Comunicado Copom – Dezembro 2022
Comunicado Copom – 251ª reunião
DECISÃO DO COPOM
Na oitava e última reunião de 2022, o Copom do Banco Central (BC) decidiu manter a taxa Selic em 13,75% a.a.
A opção pela continuidade da política monetária austera era consenso no mercado. A grande expectativa estava relacionada em como os diretores do BC iriam se manifestar sobre a situação fiscal no comunicado pós-encontro e, mais ainda, na ata da semana que vem.
COMENTÁRIOS
Nas últimas semanas, especialmente depois da eleição de Lula da Silva, os mercados passaram a questionar como será conduzida a política fiscal do novo governo. Já faz bastante tempo que esse tema é enfatizado pelo Comitê em suas comunicações com o mercado, uma vez que uma postura desregrada nesse front tende a impactar para pior o juro neutro e as expectativas de inflação, dentro do horizonte relevante do sistema de metas.
Assim, sem fugir do roteiro dos últimos encontros, o Copom salientou os fatores de risco existentes, domésticos e externos, porém dando significativa ênfase às incertezas em relação à qualidade da política fiscal a ser conduzida a partir de agora, como ao final do 2º parágrafo do documento, onde afirma que “acompanhará com especial atenção os desenvolvimentos futuros da política fiscal e, em particular, seus efeitos nos preços dos ativos e expectativas de inflação, com potenciais impactos sobre a dinâmica da inflação prospectiva”.
Um ponto importante é que ao longo do mês de novembro aumentaram fortemente as apostas de tesourarias em elevação da taxa Selic no início de 2023, já captadas (modestamente) no Boletim Focus. Consideramos, no entanto, prematura essa possibilidade aventada por parte do mercado, embora seja razoável a percepção de que uma frágil regra fiscal, que substitua, via lei complementar, o Teto dos Gastos, traga movimento nessa direção.
De todo modo, nas últimas semanas a projeção do IPCA para 2023 no Boletim Focus vem se elevando. Assim, diante do cenário mais desafiador em relação às metas, alteramos o timing para o início do afrouxamento da atual política restritiva para o último trimestre de 2023 (11,75%), quando a autoridade monetária tiver maior convicção se o risco fiscal está sendo efetivamente mitigado, inclusive com (ou sem) sinalizações de reformas e a ancoragem das expectativas restabelecida.
Comunicado Copom – 251ª reunião
Alexandre Espirito Santo – Economista-Chefe
Eduarda Schmidt – Analista de Macroeconomia