Comunicado Copom – Agosto 2022
Comunicado Copom – 248ª reunião
DECISÃO DO COPOM
O Copom do Banco Central (BC) decidiu elevar a Selic para 13,75%. Dessa forma, a alta de hoje, de 0,5 p.p. é a 12ª consecutiva, algo inédito na história do Comitê.
Com o patamar atingido hoje, o país volta a sua maior taxa de juro, desde 2017.
COMENTÁRIOS
De fato, a maior expectativa sobre esse encontro não era a magnitude da elevação em si. O maior receio recaía sobre o comunicado, onde a diretoria do BC normalmente vem fornecendo indicações dos seus próximos passos. Esse nos parece um posicionamento bastante adequado para o cenário desafiador.
Entre a tomada de decisão da alta de juros e seu impacto sobre o dia a dia da economia, existe um interstício temporal. Acreditamos que este verdadeiro choque de juros imposto pelo BC no último ano irá ganhar ainda mais efetividade em breve, com efeito positivo sobre as expectativas inflacionárias.
Nesse sentido, como estamos trabalhando com uma política monetária bastante restritiva (abaixo), concordamos com a avaliação do Comitê. Em seu comunicado, sugere que o atual ciclo de aperto está caminhando para seu desfecho. Ao dizer que “avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião” sugere mais proximamente o fim do ciclo.
Nossa leitura é de que, apesar de deixar a porta entreaberta para nova elevação de 0,25 p.p., a probabilidade maior é que a taxa fique nesses 13,75% por longo tempo. Acreditamos ser prudente e avaliar como esse forte movimento irá afetar a economia. Seus potenciais efeitos desinflacionários, bem como pela ancoragem das expectativas à meta, dentro do horizonte relevante são importantes. Igualmente, não se pode ignorar as consequências sobre o ambiente de negócios de uma taxa de juro real (ex-ante) de 8%, caso o IPCA recue para níveis pouco acima de 5% em 2023, conforme último boletim Focus.
Cabe ressaltar que em anos eleitorais as pressões por maiores gastos são comuns. Exemplo disso é o caso recente da PEC dos Benefícios, o que denota uma fragilidade fiscal que acaba afetando para pior as expectativas. Surge daí o cuidado do Copom com essa temática ser recorrente.
SETOR EXTERNO
Por fim, a reversão da política monetária acomodatícia do FED e do BCE deverá trazer um ambiente recessivo global. Esse movimento é potencialmente desinflacionário para as principais economias. Da mesma forma, pode impactar para baixo os índices de preços de economias emergentes, como a nossa.
Alexandre Espirito Santo – Economista-Chefe
Elisa Andrade – Analista de Macroeconomia