Anúncio de Nova Política Industrial traz risco fiscal à tona
NESTA MANHÃ
- Hoje, a agenda econômica esvaziada permite que o mercado seja balizado pelo desempenho do exterior, pelo desenrolar das discussões domésticas em torno da Nova Política Industrial e pela recepção dos investidores à entrevista do ministro da Fazenda no Roda Viva.
- As bolsas na Ásia fecharam majoritariamente em alta, após relatos de que a China está preparando um grande pacote para ajudar seus mercados de ações. A exceção foi o índice acionário de Tóquio, que caiu marginalmente após o Banco do Japão mais uma vez deixar sua política monetária inalterada. Dessa forma, o Xangai Composto registrou alta de 0,53%, o Hang Seng subiu 2,6% e o Nikkei caiu 0,08%.
- As bolsas europeias operam em modesta baixa, revertendo os ganhos da abertura, em um pregão sem direção clara à medida que o foco continua sendo a decisão de política monetária do Banco Central Europeu ao fim da semana. Desse modo, o índice Stoxx Europe 600 recua 0,31%.
- Os futuros dos índices de ações de Wall Street sinalizam abertura mista do pregão.
- O rendimento do T-Note de 10 anos está em 4,13%.
- Os contratos futuros do Brent caem 0,30%, a US$ 79,36 o barril.
- O ouro avança 0,27%, a US$ 2.027,15 a onça.
- O Bitcoin negocia a US$ 39,4 mil.
AGENDA DO DIA
- 12:00 EUA: Índice de Manufatura do Fed de Richmond (Jan)
- 12:00 Europa: Prévia do Índice de Confiança do Consumidor (Jan)
RESUMO DO FECHAMENTO ANTERIOR
BRASIL
Ainda descolado do sinal positivo em Nova York e conectado à retomada de incertezas sobre a trajetória fiscal doméstica, principalmente após o lançamento da “nova política industrial”, o Ibovespa fechou em queda de 0,81%, aos 126.601,55 pontos.
Os juros futuros fecharam o dia em alta, com exceção das taxas curtas, que terminaram com viés de baixa. A piora na percepção sobre o cenário fiscal conduziu as taxas de médio e longo prazos até o fim da sessão, fazendo com que a curva doméstica se descolasse do ambiente de otimismo moderado no exterior.
O risco fiscal voltou a impactar o mercado de câmbio. O plano de incentivo à indústria via BNDES reacendeu temores da volta dos incentivos parafiscais e da piora das contas públicas. Assim, o dólar subiu 1,23%, cotado a R$4,9870.
EXTERIOR
As bolsas de Nova York fecharam o dia com ganhos moderados, mas garantindo o recorde de fechamento dos índices Dow Jones (+0,36%) e S&P 500 (+0,22%) pelo segundo pregão consecutivo. Por fim, o Nasdaq subiu 0,32%.
As taxas dos Treasuries de vencimentos de mais curto prazo operaram em alta, enquanto as mais longas cediam, após uma sessão sem catalisadores relevantes e dentro do período de silêncio que antecede as reuniões do Fomc.
O dólar exibiu ganho contido diante do euro, em agenda modesta dos dois lados do Atlântico. Como resultado, o índice DXY fechou em alta de 0,04%, aos 103,331 pontos.
INDICADORES ECONÔMICOS NO BRASIL
De acordo com o Boletim Focus, foram alteradas as projeções dos principais indicadores, sobretudo para 2024:
- IPCA: recuou de 3,87% para 3,86% em 2024
- PIB: subiu de 1,59% para 1,60% em 2024
- Câmbio: recuou de R$4,95 para R$4,92 em 2024 e de R$5,06 para R$5,05 em 2026.
CHINA
A China está estudando um pacote de medidas para ajudar a estabilizar os mercados acionários, que acumularam fortes perdas em pregões recentes. O plano é mobilizar cerca de 2 trilhões de yuans (U$278 bilhões), principalmente das contas externas de estatais chinesas, para comprar ações no mercado doméstico por meio da aliança com a Bolsa de Hong Kong. (Bloomberg)
POLÍTICA NO BRASIL
O presidente Lula sancionou a Lei Orçamentária Anual de 2024 com veto de R$5,6 bilhões em emendas de comissão, mas manteve os R$4,9 bilhões para o Fundo Eleitoral. De acordo com o relator do Orçamento, o corte foi justificado pela ministra do Planejamento por conta do resultado do IPCA, que ficou aquém do esperado. (Poder360)
A reforma tributária sobre a renda que o governo federal vai enviar ao Congresso Nacional até meados de março deve incluir um imposto mínimo efetivo de 15% sobre o lucro de multinacionais que operam no Brasil e deve propor a revogação ou mudanças no uso dos juros sobre capital próprio. (Valor)
O governo federal vai disponibilizar R$300 bilhões em financiamentos destinados à nova política industrial até 2026. De acordo com Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, os R$300 bilhões serão disponibilizados em linhas de crédito específicas, sendo R$271 bilhões na modalidade reembolsável, R$21 bilhões de forma não-reembolsável e R$8 bilhões em recursos por meio do mercado de capitais. (G1)
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a agenda de corte de gastos defendida por especialistas como complementar às medidas arrecadatórias tem que começar pelo “andar de cima” e envolver os três poderes. Haddad disse, em entrevista ao programa “Roda Viva”, que a ministra do Planejamento tem uma “radiografia” do que é possível fazer de corte de gastos primários, além dos tributários, e anunciará neste ano. (Valor)
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