ELEIÇÕES 2022: o resultado do Primeiro Turno

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ELEIÇÕES 2022 

O resultado do Primeiro Turno

O resultado das urnas no domingo (02) colocou Lula em primeiro lugar com 48,43% dos votos (57 milhões de brasileiros). Jair Bolsonaro chega ao segundo turno com 43,2%, ou 51 milhões de votos. 

Como já vínhamos apontando nos Panoramas Políticos, as pesquisas de aprovação do governo indicavam que o piso de Bolsonaro para o primeiro turno estaria em torno de 40%. Essa métrica se mostrava mais estável do que as pesquisas de intenção de voto. Assim, o resultado da eleição não altera nossas projeções ou alocações das Estratégias. 

O que vale ser destacado é a distância entre Lula e Bolsonaro. Na nossa história, nunca houve reversão no segundo turno para presidente, porém a diferença hoje é de  5,23 p.p. ou (6,2 milhões de votos) é a menor para presidente desde a redemocratização. Antes, a distância mais apertada no primeiro turno foi 6,97% justamente em 2006, com Lula com 48,61% e Geraldo Alckmin com 41,64%. Hoje, ambos são parceiros na mesma chapa. Dessa forma, a proximidade entre Lula e Bolsonaro é uma particularidade desta eleição.

Além disso, não podemos ignorar que o bolsonarismo se mostrou forte. Mas mesmo com o sucesso na Câmara e Senado dos candidatos apoiados pelo atual presidente, para 2023 não há uma maioria muito tranquila para nenhum dos lados. Para aprovação de votações de Projetos de Lei, a maioria é simples em cada casa. Para PECs são ⅗ das duas casas em dois turnos. A atual composição implica que pautas extremas tendem a ser evitadas com um equilíbrio tendendo ao centro-liberal, o que para os mercados já significa certo alívio.

O PL terá a maior bancada da Câmara, com 99 deputados eleitos. O aumento foi de 23 congressistas em relação à bancada atual. A coligação “Pelo bem do Brasil” (PL, Republicanos e PP)  somou 187 deputados, sendo 41 pelo Republicanos e 47 do PP. Isso representa 36,45% dos 513 parlamentares da Câmara.

O PT, nessas eleições, formou a federação Brasil da Esperança com PV e PCdoB e conseguiu 80 cadeiras conjuntamente (PT- 68, PV – 6 e PCdoB – 6). Se considerarmos todos os partidos que formaram a coligação com Lula são 122 deputados. SOLIDARIEDADE (4), Federação PSOL REDE (PSOL -12  /REDE – 2),  PSB (14), AGIR (sem deputados), AVANTE (7) PROS (3). Desse modo, ao menos 25,73% dos deputados estariam mais voltados para a esquerda. Se somarmos outros partidos como PDT, que tinha candidato próprio à presidência, o espectro progressista é até maior.

Fonte: Elaboração própria com dados da Câmara dos Deputados e Senado Federal

No Senado, o PL conquistou 8 cadeiras, formando uma bancada de 15 senadores. O segundo maior partido na Casa Alta é o PSD de Gilberto Kassab com 11. O PT passou de 7 para 9 senadores. Os partidos que compõem a aliança de Jair Bolsonaro contarão com 24 senadores (29,63% de 81). As legendas que apoiam Lula terão 12 (14,81% de 81).

Fonte: Elaboração própria com dados da Câmara dos Deputados e Senado Federal

O mercado no day after

Como já vínhamos apontando, a polarização também se refletiria no congresso nacional sem uma vitória esmagadora de qualquer lado. Porém, tender a um equilíbrio mais voltado para o centro-liberal é positivo para os mercados que temem um descontrole fiscal. 

Além disso, a reeleição de Romeu Zema do Novo em Minas Gerais aumenta a expectativa do mercado para a privatização da Cemig (CMIG4 +10.68%), o que ele não conseguiu entregar em seu primeiro mandato.  O Tarcísio de Freitas indo competitivo contra Fernando Haddad (PT) para o segundo turno em São Paulo também anima os investidores da Sabesp (SBSP3: +16.93%).

O que olhar para o segundo turno?

Hoje, continuamos acreditando em um segundo turno, no dia 30 de outubro, com margens apertadas sem um favoritismo claro.. Até lá alguns pontos são importantes de serem acompanhados:

  • Os apoios regionais de governadores já eleitos a Lula ou a Bolsonaro, incentivando a população a votar. 
  • O nível de abstenção tende a subir no segundo turno, especialmente nos estados em que o eleitor teria que sair de casa para votar apenas para presidente. Em 2018, a abstenção no primeiro domingo foi de 20,30% e depois subiu para 21,30%. Essa diferença em números representaria hoje 1,6 MM de pessoas. Em uma eleição que está sendo disputada voto a voto e que o Lula ficou à frente de Bolsonaro por 6,2 MM de pessoas,  esse é um ponto de atenção.
  • Os palanques eleitorais que ainda estão abertos como São Paulo, o maior colégio Eleitoral; 
  • A apresentação de propostas mais concretas para os problemas do Brasil, em especial para a agenda econômica;
  • O desempenho dos candidatos em debates eleitorais, vai ser importante para os eleitores da 3ª via (Ciro Gomes e Simone Tebet, especialmente).

Lorena Laudares |  Mestre em Ciência Política 

(21) 98115-6831 –  lorena.laudares@orama.com.br

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