Via – VIIA3
Via
VAREJO
Quanto vale uma varejista?
Uma das trocas de mãos mais acretivas da bolsa brasileira.
Desde julho de 2019, a Via Varejo opera sob nova direção. Jean-Charles Naouri, da Casino, se desfez da subsidiária, dando lugar para Michel Klein. A família Klein é a fundadora das Casas Bahia, e Michel trouxe de volta para a companhia todo o time de gestão que havia deixado a empresa em 2013. Em paralelo, houveram contratações importantes de fora, com destaque para Helisson Lemos, um dos nomes mais importantes de tecnologia do Mercado Livre. Da Magazine Luiza, Klein trouxe a head de marketing, Ilca Sierra. O novo time teve muito trabalho em deixar a empresa bem preparada para o final do ano em 2019, e coincidentemente acabaram enfrentando uma pandemia. As vendas da companhia subiram 30% e o preço da ação passou por uma volatilidade incrível.
O poder do básico bem feito.
Em poucos meses a nova gestão reviu todo o funcionamento da operação e colocou a companhia para operar no positivo. O relacionamento com os fornecedores foi estreitado, as lojas foram retiradas da situação de sucateamento em que se encontravam, o marketing ficou mais apelativo, toda a estrutura online foi refeita, toda política de gestão de recebíveis foi recalibrada para aumentar a lucratividade, e finalmente, o RH da Via veio com uma pegada de valorização do vendedor que foi bastante especial. A companhia em poucos meses voltou a ser uma varejista tradicional competente. Destaque para o programa Me Chama no Zap, que foi responsável por 20% das vendas durante a pandemia, extremamente bem sucedido e amplamente copiado.
De Via Varejo para apenas Via.
Depois desse processo, a nova gestão vem com um foco muito mais tecnológico, tendo em vista erguer barreiras de entrada, criar ativos que retenham valor nesse ambiente mais digital, e com isso emplacar múltiplos mais altos – afinal de contas, a remuneração variável está bastante presente no top management da empresa.
A Amazon nos EUA não é a mesma Amazon no Brasil
Bezos conseguiu emplacar o número impressionante de 50% do comércio online americano, também em função de ter surfado um timing impecável – trabalhou duro no momento em que o mercado ainda não existia. Essa característica “winner takes all” dos negócios online não é tão pronunciada assim quando você já chega num ambiente competitivo. Em especial, o varejo brasileiro tem questões logísticas sérias, inerentes de países desenvolvidos. O Mercado Livre é um exemplo de empresa que, mesmo dominando o online, teve que fazer investimentos pesados na parte física do negócio para se manter relevante. Por essa razão, não vemos uma Via no futuro sendo dizimada pela concorrência, como está precificado no mercado hoje.
O mercado aposta em varejistas 100% tecnologia e 0% varejo – nós não.
Muito do futuro do Brasil pode ser extrapolado do presente dos países desenvolvidos. Mesmo nos Estados Unidos, a Amazon tem 50% do varejo online, não 100%. Empresas como o Best Buy seguem com um negócio estável e operando com números saudáveis e um pricing consistente. Veja que eu não estou falando de gigantes como o Walmart. Se uma varejista como o Best Buy, com crescimento muito mais limitado do que a Via, consegue se manter em níveis de 0,7x vendas, entendemos que o múltiplo da Via não tem motivo pra ficar abaixo desse patamar. No nosso DCF da Via, mantivemos todas as despesas associadas às iniciativas online, porém somente as receitas vindas dos negócios tradicionais. Mesmo colocando a empresa nesta situação adversa, encontramos um preço alvo de R$ 10,70, um upside de 40% em relação ao preço de tela.
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