 bilhões.

No quesito lucratividade, o ROE do Itaú fechou o trimestre em 20,8% – em linha com o esperado. O banco negocia hoje no patamar de 1,4x P/B, o que é um número atrativo para a empresa.

Bradesco (BBDC4)

Por fim, analisamos o resultado do Bradesco (BBDC4). A companhia reportou um lucro líquido de R$ 5,2 bilhões. O número foi 20% abaixo do esperado, decepcionando o mercado. As despesas com PDD chamaram atenção, figurando em R$ 7,3 bilhões de Reais, um aumento expressivo.

Esse alto provisionamento foi um dos principais fatores que fez a empresa reportar o lucro abaixo do esperado. O ROE, portanto, teve um desempenho fraco, fechando o trimestre em 13,5%, 4,6 pontos percentuais abaixo do patamar do 2T22. Atualmente a empresa opera num P/B de 0,95x – um valor bastante inferior à média histórica do banco. Consideramos este patamar de preço bastante atrativo.

Analisando as carteiras de crédito, vemos que o segmento de empréstimos à pessoa física foi o mais deteriorado, que puxou as provisões. Bancos como Bradesco e Santander têm exposição maior às classes C e D, que foram as que mais sofreram com a deterioração no cenário macro brasileiro. Itaú e BB não tiveram resultados parecidos, por não ter esta exposição tão presente nos seus balanços.

No caso do Bradesco, será que o pior já passou, ou a companhia ainda deve enfrentar um cenário macroeconômico conturbado no curto prazo? A nossa visão é que a piora da qualidade do crédito das pessoas físicas e pequenas e médias empresas deve perdurar por mais um ou dois trimestres, conforme afirmou o próprio Lazari, presidente da empresa, em entrevista. Dessa forma, deveríamos ainda observar um alto nível de despesas com provisão e uma baixa rentabilidade para os próximos resultados. Sabemos que o mercado se adianta aos movimentos de melhora macroeconômica, e às vezes, esperar um melhor ponto de entrada pode fazer você ficar de fora de determinada alta.

Atualmente o Bradesco negocia na bolsa na casa dos 0,95x P/B, o que é substancialmente inferior à média histórica, bem como à media de negociação ao longo de 2022. Acreditamos que o potencial de queda para as ações da companhia é pequeno. Vemos para os próximos trimestres um cenário de provisões maiores e uma rentabilidade ainda amassada, e com isso podemos não ver uma alta no curtíssimo prazo. Mas o patamar atual de preço do papel é bastante atrativo e mantemos a nossa recomendação de compra.

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Disclaimer disponível no relatório completo. Acesse o documento clicando no link abaixo.

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