Ata do Copom – Janeiro 2024
ATA DO COPOM – 260ª REUNIÃO
A Ata do Copom veio sem alterações significativas acerca da condução da política monetária, similar ao comunicado, mas com um leve tom hawkish em relação à maior cautela do Comitê em comparação com a reunião de dezembro, principalmente nos tópicos das tensões geopolíticas e da inflação de serviços doméstica, assuntos que já esperávamos que seriam tratados de tal forma.
No exterior, apesar do debate para o início do processo de flexibilização das taxas de juros e recuo dos núcleos de inflação, ressaltou a pressão do mercado de trabalho americano, que segue aquecido. Nesse ponto, relembrou que não há relação mecânica entre a condução da política monetária norte-americana e a definição da Selic, sendo necessário focar nos canais de transmissão da conjuntura externa para a dinâmica da inflação doméstica. Ainda sobre os riscos no quadro internacional, que demandam cautela principalmente dos países emergentes, citou os conflitos geopolíticos e a consequente elevação dos preços de fretes.
Na conjuntura doméstica, manteve a mensagem de necessidade do esforço nos avanços das reformas estruturais, a disciplina fiscal e a estabilização da dívida primária, que são elementos primordiais para a não elevação da taxa de juros neutra da economia, pois caso contrário podem aumentar o custo da desinflação em termos da atividade econômica.
A discussão em torno do mercado de trabalho salientou que o mesmo está aquecido, com rendimentos reais em patamares históricos, apesar da moderação na margem. Contudo, os diretores mantiveram a visão de que se trata de uma questão temporária, sem efeitos deletérios, no momento, sobre a condução da política monetária. No entanto, o tópico continua sendo acompanhado de perto pelo Comitê, em especial seus possíveis impactos na inflação de serviços.
A dinâmica do nível de preços também foi discutida, prosseguindo com sua trajetória positiva. Todavia, alguns aspectos merecem uma análise mais profunda, como o comportamento da inflação de serviços, sobretudo subjacente, nos últimos meses. A respeito das expectativas de desinflação, apontou-se que há um caminho longo para percorrer até que as mesmas estejam ancoradas, exigindo serenidade e moderação na condução da política monetária.
Desse modo, ainda que o cenário exija um pouco mais de cautela do Comitê, não houve mudanças significativas na conjuntura, especialmente no que envolve o hiato do produto, as projeções do Copom, a convergência das expectativas e a dinâmica inflacionária. Assim, a manutenção do ritmo de cortes em 0,50 p.p. pelas próximas reuniões nos parece apropriada para o processo desinflacionário. O cenário traçado pelo Comitê reforça nossa projeção de Selic terminal de 9,50% a.a. no terceiro trimestre de 2024.
Ata do Copom – 260ª reunião
Eduarda Schmidt – Analista de Macroeconomia
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